Legislativas. Debate entre Paulo Raimundo (CDU) e Mariana Mortágua (BE)
"O voto útil não resolve nada", diz Mortágua
Em declarações à RTP já no final do debate, Mariana Mortágua criticou o apelo do Partido Socialista ao voto útil.
“Ninguém nos queira convencer que é um Governo do Partido Socialista apoiado por Luís Montenegro, ou um Governo de Luís Montenegro apoiado por Pedro Nuno Santos, que vai conseguir resolver os problemas da habitação, da saúde ou dos salários”, disse ainda a líder do Bloco.
Paulo Raimundo e o voto útil: "Apelamos a todos"
Mortágua diz que é necessário "afirmar Direitos Humanos"
"Temos um rei louco nos EUA que quer banir a palavra mulher", apontou, lembrando também os questionários enviados às universidades portuguesas a tentar impedir programas de diversidade e igualdade.
"Mais do que nunca precisamos do feminismo e racismo na política (...), afirmar os Direitos Humanos e universais" perante a atual crise que "arrasta todos os partidos do centro para a direita".
À instabilidade e às crises já existentes "querem acrescentar uma crise" ao gastar dinheiro "para comprar mísseis e bombas", afirmou, voltando ao argumento da resposta anterior.
Posição da CDU sobre a Ucrânia
Novamente questionado sobre o que está a acontecer na Ucrânia, Paulo Raimundo lembrou que a guerra da Rússia em território ucraniano começou em 2014 e que o PCP sempre primou e lutou pela paz.
Mais dinheiro europeu para armamento e defesa
Sobre a questão do armamento na União Europeia, Mariana Mortágua acredita que o mundo mudou, acusou a França de ter um arsenal composto por armas russas e criticou haver dinheiro para armas e não para cultura ou outras áreas importantes na vida dos cidadãos.
Paulo Raimundo seguiu a opinião da líder do Bloco e afirmou acreditar que não pode haver apenas preocupação com a Rússia mas também com os Estados Unidos e afirmou que se deve travar a guerra seja ela onde for.
“Estes investimentos para gastar dinheiro que não há para saúde é para resolver o quê?”
Questões éticas de Luís Montenegro
Paulo Raimundo pediu a demissão de Luís Montenegro durante o debate com o primeiro-ministro e acredita que a questão da ética de Luís Montenegro não é de pouca importância. O líder do PCP acusou o governo de colocar mão no Serviço Nacional de Saúde e Segurança Social e pediu que se rompesse com o caminho trilhado por Luís Montenegro.
Capacidade de entendimentos com PS
Questionados sobre acordos pós-eleitorais com o PS, Mariana Mortágua garantiu que o Bloco estará presente e que um entendimento depende de políticas. A líder do BE acredita que o PS fez uma viragem à direita e questionou se Pedro Nuno Santos se vai juntar ao PSD na próxima legislatura.
“Estamos disponíveis para um caminho que rompa com o caminho atual”, declarou o líder do PCP.
BE e CDU juntos na defesa dos imigrantes
No campo da imigração, Paulo Raimundo vincou que "Portugal é um país com recursos limitados", mas defendeu a importância dos imigrantes para a economia do país.
Na opinião de Mariana Mortágua, “a imigração foi usada como um tanque de batalha ideológico pela extrema-direita e que teve um efeito: arrastou todos os outros partidos para a direita”.
A bloquista acusou ainda a AIMA de não ter funcionado “por problemas administrativos e burocráticos”.
“Deixou uma série de processos pendentes e agravou a situação sobretudo daquelas pessoas que não conseguem ter os documentos de que precisam para aceder à saúde, para aceder aos serviços públicos, para poder sair do país e voltar”, criticou.
A candidata disse ainda ser “uma enorme hipocrisia dizer que há um problema de integração de imigrantes em Portugal quando não se dá às pessoas o básico para se integrarem”.
CDU quer "travar a especulação" e "atacar os responsáveis"
Para Paulo Raimundo, existem três grandes problemas para resolver: a habitação, a saúde e os salários.
Na habitação, “precisamos de construir, precisamos de remodelar, precisamos de adaptar o património público para habitação, precisamos de atacar o problema das rendas e precisamos (…) da estabilidade dos contratos de arrendamento”, enumerou o dirigente comunista.
Mais do que a necessidade de construção, Paulo Raimundo acredita ser essencial travar a especulação e atacar os responsáveis pela situação atual, nomeadamente “a banca e os fundos imobiliários e os governos”.
O candidato acusou ainda o Executivo de Luís Montenegro de nada ter feito para combater este problema, “pelo contrário: beneficiaram inclusive aqueles que são os responsáveis por aqui chegarmos”.
BE defende teto às rendas
Mariana Mortágua defendeu que o teto às rendas é a única medida na área da habitação que pode mitigar de imediato a dificuldade dos portugueses em arranjarem casa para viver.
A líder bloquista disse ser necessário pôr em prática todas as medidas possíveis nesse setor, entre as quais apostar na construção, reduzir o alojamento local ou “parar a construção de hotéis em cidades que estão sobrelotadas de hotéis e de turismo massificado e intensivo”.
Propostas que considera “muito importantes”, mas que “demoram tempo”, sendo que “as pessoas precisam de uma casa hoje”.
A coordenadora do Bloco de Esquerda insistiu, assim, que “o teto às rendas resulta, consegue baixar o preço das casas já, para esta geração”.
Mariana Mortágua disse ainda ter ouvido Pedro Nuno Santos (PS) referir num debate este sábado que não há mais nada a fazer na habitação, apenas esperar que a construção se faça. “Isto é desistir da vida das pessoas, é desistir de quem não consegue que o seu salário chegue para pagar uma renda”, condenou.
Taxar os mais ricos? "É um caminho", afirma Paulo Raimundo
Assinalou que "grandes empresas têm milhares de milhões de lucro e pagam o salário mínimo" aos seus trabalhadores e salientou que a medida proposta pelo BE prevê taxar os 0,5% mais ricos com uma taxa de 1,7 por cento sobre o seu património.