CGTP tranquiliza SIS sobre ocupações dos Ministérios

Arménio Carlos afirmou hoje que “o SIS tem mais com que se preocupar do que com as lutas dos trabalhadores e as intervenções e acções da CGTP". O secretário-geral da CGTP replicava, sem os citar nominalmente, a diversos comentários que sugeriam estar-se perante uma qualidade nova nos métodos de acção promovidos pela central sindical e principalmente à notícia de que centenas de polícias iriam reforçar a partir de agora a segurança dos Ministérios.

RTP com Lusa /
Manuel de Almeida, Lusa

Em declarações citadas pela Lusa, Arménio Carlos afirmou que, “se o SIS se quiser preocupar, pode preocupar-se e acompanhar de uma forma mais permanente a fraude de evasão fiscal, aqueles que têm aqui os lucros e não pagam impostos, aqueles que estão envolvidos em negócios de alto gabarito sem qualquer tipo de penalização, é por aí que o SIS deve intervir e não tanto estar preocupado com as lutas dos trabalhadores e muito menos com a intervenção da CGTP".

O dirigente sindical garantiu que “a nossa estratégia é só uma: pôr termo à violência desta política que está não só a esmagar os rendimentos dos trabalhadores e pensionistas como a dizimar o emprego, a forçar os nossos jovens a emigrar e também a deixar os nossos desempregados sem qualquer tipo de protecção social”, acrescentando que “é uma estratégia de luta contra a violência que este Governo está a desenvolver contra o país e contra o povo português".
Arménio Carlos justificou ainda o carácter inédito da iniciativa com a recusa de qualquer diálogo por parte do Governo. É isso que, segundo aquele dirigente, leva os trabalhadores a terem de “puxar pela imaginação para forçar o Governo a ouvi-los".

A notícia do reforço da guarda policial nos Ministérios, com uma média de 30 agentes em cada um, fora hoje veiculada pelo DN. Dela constava também que os mais de 300 agentes necessários para a vigilância de todos os Ministérios seriam membros das Equipas de Intervenção Rápida da PSP. Segundo o DN, fizeram-se ouvir dentro da PSP críticas severas ao SIS, por nada ter sabido sobre a preparação das ocupações.

Entretanto, também o antigo secretário-geral do Gabinete Coordenador de Segurança, general Leonel de Carvalho, comentou em entrevista à Antena Aberta, da Antena 1 que as ocupações dos Ministérios marcaram uma diferença no tipo de manifestações em Portugal, por terem sido mais prolongadas do que as ocupações simbólicas que esporadicamente tinham ocorrido antes. O general relativizou, no entanto, a afirmação ao considerar que o mais importante nas ocupações é a mensagem política dos seus organizadores e não uma “falha na segurança”.

Uma variante desta interpretação foi a apresentada pelo ministro do Ambiente: Jorge Moreira da Silva, admitindo como Leonel de Carvalho que as ocupações diferiam dos métodos habituais até aqui, afirmou também acreditar que se tratou de uma "situação excepcional”.

O ministro acrescentou ainda: "As pessoas têm o direito de se manifestar e de criticar, isso faz parte do direito de cada um. Obviamente, a invasão de ministérios não faz parte desse conjunto de elementos, mas admito que tenha sido uma situação excepcional".

E concluiu: “Não quero dizer nada que possa contribuir para a crispação. Pelo contrário, continuamos muito disponíveis para ouvir, para apresentar os nossos argumentos e para integrar outros pontos de vista nas nossas políticas", prometendo também que nos próximos dias irá receber os sindicalistas para "discutir temas relacionados com a privatização da EGF, 'sub-holding' do Grupo Águas de Portugal para a área de negócio dos resíduos". Moreira da Silva negou conhecer quaisquer planos para reforçar a segurança do seu Ministério.
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