Legislativas. Debate entre Luís Montenegro (AD) e Pedro Nuno Santos (PS)
Pedro Nuno diz que empresa do pai "não é comparável" com Spinumviva
Também no final do debate, em resposta aos jornalistas, Pedro Nuno Santos sublinhou que "ser sério é não misturar a política com negócios".
O socialista disse ainda que “não podemos comparar aquilo que não é comparável”, já que a empresa do seu pai tem “quase 50 anos, com um produto que é conhecido no mercado, com várias empresas, vários pavilhões, muitos trabalhadores”.
“Para além de que a empresa não é minha nem da minha mulher nem do meu filho”, acrescentou.
Montenegro diz nunca ter tido o objetivo de ser primeiro-ministro
Em resposta aos jornalistas no final do debate, Luís Montenegro disse continuar "muito focado em dar às portuguesas e aos portugueses a garantia de que vão continuar a ver muitos dos seus problemas resolvidos".
Montenegro referiu ainda que Pedro Nuno Santos “tentou tudo e infelizmente ultrapassou muitos limites para cumprir o seu objetivo de vida”.
“Eu, na minha vida, nunca tive o objetivo de ser primeiro-ministro. Acabei por ter esta missão que gosto muito, adoro mesmo, e vou cumpri-la com toda a força e energia”, concluiu.
Pedro Nuno Santos promete defesa do sistema público de pensões
Pedro Nuno Santos garantiu ainda fazer “tudo para baixar o custo de vida” aos portugueses, desde o IVA Zero para o cabaz alimentar e IVA a 6% para todo o consumo energético.
“Todos os homens e mulheres que trabalham todos os dias de sol a sol sabem que podem contar com o PS”, afirmou, prometendo ainda “valorizar o papel das mulheres na sociedade”.
"Estou aqui para governar", afirma Luís Montenegro
Assinalou ainda a “valorização das pensões mais baixas”, a “transformação” dos serviços públicos e as intervenções na área da imigração e segurança, considerando que aqui houve uma “aproximação” do PS.
No âmbito económico, afirmou que “a pobreza só acabará se formos capazes de criar riqueza”, concluiu.
Pedro Nuno Santos garante estabilidade e pede que se evite "dispersão de votos"
Destacou que o PS “mostrou sentido de responsabilidade” e assinalou que o PS pode garantir uma “estabilidade política que infelizmente Montenegro não consegue garantir ao país”.
Pedro Nuno Santos considerou importante “que não haja uma dispersão de votos”.
"O Governo caiu por tática política", aponta Luís Montenegro
Luís Montenegro vincou que o atual Governo é “um garante de estabilidade” a nível político, económico mas também social, assinalando que este debate, ao contrário do que se passou no ano passado, começou “sem um protesto lá fora”.
Há um ano, no frente a frente entre PS e AD, os polícias estiveram em protesto à porta do Capitólio.
“O Governo não caiu por falta de estabilidade, o governo caiu por tática política”, argumentou Montenegro.
Montenegro "atirou país para eleições", PS "aproximou-se do Chega"
O líder do PS lembra que o partido viabilizou a eleição do presidente da Assembleia da República, a aprovação do Orçamento do Estado e chumbou duas moções de censura.
Luís Montenegro respondeu que essas decisões só foram possíveis porque o Governo se “aproximou do PS” e acusou o principal partido da oposição de se aproximar, por sua vez, do Chega, acusando o PS de se acercar da extrema-direita na aprovação de várias medidas.
Pedro Nuno acusa PSD de ser "contra complemento solidário para idosos"
Montenegro diz que cumpriu "promessa de valorizar pensões mais baixas"
PS valoriza "a sério os pensionistas" e os trabalhadores que se dedicam aos "mais velhos"
Montenegro garante que nunca acumulou funções ou remunerações
“O que eu sei é que respondi a uma solicitação que me foi feita, contactei a Entidade para a Transparência, que me assegurou que não publicitou a informação que eu enviei ontem e me informou que na Assembleia da República a informação foi acessível e eventualmente terá sido essa a origem da difusão de uma informação que não tem a minha responsabilidade”, garantiu.
“É deplorável o que Pedro Nuno Santos fez, porque não aplica a ele próprio o que ele quis instrumentalizar. (…) Sabemos os clientes de uma empresa em que Pedro Nuno Santos tinha uma participação social quando era deputado, secretário de Estado e ministro? Eu nunca lhe perguntei. Sabemos a que entidades públicas vendeu materiais e equipamentos?”, questionou Montenegro, ao que o líder dos socialistas respondeu: “Sabemos”.
Acrescentaria, voltando-se para o primeiro-ministro: “Eu quero dizer a Luís Montenegro que não se vitimize porque a vida não o tratou mal. Não é toda a gente que sai da política e consegue rapidamente dois ajustes diretos com duas autarquias presididas por dois companheiros de partido e amigos. Não foi o PS que abriu um inquérito crime no DIAP do Porto, não fui eu que não declarei todas as minhas contas ao Tribunal Constitucional”.
O socialista recuperou uma questão de Montenegro a Paulo Raimundo, secretário-geral do PCP, se havia algum momento em que o Governo da AD tinha beneficiado os clientes da Spinumviva e Pedro Nuno Santos apontou o contrato do Estado com o Grupo Solverde.
Apontando os atrasos na concessão de três casinos e que, não tendo ainda sido lançado o concurso internacional, com prorrogação da concessão à Solverde, “há, potencialmente, sim”.
Luís Montenegro respondeu com um processo que vinha do anterior governo socialista e que valeu à Solverde uma indemnização de 15 milhões mais três de juros e da qual diz que o seu Executivo recorreu “e inibimos o Estado de pagar essa indemnização”.
“Era só o que faltava que o Estado não recorresse”, declarou Pedro Nuno Santos, apontando um exemplo semelhante com o Casino da Póvoa mas em que foi um governo socialista a recorrer.
Revelação tardia de outros clientes prova que Montenegro "não tem idoneidade para o cargo que ocupa"
Pedro Nuno Santos havia já exigido saber mais sobre essa lista de clientes de Luís Montenegro e chegou a ser citado como capaz de dispensar a comissão parlamentar de inquérito que vem prometendo se o primeiro-ministro fosse mais transparente sobre a sua atividade na Spinumviva, que só recentemente passou para as mãos dos filhos.
Troca de acusações na Habitação
Abordando um dos grandes temas destas eleições, a habitação, o primeiro-ministro vincou que "a oferta pública é um eixo fundamental" da política da AD.
“Do lado do arrendamento, agilizámos os critérios para atribuição da ajuda do Porta 65”, prosseguiu. “Do lado da oferta privada, é preciso simplificar, é preciso ter vantagens fiscais, é preciso também que, do lado privado, haja colaboração na oferta”.
No mesmo tema, Pedro Nuno Santos defendeu que “as políticas que foram adotadas no último ano produziram resultados contraproducentes”.
“Hoje, os jovens estão ainda mais longe de conseguir comprar casa do que há um ano atrás, e com uma agravante, nomeadamente a quem arrenda: é que o Governo falhou totalmente, foi mesmo incompetente, na gestão dos apoios ao arrendamento”, afirmou o socialista.
“Temos milhares de famílias que, mesmo cumprindo os critérios, perderam o apoio extraordinário à renda e estão a cortar na alimentação, alguns perderam a casa”, acrescentou.
Montenegro diz que fez "o que PS não fez em oito anos", Pedro Nuno aponta que urgências estão piores
Luís Montenegro vincou ainda que as urgências tiveram menos encerramento este ano do que no ano passado e destacou a importância da criação da linha SNS Grávidas para diminuir a pressão nas urgências, bem como a diminuição de prazos para realização de consultas e cirurgias.
O secretário-geral do PS ripostou, afirmando que os serviços de urgência estão piores desde que a AD chegou ao poder e que as listas de espera para consultas e cirurgias aumentaram. Acusou Luís Montenegro de ter “incapacidade de sintonizar com as preocupações com os portugueses”.
Pedro Nuno diz que saúde é a "maior área de falhanço" da AD
“As propostas que o Governo da AD tem implementado têm fracassado”, afirmou, destacando a importância de “criar condições” no SNS, promovendo uma progressão mais célere da carreira ou a conciliação da vida pessoal e profissional aos médicos.
Por outro lado, Pedro Nuno Santos destacou a importância de prestar cuidados junto da população “cada vez mais envelhecida”, tendo como intuito de reduzir pressão nos hospitais e serviços de urgência.
Quanto às parcerias público-privadas, o secretário-geral do PS garantiu que não há “nenhum dogma ideológico” mas sublinhou que “só se avança para uma PPP com uma fundamentação que não vimos até agora” por parte do Governo, vincou.
Médicos de família. Montenegro não se compromete com novo prazo
O líder da AD destacou a importância de reforçar a atração e retenção de profissionais no Serviço Nacional de Saúde, bem como a implementação de mecanismos de gestão, como as parcerias público-privadas. Trata-se de ganhar “eficiência” e não de “uma questão ideológica”, vincou.
Segundo Luís Montenegro, o PS tem “uma incapacidade de olhar para este regime de complementaridade e parceria”.
Questionado sobre a promessa de garantir médicos de família aos portugueses, o primeiro-ministro assume que o Governo não iria conseguir esse resultado até ao final de 2025 e não se comprometeu com uma nova data.
Sublinhou, no entanto, que irá procurar cumprir tal desígnio “no mais rápido prazo possível” e que o Governo apresentou um programa de medidas urgentes, tendo já cumprido “80 por cento”.
"Falta vergonha ao programa da AD"
O líder socialista considera que "não falta ambição ao programa do PS", mas "falta vergonha ao programa da AD", já que "aquilo que Luís Montenegro nos traz aqui é uma fantasia, é um ato de fé".
“A nossa política de IRC é mais inteligente. É aliás a política que é seguida na maioria dos países da OCDE. Nós queremos baixar o IRC para as empresas que dão um bom destino aos seus lucros, que reinvestem na inovação, na investigação, na capitalização das empresas”, explicou.
Medidas do PS "não modificam nada na Economia"
Em resposta a Pedro Nuno Santos, Luís Montenegro acusou-o de "lançar uma confusão que, se não é propositada então é incompetência pura".
“O nosso programa (…) decorre do efeito que as nossas políticas ao longo do tempo vão provocando, nomeadamente as políticas de transformação do Estado, do setor público, e as políticas de transformação da economia”.
O primeiro-ministro disse ainda que a AD olha para a economia “como geradora da criação de riqueza”, enquanto “as medidas do Partido Socialista são apenas de distribuição, não modificam nada na Economia”.
Programa da AD é "um embuste", acusa Pedro Nuno
Questionado pelo jornalista da RTP Hugo Gilberto sobre se as propostas do PS põem em casa o equilíbrio das contas públicas, Pedro Nuno Santos respondeu que o programa socialista é construído "dentro do espaço orçamental" e "tendo em conta as previsões económicas para a economia portuguesa da maioria ou da totalidade das instituições internacionais".
“Aquilo que a AD faz é artificialmente colocar taxas de crescimento que não são previsíveis por nenhuma instituição internacional, para depois terem um nível de despesa orçamental muito mais alto do que o nosso”, criticou.
“Nós fazemos a opção de baixar os impostos que toda a gente paga e que pesam mais nas famílias que ganham menos”, como é o caso do IVA Zero, o IVA da eletricidade ou o IUC, exemplificou Pedro Nuno.
Já a proposta da AD “dirige-se a uma minoria da população e a uma minoria das empresas”, considerou na sua intervenção.
O secretário-geral socialista acusou ainda Luís Montenegro de ter duas faces: uma durante a campanha eleitoral e outra para Bruxelas.
Montenegro acusa Pedro Nuno de "falta de capacidade de liderança"
Pedro Nuno acusa Governo de ter falhado na gestão da crise do apagão
Montenegro afirma que Governo respondeu "com força e eficácia" ao apagão
Spinumviva. Mais sete empresas saltam da carteira de clientes da família Montenegro
Na declaração que deu entrada no Portal da Transparência esta terça-feira, o primeiro-ministro aponta como parte do grupo de clientes permanentes da Spinumviva sete novas empresas: “duas novas empresas do Grupo Joaquim Barros Rodrigues e Filhos, a gasolineira de Braga que foi o principal cliente, em termos de faturação [da Spinumviva], (…) a Rodáreas (Felgueiras-Lousada) e a Rodáreas (Viseu)” e, além destas empresas que gerem áreas de serviço, “a ITAU, a Sogenave, a Portugalenses Transportes, a Beetsteel, a INETUM Portugal e Grupel SA”.
Estas empresas juntam-se a outras já conhecidas, como “a empresa Lopes Barata, o Colégio Luso-Internacional do Porto (CLIP), a Solverde e a Cofina (para quem fez um trabalho de proteção de dados e que revelou no Parlamento)”, lembra o Expresso.
Um aspeto sublinhado pelos jornalistas do semanário aponta ao facto de a nova lista com os novos clientes se tornar do conhecimento público escassas horas antes do debate aprazado entre o primeiro-ministro, Luís Montenegro, e o líder da oposição, Pedro Nuno Santos, no âmbito das legislativas antecipadas de 18 de maio, um frente a frente que esteve inicialmente agendado para esta última segunda-feira mas que seria adiado devido ao apagão que afetou todo o país há dois dias.