Debate a nove. Costa pede maioria absoluta, partidos expõem condições para convergências

por RTP

Foto: Pedro A. Pina - RTP

António Costa pediu, esta noite, uma maioria absoluta. Já Rui Rio diz que esse cenário não vai acontecer a 30 de janeiro. A governabilidade do país marcou o debate na RTP, com todas as forças políticas com representação parlamentar.

O secretário-geral do PS recusou responder se aceita a disponibilidade do PSD, caso necessite dela para governar.

António Costa afirmou ainda que, em caso de derrota nas legislativas, demite-se logo na noite eleitoral de secretário-geral do PS, enquanto Rui Rio recusou uma saída imediata se perder e admitiu manter-se na liderança do PSD.

"Eu acho que é uma maioria absoluta aquilo que garante estabilidade durante quatro anos", declarou António Costa, sustentando que sem isso há o risco de se "andar de crise em crise, em governos provisórios de dois anos".

De imediato, Rui Rio contrapôs que uma maioria absoluta do PS ou do PSD é um cenário com uma probabilidade "muito próxima de zero" e defendeu que tem de haver "espírito democrático" e "disponibilidade para negociar a governabilidade" de ambos os partidos para que "o país não ande em sucessivas eleições".

Sobre o que fará em caso de derrota nas legislativas de 30 de janeiro, o secretário-geral do PS reiterou que "depois de ter sido seis anos primeiro-ministro" considerará que se perder houve "um voto claro de desconfiança dos portugueses" e que é altura de os socialistas escolherem "uma nova liderança".

Interrogado se a sua demissão será logo na noite das eleições, António Costa respondeu: "Ah, sim, isso com certeza, e depois o PS terá o seu processo".

O presidente do PSD, por sua vez, excluiu seguir esse caminho, se perder: "No dia à noite não saio nem nunca sairia em circunstância alguma, porque acho que é uma manobra teatral, não é propriamente dentro do meu estilo".
As condições dos partidos para convergências
Já os partidos à esquerda do PS e à direita do PSD expuseram as suas condições para convergências com as duas maiores forças políticas, num debate a nove, com BE, CDU e Livre a defenderem modelos e prioridades diferentes.

Em caso de haver uma maioria à esquerda, Catarina Martins sustentou que a seguir às legislativas não se irá discutir um Orçamento do Estado para 2022, mas sim "um contrato de governo para Portugal que resolva as questões fundamentais". Sobre o Orçamento rejeitado em outubro passado, a coordenadora do BE observou: "Seguramente que o próprio PS quererá fazer um melhor trabalho".

Em representação da CDU, o líder parlamentar do PCP, João Oliveira, contrapôs que "a estabilidade de qualquer Governo não depende dos acordos e dos papeis que são assinados, depende da política que é executada" e manifestou disponibilidade "para convergir com todos aqueles que queiram convergir".

O secretário-geral do PS e primeiro-ministro, António Costa, considerou que faltou "vontade política" dos partidos à esquerda para viabilizarem o Orçamento do Estado para 2022, realçando que nem sequer passou à fase de especialidade.

O cabeça de lista do Livre por Lisboa, Rui Tavares, voltou a defender "uma ecogeringonça" que seja "o mais ampla possível" e, ao contrário do BE, apontou como prioridade "procurar viabilizar um Orçamento" para 2022. "Não temos o luxo do tempo. É preciso viabilizar um Orçamento para criar espaço negocial e um Programa de Governo", disse.

O presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, mostrou-se disponível para "construir uma solução alternativa à esquerda" mesmo que o PSD não vença as eleições, se os partidos à direita forem maioritários no parlamento: "Inaugurou-se uma nova praxe parlamentar, e temos de dar mérito ao doutor António Costa, como de resto aconteceu com os Açores".

André Ventura, presidente e deputado único do Chega, repetiu que exigirá presença no Governo se o seu partido "tiver votação expressiva, acima dos 7%".

O presidente e deputado único da Iniciativa Liberal, João Cotrim de Figueiredo, afirmou abertura para discutir com o PSD "uma alternativa de Governo", com "ímpeto reformista", mas sem certezas sobre o resultado: "Não sei se vai ser fácil ou não vai ser fácil".
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