BE. “Não se pode repetir” o acordo da geringonça de há três anos, diz Francisco Louçã

por RTP
Rodrigo Antunes - Lusa

O antigo líder do Bloco de Esquerda considerou que o acordo firmado entre o partido e o PS para apoiar o Governo há três anos não é passível de ser reeditado nos moldes de há três anos. “Tem de haver outro e muito melhor”, defende Francisco Louçã, lembrando que o contrato da “geringonça” visava tirar a direita do poder.

À entrada para a XI Convenção Nacional do Bloco de Esquerda, Louçã alerta que neste momento o trabalho do partido e de um eventual acordo de Governo deve ser o de responder às questões do país. Agora, “já não é para correr com a direita” e a atuação deve ser no sentido de responder aos portugueses como se vai responder às necessidades do país, em temas como a Saúde ou a Educação.

"O modelo do contrato que foi feito há três anos... não se pode repetir. Tem de haver outro, e muito melhor, para responder muito melhor a problemas mais importantes do país. Há três anos, tratava-se de impedir que PSD e CDS continuassem a empobrecer Portugal", lembrou o antigo líder do BE.

Louçã disse que "o BE fez muitíssimo bem em responder aos seus eleitores e ao país dizendo `parou, virou a página` e `agora recuperam-se salários e pensões e as pessoas são respeitadas`", referindo-se ao acordo celebrado há precisamente três anos, no parlamento.

Questionado sobre se a solução de um acordo de incidência parlamentar como o que ainda vigora com o Partido Socialista para o Governo é já insuficiente, Francisco Louçã considera que não lhe competia a ele responder e remeteu uma posição para os trabalhos na convenção deste fim de semana.

“Não se pode negociar um próximo Governo como se tratou o Orçamento do Estado deste ano. Não é às duas da manhã da véspera do dia que aprova o Orçamento no Conselho de Estado que se decide como se vai governar. É preciso trabalhar em profundidade”, defendeu Louçã, que considerou que se o BE mostrar quer fazer esse trabalho de fundo, então “merece o voto dos portugueses”.

"Daqui a um ano não é para correr com a direita que se vai votar. Vota-se para responder aos problemas de fundo do país. Continuamos a ser um país pobre: com muitos precários, em que os idosos - mais de um milhão - têm pensões abaixo dos 400 euros. Há muita pobreza e sofrimento no país, que é um dos mais desiguais da Europa se não o mais desigual", continuou,

O antigo líder bloquista disse ainda concordar com a proposta de Catarina Martins para referendar internamente compromissos, por exemplo, com outros partidos.
“Mais preparado para disputar o poder”
Francisco Louçã elogiou o trabalho do Bloco de Esquerda nos últimos dois anos, classificando-o de “extraordinário”, o que permite ao partido estar “muito mais preparado para disputar o poder”.

Para o bloquista, o “Bloco tem de se virar para o país” e definir claramente as alternativas práticas e concretas sobre o que se propõe fazer.

“2019 é um ano muito importante”, assegura, dizendo que isso não deriva apenas do facto de ser um ano de eleições, mas também por todo o trabalho que é necessário fazer para definir o que tem a propor aos portugueses.
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