Política
Carrapatoso prefere "corte de despesa" a mais impostos
O compromisso do líder do PSD para com uma política fiscal que privilegie aumentos de impostos sobre o consumo, de forma a evitar “cortes salariais ou das pensões”, é mal recebido pelo coordenador geral do movimento “Mais Sociedade”, de iniciativa social-democrata. António Carrapatoso considera que um futuro governo terá de começar pelo “corte de despesa” e vê como inevitável a redução de salários e apoios sociais.
Prosseguir um caminho de agravamento da carga fiscal “seria contraproducente”. Até porque “estamos perto do limite”. É esta a reação de António Carrapatoso ao “compromisso expresso” assumido na quinta-feira pelo presidente do PSD. Em Bruxelas, onde participou numa reunião cimeira do Partido Popular Europeu, Pedro Passos Coelho garantiu que, “a haver algum ajustamento, será mais por via dos impostos sobre o consumo do que do rendimento das pessoas através dos impostos, ou através de cortes salariais”.
O coordenador geral do movimento “Mais Sociedade”, que se apresenta como uma iniciativa da sociedade civil resultante de um repto de Passos Coelho, preferia que a direção social-democrata tivesse começado por falar de cortes na despesa do Estado. Por outro lado, António Carrapatoso entende que é inevitável “reduzir salários e apoios sociais”, que equivalem agora a 34 por cento do Produto Interno Bruto (PIB). Para o presidente executivo da Vodafone Portugal, este peso deve cair para 29 ou mesmo 27 por cento do PIB. Isto se o país quiser alcançar os objetivos comunicados às instâncias europeias.
António Carrapatoso não exclui “uma subida de impostos de um ou dois por cento”. Mas só “em último caso”. O gestor reconhece, ainda assim, que o abate nos salários e nos apoios sociais será “um processo duro”. “Não tenho dúvidas de que o nível de vida dos portugueses vai baixar nos próximos tempos”, vaticinou.
“A ideia é abrir o leque”
O movimento “Mais Sociedade” prepara-se agora para estugar o passo nos seus trabalhos. O objetivo é apresentar um relatório antes da campanha eleitoral, caso o Presidente da República marque legislativas antecipadas para junho. A iniciativa, explicou António Carrapatoso aos jornalistas, “não é um mero instrumento do programa eleitoral” dos sociais-democratas. “Quem participa não tem de ser do PSD. A ideia é abrir o leque”, sublinhou o coordenador do movimento. Para logo acrescentar: “Eu próprio posso considerar-me de centro-esquerda”.
São oito as áreas temáticas que vão ocupar os trabalhos do movimento “Mais Sociedade”, segundo a agência Lusa: “Uma sociedade mais próspera”; “com mais igualdade e solidária”; “com melhor justiça”, “mais segura”; “mais aberta e cosmopolita”; “mais sustentável”; “com uma cultura renovada”; “mais democrática”.
Durante o mês de abril, caberá aos coordenadores das diferentes áreas temáticas agilizar a produção de textos. A iniciativa conhece o seu início oficial a 2 de abril com um evento no Porto. João Lobo Antunes, Manuel Villaverde Cabral, Vítor Bento e Rui Ramos serão os principais oradores. O líder do PSD fecha o encontro, do qual irá resultar “um texto provocatório”. Seguir-se-ão apelos ao envio de propostas dos interessados por escrito ou por meio da publicação de vídeos no YouTube.
As conclusões do movimento serão apresentadas num último encontro em Lisboa. “Estou convencido de que vamos a tempo para fazer um trabalho de qualidade”, frisou António Carrapatoso.
Críticas à direita e à esquerda
As palavras de Passos Coelho, que haviam sido antecedidas de declarações semelhantes do secretário-geral do PSD, Miguel Relvas, deram ontem azo a uma barragem de intervenções em tom de pré-campanha por parte do aparelho socialista. Mas suscitaram também as críticas da liderança do CDS-PP. No Parlamento, Paulo Portas dirigiu-se à bancada social-democrata para afirmar que “subir impostos é aumentar a recessão”.
Mais tarde, o Bloco de Esquerda anteciparia o conteúdo de um “PEC V” com a assinatura de Passos Coelho. Um programa, disse o deputado João Semedo, que comportará “inevitavelmente o aumento dos impostos sobre o consumo”: “Não se trata de aumentar o imposto sobre os rendimentos, sobre as grandes fortunas, sobre as grandes empresas, sobre as mais-valias da bolsa e sobre a própria banca”.
“No seu livro, Pedro Passos Coelho dizia exatamente o contrário, que se governasse aumentaria os impostos sobre os rendimentos e não sobre o consumo”, assinalou o deputado bloquista. Que quis ainda “lembrar ao PS que do PEC I ao PEC IV fez exatamente o que hoje critica ao PSD: aumentar os impostos sobre o consumo”.
Foram várias as vozes da cúpula do PS que se apressaram a procurar munições políticas nas declarações do presidente do PSD. O ministro da Defesa, Augusto Santos Silva, considerou que ficou “mais clara” a “sede de poder” dos sociais-democratas, ao passo que o ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, disse ter recebido a “notícia” com “surpresa e espanto”. O líder parlamentar socialista, Francisco Assis, foi ainda mais longe, ao falar de uma proposta “injusta” que indicia o “amadorismo” da direção laranja.
O próprio José Sócrates confessou esta sexta-feira a sua “impaciência” para reagir às posições do PSD. No termo do Conselho Europeu, o primeiro-ministro demissionário remeteu mais declarações para o regresso a Portugal: “Logo que regressar, tenho muito a dizer a propósito da Oposição”.
O coordenador geral do movimento “Mais Sociedade”, que se apresenta como uma iniciativa da sociedade civil resultante de um repto de Passos Coelho, preferia que a direção social-democrata tivesse começado por falar de cortes na despesa do Estado. Por outro lado, António Carrapatoso entende que é inevitável “reduzir salários e apoios sociais”, que equivalem agora a 34 por cento do Produto Interno Bruto (PIB). Para o presidente executivo da Vodafone Portugal, este peso deve cair para 29 ou mesmo 27 por cento do PIB. Isto se o país quiser alcançar os objetivos comunicados às instâncias europeias.
António Carrapatoso não exclui “uma subida de impostos de um ou dois por cento”. Mas só “em último caso”. O gestor reconhece, ainda assim, que o abate nos salários e nos apoios sociais será “um processo duro”. “Não tenho dúvidas de que o nível de vida dos portugueses vai baixar nos próximos tempos”, vaticinou.
“A ideia é abrir o leque”
O movimento “Mais Sociedade” prepara-se agora para estugar o passo nos seus trabalhos. O objetivo é apresentar um relatório antes da campanha eleitoral, caso o Presidente da República marque legislativas antecipadas para junho. A iniciativa, explicou António Carrapatoso aos jornalistas, “não é um mero instrumento do programa eleitoral” dos sociais-democratas. “Quem participa não tem de ser do PSD. A ideia é abrir o leque”, sublinhou o coordenador do movimento. Para logo acrescentar: “Eu próprio posso considerar-me de centro-esquerda”.
São oito as áreas temáticas que vão ocupar os trabalhos do movimento “Mais Sociedade”, segundo a agência Lusa: “Uma sociedade mais próspera”; “com mais igualdade e solidária”; “com melhor justiça”, “mais segura”; “mais aberta e cosmopolita”; “mais sustentável”; “com uma cultura renovada”; “mais democrática”.
Durante o mês de abril, caberá aos coordenadores das diferentes áreas temáticas agilizar a produção de textos. A iniciativa conhece o seu início oficial a 2 de abril com um evento no Porto. João Lobo Antunes, Manuel Villaverde Cabral, Vítor Bento e Rui Ramos serão os principais oradores. O líder do PSD fecha o encontro, do qual irá resultar “um texto provocatório”. Seguir-se-ão apelos ao envio de propostas dos interessados por escrito ou por meio da publicação de vídeos no YouTube.
As conclusões do movimento serão apresentadas num último encontro em Lisboa. “Estou convencido de que vamos a tempo para fazer um trabalho de qualidade”, frisou António Carrapatoso.
Críticas à direita e à esquerda
As palavras de Passos Coelho, que haviam sido antecedidas de declarações semelhantes do secretário-geral do PSD, Miguel Relvas, deram ontem azo a uma barragem de intervenções em tom de pré-campanha por parte do aparelho socialista. Mas suscitaram também as críticas da liderança do CDS-PP. No Parlamento, Paulo Portas dirigiu-se à bancada social-democrata para afirmar que “subir impostos é aumentar a recessão”.
Mais tarde, o Bloco de Esquerda anteciparia o conteúdo de um “PEC V” com a assinatura de Passos Coelho. Um programa, disse o deputado João Semedo, que comportará “inevitavelmente o aumento dos impostos sobre o consumo”: “Não se trata de aumentar o imposto sobre os rendimentos, sobre as grandes fortunas, sobre as grandes empresas, sobre as mais-valias da bolsa e sobre a própria banca”.
“No seu livro, Pedro Passos Coelho dizia exatamente o contrário, que se governasse aumentaria os impostos sobre os rendimentos e não sobre o consumo”, assinalou o deputado bloquista. Que quis ainda “lembrar ao PS que do PEC I ao PEC IV fez exatamente o que hoje critica ao PSD: aumentar os impostos sobre o consumo”.
Foram várias as vozes da cúpula do PS que se apressaram a procurar munições políticas nas declarações do presidente do PSD. O ministro da Defesa, Augusto Santos Silva, considerou que ficou “mais clara” a “sede de poder” dos sociais-democratas, ao passo que o ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, disse ter recebido a “notícia” com “surpresa e espanto”. O líder parlamentar socialista, Francisco Assis, foi ainda mais longe, ao falar de uma proposta “injusta” que indicia o “amadorismo” da direção laranja.
O próprio José Sócrates confessou esta sexta-feira a sua “impaciência” para reagir às posições do PSD. No termo do Conselho Europeu, o primeiro-ministro demissionário remeteu mais declarações para o regresso a Portugal: “Logo que regressar, tenho muito a dizer a propósito da Oposição”.