O IV Congresso do Chega aprovou hoje uma moção que permite ao líder, André Ventura, "indicar os candidatos em qualquer ato eleitoral" em que o partido participe, além de poder dissolver os órgãos nacionais.
André Ventura com luz verde para escolher todos os candidatos do partido
No segundo dia de trabalhos do IV Congresso do Chega, que arrancou pouco depois das 11:00, a moção estatutária apresentada por André Ventura foi aprovada com 439 votos a favor, dez abstenções e sem votos contra.
De acordo com uma nova alínea do artigo 23 dos estatutos, compete ao presidente do Chega "indicar os candidatos em qualquer ato eleitoral em que o partido apresente ou apoie candidatura, bem como indicar os mandatários das respetivas candidaturas".
Ventura já podia "decidir, ouvida a Direção Nacional, sobre as listas de candidatos a deputados na Assembleia da República e sobre o apoio formal a qualquer candidatura à Presidência da República", mas agora alarga os seus poderes a todos os candidatos do partido.
Na moção, o líder do Chega alega que a proposta é uma "reprodução dos últimos estatutos aprovados em Congresso" - em referência às mudanças consideradas ilegais pelo Tribunal Constitucional -, sendo aproveitada "a oportunidade para corrigir algumas inconsistências".
André Ventura acrescenta duas alíneas no que se refere à função do presidente do partido, que não constavam em nenhuma das alterações estatutárias que tinham sido previamente autorizadas em Congresso.
Além da escolha dos candidatos, o líder do Chega passa também a "coordenar a atuação política dos órgãos nacionais, regionais e distritais do partido", incluindo "dissolver o órgão ou exonerar o seu titular" em caso de "violação do programa, declaração de princípios ou dos estatutos do partido".
Na apresentação da moção em questão, o secretário-geral do Chega, Tiago Sousa Dias, afirmou que as alterações são "poucas e pequenas", e explicitou que a alteração que permite que André Ventura escolha os candidatos dos partidos não é uma "forma de controlo", mas surgiu devido a uma "série de perguntas sobre a legitimidade" das candidaturas do partido, no seguimento do acórdão do Tribunal Constitucional.
Sousa Dias frisou que é importante o partido esteja "garantido" caso volte a surgir uma dúvida do mesmo tipo e alegou que o artigo em questão fará com que o Chega nunca tenha "qualquer tipo de problema quer na escolha dos candidatos a deputados, a eurodeputados, às autarquias locais ou às regiões autónomas".
"O presidente é eleito por todos os militantes do partido. (...) A expressão dos votos de todos os militantes do partido é a forma máxima, suprema, de democracia no Chega. Não há acima disso e, portanto, não há órgão nacional nenhum que esteja tão sobejamente representando os militantes do partido como o presidente", frisou.
Além da aprovação da moção de André Ventura, foram chumbadas as outras duas moções estatuárias submetidas ao Congresso: uma moção que previa a redução da duração do mandato das distritais para dois anos e outra que propunha que os conselhos de jurisdição distritais pudessem passar a instaurar processos disciplinares.
Os trabalhos do IV Congresso do Chega, que decorre até domingo em Viseu, foram retomados pouco depois das 11:00 de hoje, depois de terem encerrado no primeiro dia cerca das 02:30 da madrugada.
À entrada para o Congresso, André Ventura disse aos jornalistas que pretendia "sair reforçado" da reunião magna do partido.