IRS. PSD disponível para "acomodar visão" de Chega e PS para reduzir imposto

por João Alexandre - Antena 1

O PSD admite negociações com o PS para reduzir a carga fiscal e garante que está disponível para acolher algumas das propostas dos socialistas - mas também do Chega - durante o debate que está a decorrer, na fase de especialidade, na Assembleia da República.

"É um caminho que espero que conduza a bons resultados e que poderá, naturalmente, acomodar - até pela composição parlamentar - aquela que é a visão do Partido Socialista e do partido Chega", diz, na Antena 1, o social-democrata Alexandre Poço.


Foto: Gonçalo Costa Martins, Antena 1


O deputado e vice-presidente do grupo parlamentar do PSD sublinha, no entanto, que, ainda antes da Assembleia da República ter aprovado as propostas do PS, com os votos contra do PSD e do CDS-PP, os sociais-democratas tentaram travar a votação na generalidade - com a proposta de descida dos projetos de lei à especialidade sem votação - para alcançar um entendimento. "Sinalizámos a vontade de conseguirmos um texto comum na fase de especialidade que acomodasse o nosso objetivo", lembra o deputado no programa Entre Políticos.
PS admite diálogo na especialidade para "fechar dossiês" legislativos
Apesar das divergências, o PS mostra-se aberto ao diálogo com o PSD e com o Governo da Aliança Democrática para aprovar matérias como a descida do IRS - em que os socialistas criticaram os sociais-democratas por considerarem que a proposta do PSD incidia, sobretudo, nas taxas sobre os escalões mais elevados do imposto. "Esse diálogo poderá ocorrer em sede de especialidade para fechar dossiês legislativos e não teremos nenhum problema com isso", diz, na Antena 1, o socialista João Torres.


Foto: Gonçalo Costa Martins, Antena1

O deputado e vice-presidente da bancada parlamentar do PS insiste ainda que não há qualquer conluio com o Chega ou uma "coligação negativa" na Assembleia da República. "É a democracia a funcionar. E, tal como o Chega aprecia as iniciativas legislativas de outros partidos e vota em função da concordância que tem ou não com esses partidos, assim faz, em regra, o PS", justifica.

João Torres deixa ainda outra mensagem direta aos sociais-democratas a propósito do desfecho das mais recentes votações: "Incomoda o PSD porque o PSD ainda está a perceber como é que funciona o mundo das finanças públicas".
Chega vê PSD "arrogante" e ao lado do PS
O Chega lamenta a "indisponibilidade" do PSD para negociar propostas apresentadas pelo partido de André Ventura. É o que diz, em declarações à Antena 1, a deputada e vice-presidente do grupo parlamentar Rita Matias: "Queríamos que as propostas tivessem algum tipo de negociação. Não têm tido. É uma imposição. O PSD, de forma arrogante, diz ao Chega que tem de votar ao lado do PSD apenas porque sim. Não está disponível para votar as nossas propostas. Seja o IRS ou sejam as portagens".


Foto: Gonçalo Costa Martins, Antena1

Rita Matias acusa ainda os sociais-democratas de já terem mostrado preferência pelo partido de Pedro Nuno Santos. "O PSD tomou a sua opção e está hoje a negociar com o PS. Portanto, quem está a dizer que afinal precisa do PS e quer governar com o apoio do PS é o PSD", critica a deputada, que acrescenta: "Os eleitores saberão mais tarde a quem terão de pedir contas".

O programa Entre Políticos tem moderação de João Alexandre e pode ser acompanhado em podcast aqui.
pub