Entrevista RTP. "Sinto que o país sente que os políticos não tiveram respeito pelo sofrimento que as pessoas tiveram"

por RTP

António Costa tem "muita pena" de que a proposta de Orçamento do Estado não tenha sido aprovada e diz que os políticos não tiveram respeito pelo que as pessoas sofreram. O primeiro-ministro recusa, no entanto, atacar o PCP e o Bloco de Esquerda ou responder a críticas, porque não quer abrir feridas que é preciso sarar.

Nesta entrevista, o chefe do Executivo assumiu que manteve, até ao derradeiro momento, a esperança de a proposta de Orçamento do Estado para o próximo ano pudesse ser aprovada.

"Nós fizemos tudo, tudo o que estava ao nosso alcance para garantir ao país o Orçamento de que o país precisava e estivemos a negociar até ao último dos minutos", declarou na entrevista conduzida pelo jornalista António José Teixeira.

António Costa recusou acusar PCP e Bloco de Esquerda, mas deixou claro que ambos os partidos não demonstraram ter vontade de prolongar a vida política da denominada geringonça: "Nem vou fazer processos de intenções, nem vou querer andar a abrir feridas que importa sarar, porque Portugal tem que superar esta crise".

Questionado sobre a hipótese de uma maioria absoluta, Costa evitou assumir esse objetivo, ao afirmar que "o país não quer mais polémicas".

"O país não quer tricas políticas. O país quer nós nos concentremos em cumprir o nosso dever, que é encontrar soluções. Eu devo dizer uma coisa: o que eu sinto que o país sente é que os políticos não tiveram respeito pelo sacrifício que as pessoas fizeram, não tiveram respeito pelo que as pessoas viveram", acentuou o primeiro-ministro, referindo-se aos efeitos da pandemia da Covid-19 no país.

António Costa revelou ter sido contactado pelo Presidente da República sobre a via da dissolução do Parlamento e consequente convocação de eleições legislativas antecipadas, caso a proposta de Orçamento do Estado para 2022 fosse chumbada.

"Sinceramente, acho que não é possível apontar o dedo ao Presidente da República. Acho que o Presidente da República, perante as circunstâncias com que foi confrontado pelos partidos políticos, não lhe restava escolher a menos má de todas as más soluções", disse.

Quanto à data escolhida para as legislativas, o dia 30 de janeiro, Costa limitou-se a afirmar que, quanto mais cedo, melhor.

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