Congresso do PS. "O diabo não veio" porque "o diabo é a direita", vinca Costa na passagem de testemunho a Pedro Nuno Santos

por Joana Raposo Santos - RTP
No final do seu discurso, António Costa fez uma referência ao caso que levou à sua demissão: "Podem ter-me derrubado, mas não me derrotaram". António Cotrim - Lusa

O primeiro-ministro passou esta sexta-feira o testemunho a Pedro Nuno Santos no 24.º Congresso Nacional do PS. Num balanço focado no que houve de melhor nos seus oito anos de governação, António Costa aproveitou para "revelar um segredo": o diabo nunca apareceu, porque "o diabo é a direita".

“Nós conseguimos aumentar salários e ao mesmo tempo criar empregos, nós conseguimos aumentar salários e aumentar o investimento das empresas, nós conseguimos aumentar salários e aumentar as exportações, nós conseguimos aumentar salários e melhorar a nossa competitividade, nós conseguimos aumentar salários e o diabo não veio, não veio e não veio”, declarou com firmeza o ainda chefe de Governo.
Costa explicou que “o diabo não veio por uma razão muito simples: é que o diabo é a direita, e os portugueses não devolveram o poder à direita”.Num dos discursos de abertura do Congresso do Partido Socialista, o primeiro-ministro lembrou que as desigualdades são a “causa de sempre” do PS e que, ao longo destes oito anos, este não deu tréguas ao combate a essas desigualdades.

“Ao Governo a direita dizia que a Segurança Social estava falida. Pois nós vamos a eleições dizendo: alargámos em 40 anos a sustentabilidade da nossa Segurança Social”, declarou.

“Reduzimos para metade o abandono escolar precoce, uma condição fundamental para o desenvolvimento do futuro (…), e quando nós chegámos ao Governo era 13,7 a taxa de abandono”, continuou António Costa.

Sobre o Serviço Nacional de Saúde, reconheceu que “tem muitos problemas”, mas considerou que ainda teria mais se não fosse o aumento em 72 por cento do orçamento do SNS.

A habitação também não escapou ao balanço do primeiro-ministro, que a considera “o novo pilar do Estado Social que ao longo destes anos fomos desenvolvendo”.

"Sabemos que não tivemos parceiro para fazer a regionalização, sabemos que temos um presidente que não nos deixava fazer a regionalização, mas levámos até onde o pudemos fazer", disse.
A passagem de testemunho
No arranque do seu discurso, António Costa frisou que o PS “passa o testemunho a uma nova geração”, já que Pedro Nuno Santos “é o primeiro secretário-geral do Partido Socialista que nasceu depois” da sua fundação.

“Vai ser o primeiro primeiro-ministro que nasceu depois da revolução de Abril”,
acrescentou, considerando que o seu substituto "está pronto para a luta".

“Nós somos o partido da liberdade e da democracia. Nós somos o partido do projeto europeu”, do “combate às desigualdades”, continuou Costa. “Nós somos aqueles que os portugueses sabem que nunca faltámos quando foi necessário”, nem mesmo “nos momentos mais difíceis”.

“O PS que em 2015 assinou os acordos com o Partido Comunista Português, com o Partido Ecologista Os Verdes, com o Bloco de Esquerda, foi o mesmo PS que nas ruas se bateu em 1975 para garantir a liberdade e a democracia e combater a deriva totalitária da revolução”.“Derrubámos esses muros e não deixaremos voltarem a erguer esses muros”.

António Costa referiu ainda que “o PS foi sempre o partido contemporâneo das causas do seu tempo e que “a maior causa do nosso tempo hoje é mesmo o combate às alterações climáticas”.

“Ao longo destes anos oito anos, nós podemos orgulhar-nos de termos sido o primeiro país do mundo, na COP Marraquexe em 2016, a assumir o compromisso da neutralidade carbónica em 2050”, recordou.

“Fomos o primeiro país a antecipar este compromisso para 2045, na Lei do Clima que aprovámos na Assembleia da República. E é com muito orgulho que vemos a Comissão Europeia dizer que Portugal é o país mais bem preparado da UE para atingir a neutralidade carbónica”.
"Podem ter-me derrubado, mas não me derrotaram"
Para o primeiro-ministro, houve também “boas políticas” na área “da mobilidade, como o passe social acessível que trouxemos para todas as famílias e como temos vindo a desenvolver as redes de metro em Lisboa e no Porto” e a rede da ferrovia.

“Abraçamos as causas novas, mas não nos esquecemos das causas antigas: a maior de todas, a causa da liberdade. Ainda hoje a Assembleia da República aprovou a liberdade na autodeterminação de género, da mesma forma que aumentámos as oportunidade de quem quer ter filhos poder ter filhos, porque alargámos a procriação medicamente assistida, porque autorizámos a gestação de substituição”, declarou.

“E também porque reforçámos a dignidade de todos os cidadãos no momento da morte, podendo a morte ser medicamente assistida”.

Já no final do seu discurso, António Costa fez uma referência ao caso que levou à sua demissão: "Podem ter-me derrubado, mas não me derrotaram".

"Podem ter derrubado o nosso Governo, mas não derrubaram o PS. O PS está aqui forte, vivo. O PS está aqui rejuvenescido com uma nova energia, com uma nova liderança. E com o Pedro Nuno Santos estamos prontos para a luta", afiançou.
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