Centenário de Mário Soares. "Era um homem que gostava de divergência"
Terminou a sessão solene
"Mário Soares esteve e marcou tudo o que foi decisivo em Portugal", diz Marcelo
O presidente da República destacou quatro qualidades de Soares: “a paixão pela política como obrigação cívica e entrega total desde a adolescência até ao fim da sua vida, a coragem física e psíquica ilimitada, visão antecipadora do futuro, o poder sedutor de mobilizar nas ruas como na revolução e de aproximar o poder das pessoas como na Presidência da República”.
“Portugal, que não esquece os maiores e os melhores de cada tempo, não esqueceu, não esquece e nunca esquecerá Mário Soares”, concluiu, sendo aplaudido de pé pelas bancadas do PSD e do PS.
Presidente da Assembleia da República diz que Soares "não foi fixe", "é fixe" e não é uma "figura histórica"
José Pedro Aguiar-Branco diz que Soares não é uma figura histórica. "é bem presente, está presente em tudo o que fazemos". O presidente da Assembleia revelou que há umas semanas foi iniciado o processo para ter pronto em 2025 um busto de Mário Soares na Assembleia da República. O presidente da Assembleia da República afirmou que o antigo chefe de Estado Mário Soares é figura do presente, antecipou as respostas ao populismo e polarização política, acreditando que o parlamento era solução e não problema.
"Não podemos escolher o período que mais nos convém" para avaliar Soares, diz Pedro Nuno Santos
“Mário Soares era a minha referência política, o político português que mais admirava e com quem mais me identificava”, disse Pedro Nuno Santos.
O secretário-geral do PS recordou as lições que retirou de Mário Soares quando o conheceu pessoalmente em 2005, ano em que se candidatou pela terceira vez a presidente da República.
À época, Pedro Nuno Santos era secretário-geral da juventude socialista e foi convidado para dirigir a campanha jovem da candidatura presidencial de Soares.
“A vida política de Soares vale como um todo e para a avaliar não podemos escolher o período que mais nos convém ou mais nos agrada de acordo com a conjuntura do momento ou da posição que queremos defender”, disse Pedro Nuno Santos, numa crítica velada ao Chega.
PSD recorda "animal político" que lutou pela liberdade "por convição"
António Rodrigues lembrou Mário Soares como uma "personalidade forte e pouco dada a "consensos", que traçou "linhas vermelhas aos maiores opositores da liberdade". Considerou Soares uma das mais marcantes personalidades das últimas décadas, que mereceu o seu lugar na História e defendeu que Mário Soares seria hoje, como foi no passado, um lutador contra radicalismos e populismos.
Ventura diz que Mário Soares é "cúmplice de um sistema de donos disto tudo"
No entanto, defendeu de seguida que “esta cerimónia solene desta forma, neste modelo, não devia estar a acontecer”, afirmando que Mário Soares “é também cúmplice e ativista de um sistema de donos disto tudo, que se iniciou à sua sombra e se manteve à sua sombra”.
“À sombra de Mário Soares muitos enriqueceram, por si ou por intermédio. (…) À sombra de Mário Soares criou-se uma cultura de impunidade política que deixa até hoje as suas teias e o seu rasto”, disse André Ventura, tecendo ainda duras críticas ao que diz ter sido “um processo de descolonização desastrosa e desumana”.
“Nenhuma cerimónia evocativa podia algum dia esquecer aquele que é também um legado profundamente negro daqueles que depois do 25 de abril conduziram Portugal, e de que Mário Soares é um dos principais responsáveis”, concluiu.
IL lembra que Soares esteve em momentos chave "do lado certo"
Coube a Rodrigo Saraiva falar em nome da Iniciativa Liberal. Lembrou no Parlamento a virtudes e defeitos de Mário Soares, mas considerou que nos momentos importantes da História da luta pela Liberdade "esteve mesmo do lado certo".
BE diz que Soares "merece tudo menos a condescendência da despolitização e do consenso"
“Teve os melhores e os piores amigos, venceu e foi derrotado, lutou com convicção, indignou-se e nunca pediu desculpa por ser político e viver a política”, descreve o bloquista.
Soares “merece tudo menos a condescendência da despolitização e do consenso” concluiu.
PCP lembra a luta antifascista de Soares, mas também os momentos de confronto e a divergência em questões decisivas
António Filipe mostrou reconhecimento pelo papel de Soares na história nacional e a luta antifascista, lutas "comuns" com os comunistas, mas lembrou momentos de confrontos. "Nunca silenciámos a crítica", lembra, dizendo que em questões decisivas pós 25 de Abril, houve divergências.
Livre: "Mário Soares não é um político do passado, mas do futuro"
“Mário Soares não é um político do passado, mas do futuro”, disse, lembrando o papel determinante no pedido de adesão à então CEE que liderou em 1986.
“Mário Soares acreditou numa europa unida”, afirmou.
O deputado do Livre destaca ainda que Mário Soares “nunca aceitaria o enxovalhar das instituições, não encolheria os ombros ao ataque a portugueses de minorias étnicas e não aceitaria que se usasse os estrangeiros como botes expiatórios”.
CDS-PP intervém na sessão. "Em democracia não há inimigos, há adversários", mas lembra a descolonização apressada, desumana e irresponsável
João Almeida lembrou as diferenças profundas entre o partido e Mário Soares, mas considerou que deu um "contributo positivo para a democracia", falando até de apreço sincero e amizade, mas também de erros e virtudes.
Inês Sousa Real lembra contributo de Mário Soares na luta pelo ambiente
“Soares colocou a proteção do ambiente e das futuras gerações no centro do debate político”, disse a deputada do PAN
“Numa altura em que as organizações de defesa do ambiente eram tratadas como radicais, a presidência de Mário Soares não hesitou em dar voz pública às suas reivindicações”, lembrou.
Inês Sousa Real lembrou Mário Soares como “um homem livre, que por vezes em mais difíceis que fossem as circunstâncias, não temeu ir até ao fim do seu pensamento e lutar pela liberdade”.
“A marca única de Mário Soares está no combate à ditadura fascista, na construção de Portugal de abril com uma democracia pluralista”, disse.
Começa a sessão solene de homenagem a Mário Soares
Presidente da República recebido pelo presidente da Assembleia da República
Luís Montenegro assinala centenário de Mário Soares com artigo na imprensa
"No centenário de Mário Soares, coincidente com os 50 anos do 25 de Abril, expresso respeito pelo legado político, gratidão pelo contributo para a democracia e admiração pela coragem política", escreve Luís Montenegro no jornal Público, em artigo intitulado "Mário Soares é Democracia e Política".O chefe do Governo sublinha ter crescido a ouvir falar do comício da Fonte Luminosa, no verão de 1975, e recorda o "discurso para a história" por parte de Mário Soares.
"Perante a ameaça totalitária que pairava sobre o caminho para a democracia no nosso país, Mário Soares expressou o sentimento da grande maioria do povo português".
Montenegro destaca a luta de Soares "contra o extremismo, pela democracia, que prevaleceria no 25 de Novembro e ficaria consolidada na Constituição de 1976 e na sua revisão de 1982".
"Nesses anos, com Francisco Sá Carneiro, Ramalho Eanes, Diogo Freitas do Amaral e Álvaro Cunhal, cada um com as respetivas visões e méritos, escreveu as páginas fundadoras e estruturantes da democracia portuguesa", faz notar.
Montenegro acrescenta que nem a distância geracional nem a "evidente diferença ideológica" o impedem de reconhecer o contributo de Mário Soares para a História de Portugal, "designadamente a defesa incansável da liberdade, da democracia, dos direitos humanos e da integração europeia".
"Uma constante ao longo da vida, como advogado, parlamentar, ministro, primeiro-ministro e Presidente da República, que, com elementar justiça, faz dele um dos principais responsáveis pela inscrição daqueles valores no Portugal contemporâneo".
"Foi na chefia do Governo que mais evidenciou pragmatismo, quer em alianças com adversários, quer sacrificando a popularidade e o eleitoralismo perante a necessidade dos dois pedidos de ajuda externa que a realidade impôs e a execução dos respetivos programas que o sentido de responsabilidade determinou. E, mais tarde, no apoio à revisão constitucional de 1989, em que colocou interesses nacionais acima de divergências partidárias e pessoais. Ganhámos todos".
O primeiro-ministro afirma guardar "com elevado valor democrático as amáveis palavras de reconhecimento no desempenho da liderança parlamentar" que lhe dirigiu quando se cruzaram, "por altura do Governo que recuperou Portugal depois do terceiro resgate e que ele tão injustificadamente criticou".
E conclui o artigo a citar Soares com palavras "sempre atuais": "É preciso confiar no povo português. Eu confio no povo português e no génio do povo português. Um povo que tem a história que tem Portugal e que fez aquilo que fez, incluindo a revolução do 25 de Abril, que realizou todos os seus objetivos, um país que consegue ter as melhores relações com África e com as antigas colónias portuguesas. (...) Tenho confiança no futuro de Portugal e dos portugueses. Sempre tive".
Figuras políticas começam a chegar a São Bento
Trabalhos com início marcado para as 11h00
A principal diferença será o tratamento protocolar concedido aos dois filhos do antigo presidente da República, Isabel e João Soares.
O tempo reservado para os discursos dos representantes dos grupos parlamentares é o mesmo do 25 de Novembro - cinco minutos e 30 segundosl. O presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, usa da palavra imediatamente antes do chefe de Estado e o hino nacional será tocado por duas ocasiões, no início e no cair do pano sobre a cerimónia.A Guarda de Honra, formada por um Batalhão da Guarda Nacional Republicana, com Estandarte Nacional, banda e fanfarra, vai estar no passeio diante da Assembleia da República a partir das 9h45.
Além dos titulares dos diferentes órgãos de soberania, foram convidados para a sessão representantes do corpo diplomático em Portugal, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, a provedora de Justiça, os chefes dos ramos das Forças Armadas, os representantes da República para as regiões autónomas dos Açores e da Madeira, os presidentes das assembleias legislativas e dos governos regionais, entre outros responsáveis.
Estão também presentes figuras como os conselheiros de Estado, responsáveis pelos serviços e forças de segurança, assim como os presidentes do Conselho Económico e Social, da Associação Nacional dos Municípios Portugueses, da Associação Nacional de Freguesias e o governador do Banco de Portugal.
Mário Soares, nascido há 100 anos, desempenhou os mais altos cargos no país. Fundou o PS depois de combater o regime do Estado Novo.
Centenário de Mário Soares. Marcelo lembra Soares como lutador pela democracia
"Ideário socialista não está a responder àquilo que é o mundo de hoje"
José Coelho - Lusa
A Sessão Solene evocativa dos 100 anos do nascimento de Mário Soares, organizada pela Assembleia da República, arranca às 11h00 e pode ser ouvida em direto na Antena 1.
Além das intervenções dos partidos, conta também com discursos do presidente da Assembleia da República e do presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que, a par de António Costa, também vai estar no sábado numa outra sessão de homenagem, mas na Fundação Calouste Gulbenkian.
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Foto: IMAGO piemags via Reuters