Comissão de Proteção de Dados abre processo por divulgação dos nomes de menores pelo Chega
A Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) anunciou esta quarta-feira que abriu um processo de averiguações sobre a divulgação de nomes de menores por parte do líder do Chega no Parlamento.
"A CNPD informa que, na sequência das diversas queixas apresentadas, foi aberto um processo de averiguações que corre os seus termos legais", disse a CNPD à RTP.
Tendo em conta que o processo está a decorrer, "a CNPD não se pode pronunciar" sobre o número de queixas, nem os motivos, pode ainda ler-se na resposta.
Esta intervenção do líder do Chega motivou várias queixas na CNPD, que agora vai avaliar o caso. Se o organismo entender que a divulgação dos nomes configura uma violação da lei, pode aplicar uma multa.
O momento foi criticado pelas bancadas da esquerda, que também acusaram a mesa do Parlamento de não defender o direito das crianças.
Da bancada do PS, ouviu-se "isso é crime" e todos os partidos de esquerda contestaram o facto de o presidente então em exercício do parlamento, o socialista Marcos Perestrelo, tenha autorizado aquilo que diziam ser um "número para ser replicado em redes sociais", quando não se sabe sequer qual o tipo de nacionalidade desses menores.
Marcos Perestrelo disse que os nomes não permitiam identificar as crianças em causa, uma posição secundada pelo presidente da Assembleia, José Pedro Aguiar-Branco, que disse que a divulgação dos nomes entra no âmbito da liberdade de expressão e não viola nenhuma regra.
O líder do Chega defendeu que os nomes "não podem ser identificados" e que deu o exemplo para mostrar a "mudança cultural e civilizacional" no país.
Na véspera do debate no Parlamento, a deputada Rita Matias leu igualmente, num vídeo publicado no TikTok, os nomes de alunos com nomes e apelidos estrangeiros dessa lista.
No debate parlamentar, André Ventura disse que a lista era "pública", mas Rita Matias admitiu posteriormente que não tinha confirmado a "veracidade" dos nomes.
c/ Lusa