"Coabitação harmoniosa". Marcelo e Costa assinalam amizade "cada vez mais forte"

por RTP

Foto: Lusa (arquivo)

António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa falaram lado a lado, no fim de semana, e o primeiro-ministro disse que a relação entre ambos é das melhores da democracia portuguesa. O presidente da República declarou, por sua vez, que nunca houve qualquer "zanga pessoal".

 "As relações entre mim e o presidente da República foram sempre amigáveis e as amizades têm esta coisa, cada dia são mais fortes", redarguiu Costa, ao ser questionado sobre a relação com Belém."É das melhores companhias que qualquer um pode ter, até numa viagem", acrescentou o primeiro-ministro.


No Luxemburgo, após um encontro com a comunidade portuguesa, o presidente da República rejeitou ter atropelado os poderes constitucionais do Governo: "Nem vice-versa, também não tenho pensado que a Assembleia, o Governo ou o primeiro-ministro tenham atropelado os poderes de outros órgãos de soberania, ou que qualquer um de nós tenha atropelado os poderes dos tribunais".

"Sabem que, muitas vezes, quem observa a realidade política, observa a espuma dos dias e a superfície das coisas, não percebe que o papel de cada um de nós é diferente", argumentou Marcelo.O chefe de Estado admitiu que "é evidente que há divergências", que "são naturais", mas "não têm nada que ver com problemas pessoais".


Quanto ao pacote de apoio às famílias, apresentado no final da semana passada, o presidente da República considerou que surge "num momento em que se sabia que há dinheiro para isso - o défice, de facto, permite isso - e, por outro lado, também em que há noção de que a inflação não está a descer e que os portugueses e as famílias estão a sofrer".

Estas posições seguem-se a uma semana de trocas de recados a propósito do Programa + Habitação, que o chefe de Estado considerou inoperacionável, com o primeiro-ministro a responder e a insinuar que o presidente se pronunciava fora de tempo e ocupava um cargo em que falava mas não fazia.

A 22 de março, o presidente da República sustentou que o arrendamento coercivo de casas devolutas anunciado pelo Governo "ganharia em ser repensado".O presidente classificou mesmo o pacote do Executivo para o domínio da habitação como uma "lei cartaz".


"Sobre o arrendamento coercivo, desde há uma semana que eu digo a mesma coisa, ainda há muito debate a fazer no Parlamento, o que foi anunciado ganharia em ser repensado porque as câmaras já disseram que não vão ajudar, não têm meios para poder ajudar na descoberta de casas devolutas e, depois, o sistema é muito burocrático e pesado", afirmou então Marcelo Rebelo de Sousa.

No início do mês, em entrevista à RTP, Marcelo dissera que Costa dispunha de uma "maioria requentada", descrevendo um "ano perdido" com problemas na orgânica do Executivo.
pub