"Decidiu ser mentor de autoajuda". Esquerda critica mensagem de Natal do primeiro-ministro

O PS estranhou que temas como a saúde tenham estado ausentes do discurso de Luís Montenegro. Já o BE vincou que o primeiro-ministro falou sobre "um país que não existe".

Nuno Patrício, Joana Raposo Santos - RTP /
Foto: Pedro A. Pina - RTP

A maioria dos partidos políticos reagiu esta quinta-feira à mensagem de Natal do primeiro-ministro, que pediu aos portugueses uma maior mentalidade de superação.

A socialista Inês Medeiros disse que “o senhor primeiro-ministro agora decidiu ser uma espécie de mentor de autoajuda, com discursos motivacionais”.

“Ora, não foi para isso que ele foi eleito. Ele foi eleito para decidir, governar e criar estratégias a curto, médio e longo prazo para resolver os problemas que efetivamente afetam os portugueses e para acalmar as nossas angústias coletivas”, defendeu.

O PS acredita que “não basta proclamar grandes chavões de motivação”, mas sim “saber criar riqueza” e “ser claro naquilo que se pretende para esta família portuguesa que é o nosso país”. Inês Medeiros estranhou ainda que o tema da saúde tenha ficado fora do discurso de Luís Montenegro.

Já o coordenador do Bloco de esquerda, José Manuel Pureza, olhou para este discurso de Luís Montenegro com estranheza, referindo que o primeiro-ministro apresentou Portugal baseado num retrato feito pelo jornal The Economist, mas sem que o chefe do Governo o tenha lido bem.

“É um país que não existe. É uma mistificação daquilo que é Portugal”, sublinhou.

José Manuel Pureza disse ainda que o primeiro-ministro falou do país e do trabalho e esqueceu-se do pacote laboral, o que considerou “muito sintomático”.
"Treinador tem de estar presente em campo"

Do lado do PCP, Margarida Botelho referiu que só os que estão a ficar com a riqueza que é feita em Portugal é que se reconhecem nas palavras de Luís Montenegro.

A comunista considerou que esta declaração de Natal é isenta de realidade, que é por sua vez feita de salários baixos, de um custo de vida elevado, de problemas na habitação que o Governo nos últimos meses juntou a um pacote laboral rejeitado pela sociedade portuguesa.

A porta-voz do PCP disse ainda para o primeiro-ministro aproveitar esta época natalícia e de solidariedade “para ganhar forças e uma mentalidade” dos problemas reais do país.

Paulo Muacho, do Livre, considerou confiante a mensagem do primeiro-ministro, mas explicou que os portugueses não veem motivo para acreditarem na mensagem do Governo, dando como exemplo a crise no setor da saúde, bem como no setor social, com pessoas a continuar a viver em condição de sem-abrigo.

Muacho lembrou também os baixos salários e a crise na habitação, afirmando que “está tudo a andar ao contrário daquilo que o primeiro-ministro vive, num país diferente do que os portugueses vivem”. “É uma mensagem que deixa muito a desejar do que é o realismo do que um primeiro-ministro deveria ter”, considerou.

A deputada do PAN Inês Sousa Real considerou que “o ímpeto reformista” da mensagem de Natal “deixou de fora a verdadeira realidade do país”.

“O treinador tem de estar presente em campo e não fora de jogo”, apontou, lembrando que “continuamos a ter pessoas a viver em tendas” e que o combate à pobreza “é um objetivo falhado por parte do país”.
CDS e PSD elogiaram a mensagem de Natal
Da parte do partido da coligação governativa AD, o CDS, pela voz de Catarina Araújo, lembrou que esta é a primeira mensagem de Natal depois de um ano com dois ciclos eleitorais decisivos em que a Aliança Democrática venceu.

Para o CDS, a mensagem olha para o futuro e transmite esperança, confiança e determinação de que o Governo quer continuar a trabalhar para transformar o país e melhorar a vida dos portugueses.

Catarina Araújo referiu ainda que esta mensagem não esqueceu os mais vulneráveis e valorizou todos os que mantêm os serviços de segurança e saúde a funcionar com tranquilidade e normalidade. Apontou também que a mensagem de Luís Montenegro é um apelo claro a todos os portugueses à união e ambição coletiva que nos define enquanto país.

Antes destas declarações, o vice-presidente do PSD foi o primeiro a reagir, falando numa declaração cheia de sensibilidade social e com otimismo e esperança no futuro.

Carlos Coelho referiu que Luís Montenegro não esqueceu quem tem mais dificuldades, como os mais idosos, as situações de pobreza, de saúde e também todos os que sofrem de violência doméstica.

O social-democrata viu ainda o discurso como sendo de confiança no futuro alicerçada nos dados económicos de 2025, relembrando as palavras de Montenegro sobre ser “necessário acreditar em Portugal”.

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