Diretor do SIS responsabiliza-se por recuperação de computador de ex-adjunto de Galamba

por RTP
As audições parlamentares de Adélio Neiva da Cruz e Maria da Graça Mira Gomes decorreram na quinta-feira à porta fechada José Sena Goulão - Lusa

O diretor do Serviço de Informações de Segurança, Adélio Neiva da Cruz, alegou na noite de quinta-feira, durante uma audição à porta fechada em sede de comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, que foi ele quem deu a ordem para recuperar o computador de Frederico Pinheiro, ex-adjunto do Ministério das Infraestruturas. Também a secretária-geral do Sistema de Informações da República, Maria da Graça Mira Gomes, foi ouvida na Assembleia da República. Ambos justificaram a ação do SIS com o caráter estratégico de informação do gabinete de João Galamba.

Fontes parlamentares de partidos da oposição, citadas pela agência Lusa, adiantaram que Adélio Neiva da Cruz afirmou perante a comissão de assuntos Constitucionais que a sucessão de acontecimentos foi diferente daquela que foi veiculada na audição da passada terça-feira pelo Conselho de Fiscalização do Sistema de Informações da República Portuguesa.

O responsável pelo SIS, indicaram à agência noticiosa as mesas fontes, disse ter conhecimento de que estava em causa informação classificada.
Todavia, Neiva da Cruz não saberia de que informação em concreto se tratava, nem o grau de confidencialidade. Pelo que tomou como credível a palavra da chefe de gabinete do Ministério das Infraestruturas.O caso, ocorrido no final de abril, envolveu denúncias contra o ex-adjunto Frederico Pinheiro por alegada violência física nas instalações do Ministério das Infraestruturas e furto de um computador portátil, após ter sido demitido. A controvérsia agudizou-se com a notícia da intervenção do SIS para a recuperação do equipamento informático.

Por sua vez, a secretária-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa garantiu que não deu qualquer ordem para a atuação do SIS. A embaixadora Maria da Graça Mira Gomes disse, de acordo com a Lusa, que o SIRP atuou somente como intermediário entre o Ministério das Infraestruturas e o SIS.

Maria da Graça Mira Gomes terá assim corroborado a versão de Neiva da Cruz, segundo a qual as secretas não tinham qualquer suspeita de se tratar de um crime.

Apesar desta posição, ambos consideram que tal não desmente as palavras do primeiro-ministro, António Costa, que falou de furto de um computador. Até porque a informação disponível a 26 de abril era menor do que aquela que acabaria por ser divulgada três dias mais tarde, quando Costa falou sobre o caso.
Caráter estratégico
De resto, a atuação do SIS na recuperação do computador de Frederico Pinheiro foi justificada pelos dois responsáveis das secretas com o caráter estratégico da informação do Ministério das Infraestruturas, além da ausência de suspeitas de crime.As audições separadas do diretor do SIS e da secretária-geral do SIRP ocuparam perto de quatro horas e meia.

A comunicação da circunstância de um computador ter sido levado do Ministério das Infraestruturas não terá sido feita ao diretor do SIS, mas a um adjunto, que tomou nota da ocorrência. Este dirigente do Serviço de Informações de Segurança decidiu então agir rapidamente, dado que as informações de infraestruturas são tidas como cruciais para a segurança do Estado. Isto de acordo com os relatos dos responsáveis ouvidos em comissão parlamentar, posteriormente descritos pelas fontes ouvidas pela Lusa.

Diante da comissão, terá também sido garantido que não houve pressão ou coação no contacto que o SIS estabeleceu com Frederico Pinheiro, para que o adjunto demitido devolvesse o computador do Ministério das Infraestruturas. Os dois dirigentes das secretas manifestaram a convicção de Frederico Pinheiro devolveu o computador livremente.

c/ Lusa
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