Política
Figura do 25 de Abril. Morreu o general Garcia dos Santos
Morreu, aos 89 anos, o general Garcia dos Santos, militar que desempenhou um papel preponderante na Revolução dos Cravos. A notícia foi confirmada pela RTP.
O general foi chefe do Estado-Maior do Exército e, em 1974, era um dos "mais velhos" entre os capitães de Abril.
Nesse tempo em que a mordaça da ditadura, sem saber, já tinha os dias contados, Otelo pede a Garcia dos Santos para fazer o plano de transmissões do 25 de Abril, numa época em que Portugal só dispunha de aparelhos do tempo da II Guerra Mundial.
Ficou assim encarregue das transmissões durante a Revolução dos Cravos, primeiro dos capitães e depois do povo.
Em comunicado, o Exército escreve que "está de luto por ter deixado de contar com um dos seus mais notáveis soldados. A sua vida e o seu legado justificam um profundo reconhecimento e perene respeito pela sua memória, constituindo factor de motivação e orgulho para todos os que servem nesta secular instituição". O velório terá lugar no domingo, na Capela da Academia Militar, em Lisboa, a partir das 16h00. O funeral seguirá para o Cemitério do Alto de São João, na segunda-feira, onde o corpo será cremado às 13h00.
Amadeu Garcia dos Santos entrou para Escola do Exército ao mesmo tempo que António Ramalho Eanes, em 1953. Muitos anos depois assumiu as funções de chefe da Casa Militar do presidente da República Eanes.
Foi também secretário de Estado nos governos provisórios liderados por Vasco Gonçalves e Pinheiro de Azevedo.
Garcia dos Santos marcou também o final da década de 90 do século passado quando foi presidente da Junta Autónoma de Estradas (JAE). Em 1998 denunciou a existência de corrupção na JAE marcando uma das maiores polémicas dos tempos de António Guterres como primeiro-ministro.
Amadeu Garcia dos Santos nasceu em Lisboa, em 1936, e morreu esta sexta-feira, em casa, aos 89 anos.