Debate em síntese. Habitação, higiene, transportes e segurança são pontos quentes em Lisboa
Foto: António Antunes - RTP
O confronto de posições, ao longo do debate, passou pelos temas da habitação, da higiene urbana, dos transportes e da segurança na capital.Alexandra Leitão não quer relacionar a tragédia do elevador da Glória com as intenções de voto, mas Carlos Moedas reconhece que pode ter impacto.
A candidata socialista, Alexandra Leitão, deixou aos eleitores a decisão sobre se desejam "mais quatro anos de uma cidade mais descuidada, mais degradada, mais suja, com habitação mais cara, com trânsito mais caótico, com menos iluminação pública".
Por sua vez, Carlos Moedas quis defender que "a escolha" é entre a obra dos últimos quatro anos, que considera estar "a meio", e uma coligação eleitoral que levará "o Bloco de Esquerda para dentro do executivo".
João Ferreira, da CDU, procurou descartar "a chantagem" de um voto útil que visa conduzir o eleitorado "para o menor de dois males", para acrescentar que a sua é "a equipa mais experimentada das que se apresentam às eleições".
Pelo Chega, Bruno Mascarenhas insistiu na carga contra "o sistema" e propôs-se fazer de Lisboa uma cidade "alternativa" e de "rutura completa".A pontuar o debate, que teve lugar no MUDE - Museu do Design, esteve uma ação de protesto em solidariedade com os membros flotilha hmanitária que a Marinha israelita impediu de chegar a Gaza. Pela 1h00, os candidatos mantinham-se no local por causa desta manifestação.
No domínio da habitação, Moedas reivindicou a entrega de 2.881 chaves, ao passo que Alexandra Leitão acusou o atual presidente da Câmara de "misturar chaves com casas novas".
João Ferreira defendeu, por seu turno, "urbanismo com dimensão ética, social, ecológica" e "via verde para a produção de habitação fora da lógica especulativa". A aliança entre PPM e PTP e o ADN defenderam, como a CDU, um agravamento do IMI para as 48 mil casas devolutas da cidade.
Chega, a Nova Direita e o ADN traçam o retrato de uma capital insegura. Ao que Carlos Moedas responde com a ideia de uma cidade que "é segura", embora reconheça que "alguns crimes aumentaram", para o que prescreve mais agentes da PSP e da Polícia Municipal.
Ossanda Liber, pela Nova Direita, prometeu "sangue novo, novas ideias, sem vícios, sem esquemas" e Adelaide Ferreira, pelo ADN, prometeu "dar voz" aos habitantes da cidade.
Manifestantes impedem saída de candidatos
Luís Mendes defende reforço de meios humanos, formação e videovigilância em toda a cidade
Sobre a segurança o candidato do partido RIR defende o reforço de homens para a Polícia Municipal, através de apoios à habitação, a capacitação da Proteção Civil e a implementação de videovigilância em toda a cidade. Luís Mendes aproveitou a oportunidade para defender a sua proposta "Lisboa Justa", que consiste na criação de um lar em cada Junta de Freguesia para evitar que os idosos se tenham que deslocar da sua área de residência.
Adelaide Ferreira defende "Policiamento de proximidade e videovigilância em zonas de risco"
José Almeida (Volt) defende autonomização da Policia Municipal
O candidato do Volt considera que a dependência da Polícia de Segurança Pública (PSP) "não faz sentido nenhum" e defende a autonomização da Polícia Municipal em Lisboa. Segundo José Almeida, esta medida "resolveria a possibilidade de ter mais efetivos" na Policia Municipal. O candidato do Volt defendeu ainda a descentralização do serviço para diminuir o tempo de resposta.
"A cidade não está segura"
Tomaz Dentinho diz que o desafio de Portugal é integrar os imigrantes
O candidato do PPM/PTP, Tomaz Dentinho, considera que o desafio que Portugal enfrenta atualmente é integrar os seus imigrantes. Sobre a questão da insegurança, defende que é necessário "estancar a causa" da criminalidade que considerou serem os bairros sociais, uma vez que "criam isolamento" e "aumentam o crime".
João Ferreira lamenta que "a receita municipal vá para os mais ricos da cidade"
"Temos de estancar a invasão". Bruno Mascarenhas (CHEGA) culpa imigrantes pela insegurança
O candidato do Chega acusa "os partidos do sistema", nomeadamente PS e PSD, de terem permitido uma invasão de imigrantes na cidade de Lisboa. Bruno Mascarenhas considera que o problema de insegurança se deve à imigração desregulada, sobrelotação de casas, ruídos, máfias que se instalaram na cidade.
Alexandra Leitão diz que a "Polícia Municipal está nos mínimos"
Moedas afirma que Lisboa "é uma cidade segura" mas assume preocupação com aumento da criminalidade
Questionado sobre a questão da segurança na capital, o atual presidente da Câmara afirma que Lisboa "é uma cidade segura" mas ressalva que "há crimes que aumentaram muito nos últimos tempos", como crimes de violações que aumentaram 12%", afirmou o autarca, citando números do Relatório Anual de Segurança Interna (RASI). Carlos Moedas defendeu a necessidade de maior segurança em Lisboa.
Tomaz Dentinho lembra que "o transporte está relacionado com o preço da habitação"
Luís Mendes (RIR) promete aquisição de mais autocarros e reforço da manutenção da frota
O candidato do Reagir, Incluir, Reciclar (RIR) à Câmara de Lisboa promete a aquisição de mais autocarros, criação de mais carreiras, reforço da manutenção da frota que, segundo ele, "está uma vergonha" e reforço das carreiras B. Luís Mendes propõe ainda a criação de um cartão de estacionamento de 60 minutos gratuítos para todos os residentes da cidade.
Volt quer transporte público como "uma bandeira importante para a cidade"
Adelaide Ferreira (ADN) defende ligação efetiva de horários entre Carris, Metro e CP
A candidata do ADN, Adelaide Ferreira, defende a expansão do metro e uma ligação efetiva de horários entre Carris, Metro e CP, com caráter de urgência, para que os lisboetas privilegiem os transportes públicos como meio de transportes.
Chega acusa Carlos Moedas ter ter feito "ciclovias que não têm qualquer sentido"
"É muito insuficiente". CDU quer duplicar investimento na Carris em quatro anos
O candidato da CDU considera que o investimento feito na Carris é "muito baixo" e "insuficiente"para a sua missão. João Ferreira acredita que é possível duplicar o investimento feito nos próximos quatro anos.
Moedas considera que "há duas filosofias muito diferentes, os lisboetas têm de escolher"
Alexandra Leitão defende programa de requalificação dos bairros sociais e investimento nos transportes públicos
A líder da Coligação "Viver Lisboa" (PS, Livre, BE, PAN) defende que é necessário fazer um grande programa de requalificação dos bairros sociais que "a Câmara deixou ao abandono". Sobre a mobilidade, Alexandra Leitão defende um investimento nos transportes públicos, nomeadamente através do aumento de faixas bus e de horários alargados.
"Tem provocado angústia aos lisboetas". Ossanda promete proteger propriedade privada
Numa "pequena observação" a candidata da Nova Direita denuncia a tentativa de partidos de direita e esquerda de "pôr a mão na propriedade privada". Ossanda Líber promete proteger e reverter "por humanidade e justiça" a expropriação pela autaqeuia para a construção de uma mesquita, apontando o dedo ao Partido Socialista de Alexandra Leitão.
PPM/PTP admite que é importante descer os impostos e criar um mercado municipal
"Temos de ir buscar o dinheiro a algum lado". Adelaide Ferreira quer terrenos do aeroporto para habitação
Candidato do Volt defende construção de habitação pública e barragem do alojamento local e turístico
José Almeida defende que a Câmara de Lisboa deve posicionar-se na construção de habitação. O candidato do Volt destaca que "habitação pública aqui não é habitação pública social é habitação social pública pura e dura para qualquer estrato social que deseje ter uma habitação ou arrendar uma habitação a um preço acessível". José Almeida defende também a barragem de alojamento local e turístico.
Durante o debate registaram-se alguns momentos tensos
"É o maior ataque à propriedade privada". Chega acusa a CDU de ter em cima da mesa uma proposta perigosa
Candidato da CDU pede um urbanismo com uma "dimensão ética"
Habitação. Alexandra Leitão acusa Moedas de não ter conseguido "mobilizar privados"
Moedas quer construir mais de "cinco mil casas" nos próximos 8 ou 9 anos
"Caminhar por Lisboa é um perigo". Adelaide Ferreira denuncia falta de costumes de higiene
A candidata da ADN denuncia uma gentifricação na cidade de Lisboa que trouxe para a capital "uma diversidade de culturas que não tem os nossos costumes (de higiene) que nós temos". "Caminhar por Lisboa é um perigo", declara a candidata. Adelaide Ferreira defende a centralização como uma solução para a higiene urbana.
Manifestantes aproveitam debate de candidatos a Lisboa para apoiar flotilha
Os manifestantes bateram ainda tambores, sendo que o protesto se ouviu no debate. Lisboa e Porto não foram as únicas cidades em que os manifestantes saíram à rua pela Palestina e contra o Estado de Israel. Os protestos marcaram o dia em várias cidades de todo o mundo.
Tomaz Dentinho defende um estudo para o lixo na capital
Ossanda não abdica das "casas de banho" na capital
"Lisboa está suja". Luís Mendes defende "uma nova gestão" da higiene urbana
O candidato do partido Reagir Incluir Reciclar (RIR) começa a sua intervenção observando que "Lisboa está suja" a questionar o autarca Carlos Moedas. Para resolver o problema, Luís Mendes defende uma "nova gestão" da higiene urbana, nomeadamente através de um Conselho de Estado local.
Higiene de Lisboa. João Ferreira acusa Moedas de falta de ação e de "chantagem orçamental"
A propósito da higiene urbana o candidato da CDU defende que a "Câmara deve recuperar uma capacidade intervenção articulada". João Ferreira observa que Carlos Moedas não apresentou nenhuma proposta relativa à recolha de lixo e acusa o atual presidente de fazer "chantagem orçamental".
"Medida peregrina". Chega acusa Moedas de "má gestão" na higiene urbana
O candidato do Chega acusa Carlos Moedas de "má gestão" na higiene urbana. Bruno Mascarenhas considera que a centralização da higiente é uma "medida peregrina".
Moedas diz que não foi possível fazer mais pela higiene de Lisboa
O atual presidente da Câmara de Lisboa afirma que "não foi possível fazer mais" pela higiene da capital devido ao facto de ter governado em minoria.
Limpeza de Lisboa. Leitão defende que "descentralização é uma decisão certa"
A lider da Coligação "Viver Lisboa" (PS, Livre, BE, PAN) aponta a higiene como um dos grandes problemas da cidade de Lisboa. Alexandra Leitão considera que a culpa é da "má gestão" do atual presidente e defende "a descentralização é uma decisão certa".
Luís Mendes quer uma cidade para os lisboetas
Ossanda Líber acredita que os lisboetas querem "sangue novo, sem esquemas"
José Almeida diz que os partidos estão "distantes do cidadão comum"
Adelaide Ferreira quer ser "a voz do povo"
Tomaz Dentinho admite que PPM/PTP está longe de eleger um vereador
O candidato do PPM/PTP admite que o seu partido está "muito longe" de conseguir eleger um vereador apesar de considerar que esse é o seu objetivo mínimo.
Bruno Mascarenhas apresenta Chega como "alternativa" para Lisboa
Sobre a hipótese de eleger dois vereadores, o candidato do Chega destaca o apoio dos portugueses nas ruas e afirma que pretende discutir "proposta a proposta" tudo o que é bom para a cidade".
João Ferreira observa que sondagens têm mudado num sentido positivo
O candidato da CDU, João Ferreira, declara que as sondagens têm mudado num sentido positivo. Questionado sobre o eventual arrependimento por não integrar a coligação de esquerda, Ferreira considera que a CDU tem uma visão para a cidade, com "a equipa mais experimentada" que vai a eleições.
Sondagem Católica. Alexandra Leitão desvaloriza vantagem
A líder da Coligação "Viver Lisboa" (PS, Livre, BE, PAN), Alexandra Leitão, desvalorizou a ligeira vantagem apontada na sondagem da Católica para a RTP, Antena 1 e Público.
Moedas arranca o debate. "Ninguém ficou igual depois da tragédia"
Carlos Moedas arranca o debate entre os nove candidatos à Câmara de Lisboa. Questionado sobre a penalização da tragédia no elevador da Glória na sondagem da Católica, o atual presidente da Câmara afirma que "ninguém ficou igual depois da tragédia no elevador da Glória".
Lisboa. Sondagem aponta empate técnico entre Alexandra Leitão e Carlos Moedas
A diferença é mínima e traduz-se num empate técnico por se encontrar dentro da margem de erro. A hipótese de uma maioria absoluta parece estar, assim, afastada na Câmara da capital.
O Chega surge como terceira força política (12%) e a CDU como quarta (8%). A quinta força política nesta sondagem é a “Democrática Aliança - Coligação PPM/PTP”. “Este é um resultado que causa surpresa e merece ser destacado”, lê-se no relatório, que ressalva que pode ser consequência de um engano dos participantes que fizeram confusão entre “Democrática Aliança” e “Aliança Democrática”.
Caso tenha sido engano, o CESOP- Católica diz que “a ordem dos lugares cimeiros desta sondagem será a inversa”, uma vez que a maioria destes eleitores votou AD nas legislativas.
“Em qualquer dos casos o resultado desta sondagem (empate entre Leitão e Moedas) mantém-se”, sublinha o relatório.
A distribuição de intenções de voto desta sondagem levaria a que as coligações “Viver Lisboa” e “Por ti, Lisboa” obtivessem entre seis a oito mandatos. O Chega elegeria dois vereadores e a CDU ficaria muito provavelmente com um, com a possibilidade de chegar a dois.
Quando questionados sobre quem acham que vai ganhar a corrida à Câmara de Lisboa, os entrevistados não são tão indecisos e a maioria (51%) concorda que será Carlos Moedas. Apenas 19% votou em Alexandra Leitão.
Inquiridos dão nota “suficiente” a Moedas
A maioria dos inquiridos nesta sondagem (42%) avaliou este último mandato de Carlos Moedas na Câmara de Lisboa como “suficiente”. Vinte e dois por cento avaliaram como “mau”, 19% como “bom” e apenas dois por cento como “muito bom”.
Os resultados permitem concluir que eleitores com intenção de voto na coligação liderada pelo PS e eleitores que tencionam votar CDU manifestam avaliação média claramente negativa relativamente ao mandato de Moedas.
“Eleitores que tencionam votar na coligação liderada pelo PSD têm uma avaliação média idêntica à avaliação média dos eleitores da Democrática Aliança, o que reforça a hipótese de engano dos inquiridos”, sublinha o relatório.
Em relação à atuação do presidente da Câmara de Lisboa no caso do acidente com o elevador da Glória, os inquiridos mostram-se divididos: 33% considera que Carlos Moedas “esteve bem” e 32% que “esteve mal”. Dezasseis por cento consideram que Moedas esteve “muito mal” e apenas 4% considera que esteve “muito bem”.
Por sua vez, questionados sobre a atuação de Alexandra Leitão neste mesmo caso, a maioria (36%) disse não saber responder e 27% respondeu que “esteve bem”.
A sondagem também questionou os lisboetas sobre quais os principais problemas da cidade. Sem surpresas, 70% dos entrevistados indicam que a habitação é o principal problema de Lisboa.
A higiene urbana destaca-se como o segundo problema mais vezes referido, seguindo-se a imigração, a saúde e a mobilidade.
Ficha Técnica
Este inquérito foi realizado pelo CESOP–Universidade Católica Portuguesa para a RTP, Antena 1 e Público nos dias 27, 28 e 29 de setembro de 2025. O universo alvo é composto pelos eleitores residentes e recenseados no concelho de Lisboa. Foram selecionadas seis freguesias do concelho de modo a que as médias dos resultados eleitorais das eleições autárquicas de 2013, 2017 e 2021 nesse conjunto de freguesias (ponderado o número de inquéritos a realizar em cada uma) estivessem a menos de 1 ponto percentual dos resultados ao nível do concelho de cada uma das cinco listas mais votadas. Os domicílios em cada freguesia foram selecionados por caminho aleatório e foi inquirido em cada domicílio o próximo aniversariante recenseado eleitoralmente no concelho. Os inquiridos foram informados do objetivo do estudo e demonstraram vontade de participar. Foram obtidos 1066 inquéritos válidos, sendo 57% dos inquiridos mulheres. Todos os resultados obtidos foram depois ponderados de acordo com a distribuição da população por sexo, escalões etários, freguesia e voto nas legislativas 2025. A taxa de resposta foi de 32%. A margem de erro máximo associado a uma amostra aleatória de 1066 inquiridos é de 2,9%, com um nível de confiança de 95%.