Em reação a críticas deixadas na véspera pela coordenadora do Bloco de Esquerda, o ministro das Infraestruturas veio este domingo reafirmar que o bónus da presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, “só existe se o plano” de reestruturação da companhia “for inteiramente cumprido”. João Galamba acusa mesmo Catarina Martins de “desconhecer por completo” este dossier.
Galamba responde ao BE. Bónus da CEO da TAP "só existe se plano for bem-sucedido"
“O bónus só existe se o plano for bem-sucedido. Foi isso que foi acordado em 2021 quando a atual CEO da TAP foi contratada. O bónus só será pago se for inteiramente cumprido o plano de reestruturação”, insistiu o ministro das Infraestruturas, que falava aos jornalistas no porto das Lajes das Flores, nos Açores.João Galamba havia já sustentado, na passada
sexta-feira, que o Estado, enquanto “pessoa de bem”, cumpriria o que
ficou contratado no que diz respeito ao bónus da presidente da TAP.
“Penso que a líder do BE está enganada e mostra desconhecer por completo a situação da TAP. A TAP está numa situação económica difícil e houve um acordo de emergência assinado por todos os sindicatos. Repito: por todos os sindicatos”, acentuou Galamba, para acrescentar que a alternativa à reestruturação seria “a falência e o desaparecimento” da empresa. ”Pelos vistos, a líder do BE quer desrespeitar alguns contratos, mas os contratos são todos para respeitar. Todos. Os dos trabalhadores e o da administração”, enfatizou o ministro.
“Dado o volume de fundos que foi injetado na TAP, é do interesse de todos os portugueses e penso que devia ser de todos os lideres partidários que este plano corra bem. Se correr bem, são seguramente boas notícias para os portugueses que fizeram um esforço muito grande”, completou.
O Jornal Económico e a CNN Portugal noticiaram na quinta-feira que, ao ser contratada, a CEO da TAP, Christine Ourmières-Widene, estabeleceu condições para poder obter um bónus de três milhões de euros.
“Muito infeliz”
A coordenadora do Bloco considerou no sábado “muito infeliz” a posição assumida por João Galamba face ao bónus da presidente executiva da TAP, rejeitando um “Estado pessoa de bem para a elite do privilégio”, enquanto corta em direitos laborais “sem pestanejar”.
“Não posso deixar de assinalar a frase muito infeliz do ministro João Galamba ao dizer que, como o Estado é uma pessoa de bem, teria de manter os prémios milionários na TAP”, observou Catarina Martins, depois da reunião da Mesa Nacional do Bloco de Esquerda.
“Esse Estado pessoa de bem cortou mais de 20 por cento nos salários dos trabalhadores da TAP, despediu trabalhadores, não renovou contratos quando havia toda a expectativa”, enumerou.
Relativamente à comissão de inquérito, proposta pelo BE, sobre a tutela política da gestão da TAP, aprovada na sexta-feira, a dirigente partidária afirmou aguardar que “possa determinar responsabilidades políticas claras nas decisões que foram tomadas”.
“E que possa ser uma comissão de inquérito que não só avalia o que foi feito, mas também permita criar novos padrões na forma como o estado se comporta nestes processos e nas empresas públicas”, rematou.
c/ Lusa
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