Catarina Martins diz que Conselho de Estado "não deve ser instrumentalizado"

A candidata presidencial Catarina Martins defendeu hoje que o Conselho de Estado "não deve ser instrumentalizado" durante a campanha eleitoral, reagindo à decisão do Presidente da República de marcar uma reunião deste órgão consultivo para 9 de janeiro.

Lusa /

"Acho que não devia haver nenhuma mistura entre a campanha e o Conselho de Estado. E, portanto, o Governo tinha que ter tido outro tempo, o Presidente da República tinha que ter tido outro tempo e quem é candidato, naturalmente, tem que ter também, acho eu, a reserva necessária para não confundir as coisas", disse Catarina Martins.

A candidata presidencial, apoiada pelo Bloco de Esquerda (BE), falava aos jornalistas à margem de um lanche convívio com a população num café em Mamodeiro, Aveiro.

Questionada sobre a decisão de Marcelo Rebelo de Sousa de marcar para 9 de janeiro, a dez dias das eleições presidenciais, uma reunião do Conselho de Estado sobre a situação internacional, em particular da Ucrânia, Catarina Martins defendeu que este órgão político de consulta do Presidente "não deve ser instrumentalizado em alturas de campanha eleitoral".

A candidata presidencial acrescentou que o Governo "também não deve tomar decisões sem ouvir o Presidente nem o Conselho de Estado quando lhe apetece", concluindo que "nem os tempos dos anúncios do Governo, nem o tempo do Presidente da República são aqueles" de que o país precisava.

Catarina Martins relativizou, no entanto, esta questão, considerando que "é lateral", e apelou a uma campanha eleitoral para a Presidência da República focada nas "crises concretas que o país atravessa, porque as populações precisam de resposta".

"Em Portugal, as pessoas organizam-se para dar o melhor de si a este país e precisam que quem se candidata a Presidente da República as ouça mais do que passar a vida a falar destes casos, que tendo a sua importância, sendo certo que os tempos não são aqueles que gostaríamos, que eram mais corretos, na verdade, não dizem nada ao povo em Portugal", observou.

A candidata presidencial destacou o exemplo da população de Mamodeiro, que se juntou para impedir o fecho da extensão de saúde local, por falta de médico de família.

"A extensão de saúde não fechou e veio um médico de família para aqui. Isto é muito importante porque nos mostra como quando as populações se juntam e lutam fazem a diferença. Isto é gente de coragem. É gente de coragem que esteve na luta e eu também estive cá", referiu.

A eurodeputada e antiga líder do BE acusou ainda o Governo de não dar resposta aos problemas das populações, nomeadamente da saúde, e de "andar a tratar da vida dos seus", dando como exemplo o caso de Cristina Vaz Tomé, ex-secretária de Estado da Gestão da Saúde que foi designada como presidente do Metropolitano de Lisboa.

"Não fez nada quando lá estava e agora foi premiada em trabalhar para o Metropolitano de Lisboa a ganhar mais do que ganhava a anterior administração. Isto é uma pouca-vergonha, porque enquanto as pessoas estão desesperadas por ter uma resposta à saúde, o Governo foi incapaz de lhes dar a resposta à saúde e anda a tratar da vida dos seus", atirou.

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