Política
Presidenciais
Fronteira política entre Belém e Governo aqueceu debate
A extensão da linha divisória entre a Presidência da República e o Governo foi o tema que animou o frente-a-frente televisivo entre Cavaco Silva e Francisco Lopes. O candidato à reeleição deu mais um passo na separação de águas, ao considerar que uma eventual intervenção do FMI significaria que o Executivo de José Sócrates “falhou”. Sem poupar nas críticas, o candidato comunista associou o adversário ao “pior da política” socialista e evocou o caso do BPN.
Perante o quadro financeiro do país, impõe-se, nas palavras de Cavaco Silva, que o Governo “desenvolva as acções necessárias”, de forma a evitar a necessidade de recurso ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Tem sido esta a posição do candidato apoiado por PSD, CDS-PP e Movimento Esperança Portugal (MEP). Na noite de terça-feira, porém, Cavaco quis distanciar-se mais de José Sócrates. Entregar as contas públicas ao FMI, disse, é atestar que o Executivo “falhou”: “De alguma forma falhou. O Governo tem-me dado todas as garantias de que actuará por forma a que o Fundo Monetário Internacional não entre em Portugal”.
No primeiro debate transmitido pela TVI, Cavaco Silva teve por diante um interlocutor apostado em ligar o actual Presidente da República ao “pior da política” do actual Governo. Francisco Lopes acusou mesmo o adversário de ter sido o rosto de “um acordo estratégico” com o Executivo socialista. Mas também de “baixar os braços” face “à lógica dos mercados e da sua especulação”.
Cavaco Silva devolveu: “Se alguém o ouvisse lá fora, significava que estava a lançar mais trabalhadores no desemprego”.
O passado
O candidato presidencial do PCP recordaria, adiante, os dez anos de Cavaco Silva à frente do poder executivo para o colocar na galeria dos “principais responsáveis pela situação portuguesa”. “Foi o candidato Cavaco Silva que, nos anos 90, nos disse que Portugal ia integrar o pelotão da frente da União Europeia. Hoje vê-se o que é isso do pelotão da frente”, sublinhou Francisco Lopes.
Cavaco recuou também ao seu passado enquanto primeiro-ministro. Mas com um propósito diferente. “Os portugueses”, sustentou, “não esquecem quem criou o 14.º mês para os pensionistas. Os trabalhadores não esquecem quem pôs fim aos salários em atraso na península de Setúbal”.
Sem desarmar na estratégia de colagem do Presidente Cavaco Silva às escolhas políticas de Sócrates, Francisco Lopes jogou a cartada da nacionalização do Banco Português de Negócios (BPN). Tratou-se, segundo o candidato comunista, de uma operação que visou “cobrir a fraude” da administração de Oliveira e Costa, “um dos financiadores da campanha de Cavaco Silva” em 2006.
“Separar as coisas”
À margem do debate para o escrutínio de 23 de Janeiro, a cúpula do PCP acentuou a ofensiva política contra o desempenho recente de Cavaco Silva enquanto Chefe de Estado. O secretário-geral do PCP acusou ontem o actual Presidente da República de confundir as funções institucionais com a campanha eleitoral: “Não se sabe bem onde acaba o Presidente da República e começa o candidato Cavaco Silva, numa mistura de posicionamentos e responsabilidades que acaba por discriminar outras candidaturas”.
“Não estou a dizer que o Presidente da República deixe de ser Presidente da República, mas era importante separar as coisas, porque, no exercício das suas responsabilidades como Presidente da República, tem a visibilidade que tem, com os meios públicos que são precisos, em desfavor dos outros candidatos. Devia ter o sentido da medida e separar aquilo que é de separar”, enfatizou Jerónimo de Sousa.
O dirigente comunista referia-se a uma posição assumida durante um acto de campanha a propósito do diploma do Governo que altera o regime de financiamento do ensino particular e cooperativo. Cavaco Silva prometeu “assumir responsabilidades” se não existir “bom senso”.
No primeiro debate transmitido pela TVI, Cavaco Silva teve por diante um interlocutor apostado em ligar o actual Presidente da República ao “pior da política” do actual Governo. Francisco Lopes acusou mesmo o adversário de ter sido o rosto de “um acordo estratégico” com o Executivo socialista. Mas também de “baixar os braços” face “à lógica dos mercados e da sua especulação”.
Cavaco Silva devolveu: “Se alguém o ouvisse lá fora, significava que estava a lançar mais trabalhadores no desemprego”.
O passado
O candidato presidencial do PCP recordaria, adiante, os dez anos de Cavaco Silva à frente do poder executivo para o colocar na galeria dos “principais responsáveis pela situação portuguesa”. “Foi o candidato Cavaco Silva que, nos anos 90, nos disse que Portugal ia integrar o pelotão da frente da União Europeia. Hoje vê-se o que é isso do pelotão da frente”, sublinhou Francisco Lopes.
Cavaco recuou também ao seu passado enquanto primeiro-ministro. Mas com um propósito diferente. “Os portugueses”, sustentou, “não esquecem quem criou o 14.º mês para os pensionistas. Os trabalhadores não esquecem quem pôs fim aos salários em atraso na península de Setúbal”.
Sem desarmar na estratégia de colagem do Presidente Cavaco Silva às escolhas políticas de Sócrates, Francisco Lopes jogou a cartada da nacionalização do Banco Português de Negócios (BPN). Tratou-se, segundo o candidato comunista, de uma operação que visou “cobrir a fraude” da administração de Oliveira e Costa, “um dos financiadores da campanha de Cavaco Silva” em 2006.
“Separar as coisas”
À margem do debate para o escrutínio de 23 de Janeiro, a cúpula do PCP acentuou a ofensiva política contra o desempenho recente de Cavaco Silva enquanto Chefe de Estado. O secretário-geral do PCP acusou ontem o actual Presidente da República de confundir as funções institucionais com a campanha eleitoral: “Não se sabe bem onde acaba o Presidente da República e começa o candidato Cavaco Silva, numa mistura de posicionamentos e responsabilidades que acaba por discriminar outras candidaturas”.
“Não estou a dizer que o Presidente da República deixe de ser Presidente da República, mas era importante separar as coisas, porque, no exercício das suas responsabilidades como Presidente da República, tem a visibilidade que tem, com os meios públicos que são precisos, em desfavor dos outros candidatos. Devia ter o sentido da medida e separar aquilo que é de separar”, enfatizou Jerónimo de Sousa.
O dirigente comunista referia-se a uma posição assumida durante um acto de campanha a propósito do diploma do Governo que altera o regime de financiamento do ensino particular e cooperativo. Cavaco Silva prometeu “assumir responsabilidades” se não existir “bom senso”.