Cavaco Silva aponta nervosismo nos corredores do Parlamento

por RTP
Cavaco Silva apela a entendimento para debate do Programa de Estabilidade e Crescimento Paulo Novais, Lusa

“Há nervosismo a mais na Assembleia da República e nos edifícios limítrofes”, afirmou o Presidente da República em entrevista ao semanário “Expresso”. Cavaco Silva recusa a existência de crises políticas e lembra que representariam elevados custos para Portugal. O Chefe de Estado acredita que a racionalidade dos mercados vingará a curto prazo.

"A avaliação das agências de rating em relação a Portugal está profundamente errada, é injusta e sem fundamento", sublinhou o Presidente da República durante uma entrevista, concedida após a reunião de quarta-feira, e em que tentou passar várias mensagens de confiança.

O Chefe de Estado defende que as economias gregas e portuguesa não podem ser comparadas. "Os nossos indicadores objectivos são muito diferentes - e melhores. Portugal foi sempre um país cumpridor", disse.

Recorre à sua experiência como economista, professor universitário e ex-primeiro-ministro para afirmar que "os mercado tentam encontrar um alvo para realizar ganhos (...) Essa é uma situação condenável, mas é uma realidade que os países não conseguem contrariar". Por isso, Cavaco Silva veio a público lembrar que Espanha, Irlanda, Inglaterra e Alemanha apresentam um défice superior ao português.

Elogiando a actuação do ministro das Finanças entende que os partidos demonstram "uma vontade séria de cooperar" e pede "uma análise objectiva dos indicadores para separar o trigo do joio e para Portugal ficar do lado do trigo".

O Chefe de Estado afirma ter "muito respeito" por Teixeira dos Santos e diz confiar "na sua capacidade para analisa a actual situação complexa nos mercados internacionais".

"Sou um homem de esperança, não posso deixar de o ser", afirmou Cavaco Silva depois de manifestar confiança na recuperação dos mercados a curto prazo.

As partes que integram o Conselho de Estado transmitiram sinais de “bom senso” ao Presidente da República. "Todos os partidos e forças políticas revelaram naquilo que disseram estar conhecedores das dificuldades do país, o que não quer dizer que todos tenham as mesmas soluções", disse Cavaco Silva, durante uma entrevista concedida ao semanário "Expresso" após o Conselho de Estado.

O Presidente da República deixa, contudo, recados para o mercado e para as forças políticas. Apesar de sublinhar a garantia da aprovação do Orçamento de Estado ainda antes de este ser apresentado, Cavaco Silva entende defende "que aqueles que criaram condições para aprovar o Orçamento também estejam envolvidos no debate do Programa de Estabilidade e Crescimento".

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