Chega quer tirar casas do Estado a pessoas com cadastro e redistribuir rendimentos
O líder do Chega, André Ventura, disse hoje, no Algarve, que os seus autarcas que sejam eleitos nas eleições de dia 12 vão retirar as casas do Estado a todas as pessoas com cadastro e redistribuir rendimentos.
"Eu garanto-vos aqui, eu vou tirar as casas, os nossos autarcas vão tirar toda a casa pública que esteja na mão de criminosos neste país", anunciou.
A campanha do Chega segue, pelo terceiro dia consecutivo, no Algarve, um dos distritos que o partido venceu nas últimas legislativas.
A caravana rumou a Olhão, antes de subir no mapa para Beja, e André Ventura acompanhou o candidato do partido à presidência da Câmara Municipal, o deputado Ricardo Moreira, numa ação de contacto com a população junto aos mercados desta cidade algarvia, que juntou várias dezenas de pessoas que queriam cumprimentar e tirar uma fotografia com Ventura.
No final, o líder do partido falou aos presentes a partir de um palco colocado pelo partido para o efeito. O candidato assistiu, sem prestar declarações.
André Ventura afirmou que existem casas do Estado "postas nas mãos de pessoas condenadas por tráfico de droga, por contrabando e por crimes violentos".
"Estes tipos são condenados por tráfico de droga, por crimes violentos contra as pessoas, por espancarem pessoas, e têm direito a casas das câmaras municipais. E dizem-lhes, `ah, porque eles são uns pobrezinhos, coitados, têm que ter as casas da câmara`. Quer dizer, são pobrezinhos para ter casas da câmara, mas já não são pobrezinhos para ir traficar droga e para cometer crimes. Mais nenhum partido é capaz de dizer isto, mas nós dizemos", sublinhou.
O líder do Chega alegou que "em mais de 65% dos municípios há casas entregues a cadastrados, traficantes de droga, criminosos e violentos".
Ventura considerou que os outros partidos não falam nestas situações a pensar nas eleições.
"Eles vão lá e pedem os votos desta gente. Pedem-lhes os votos a dizer `cuidado que se não ganhar o PS ou o PSD tu deixas de ter casa, ou se não ganhar o PS ou o PSD deixas de ter subsídio, ou a tua filha ou o teu filho deixam de ter o empregozinho na câmara ou na junta, portanto vê lá em quem é que votas`", acusou.
Prometendo que o Chega vai "cortar a direito", André Ventura afirmou que "quem ficar chateado e quem ficar prejudicado, é o azar da vida", justificando que existem portugueses fartos de que o país seja "para um pequeno grupo de elites e não para as pessoas comuns que trabalham e se esforçam para ter esse país".
O líder do Chega prometeu também "reorganizar a distribuição de rendimento neste país".
"Chega, mas chega mesmo, de uns poucos estarem sempre a receber muito e de quem trabalha ficar sem nada. Chega, mas chega mesmo, de minorias, de imigrantes, de minorias ruidosas passarem à frente dos outros para terem benefícios que nós nunca tivemos", argumentou.
André Ventura recusou que este discurso seja racista, xenófobo ou revele falta de humanismo, sustentando que "é só o bom senso de um país que se valoriza a si próprio" e que não "dá aos outros o que não tem para dar aos seus primeiro".
"Estes que vêm agora querem tudo e não querem fazer nada. Por nós, não passarão", afirmou, expressão que desafiou os presentes a entoar.
Neste comício ao ar livre, o líder do Chega referiu-se também aos jovens que na sexta-feira de manhã faltaram às aulas para o ver, em Albufeira, alguns ainda sem idade para votar, e alegou que isso não aconteceria com outros líderes, como o do PS, José Luís Carneiro, ou o do PSD, Luís Montenegro.
André Ventura acusou os jovens apoiantes do BE e do PS de faltarem às aulas "para ir fumar ganzas", e os do PSD "andam escondidos com vergonha".
A uma semana das eleições autárquicas, os mercados de Olhão foram terreno apetecível para várias candidaturas, com apoiantes do Chega, PS e AD em campanha a poucos metros uns dos outros, em lados opostos da estrada, entoando cânticos de apoio às respetivas candidaturas, em jeito de despique.
A Câmara Municipal de Olhão é liderada pelo socialista António Miguel Pina, que não se pode recandidatar pela limitação de mandatos. Nestas autárquicas, é candidato do PS em Faro.
Em Olhão, são candidatos Ricardo Calé (PS), António Andrade (PSD, CDS-PP), Florbela Gonçalves (CDU), Ricardo Moreira (Chega), Alexandre Pereira (PAN) e a independente Elsa Pereira.
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