Em artigo de opinião publicado esta segunda-feira no Jornal de Notícias (JN), o antigo primeiro-ministro garante que enquanto chefe do Governo nunca deu orientações ou fez qualquer sugestão fosse a quem fosse que tivessem a ver com concessões de créditos.
O antigo governante diz ainda ser um disparate acreditar que as necessidades atuais da CGD tenham a ver com um governo de há cinco anos.
O antigo líder socialista acusa ainda os mentores da iniciativa de estarem a orquestrar uma infantil manobra tática preventiva, do tipo acuso-te já para que não me acusem depois.
A jornalista da Antena 1 Maria Flor Pedroso revela que o objeto da CPI ao banco público já está definido.
Neste artigo de opinião no JN José Sócrates mostra-se também convencido que a proposta de criação de uma CPI à CGD tem implícito o propósito de transformar eventuais más decisões em supostos crimes de corrupção ou de amiguismo.
A Caixa e Vale de Lobo
O ex-primeiro-ministro diz que a Caixa Geral de Depósitos (CGD) foi capitalizada em 2012, "outros bancos fizeram operações idênticas e passados uns anos devolveram (ou estão a devolver) o dinheiro emprestado pelo Estado".
"Se isso não aconteceu na Caixa é difícil não deduzir que o falhanço no reembolso da dívida e nas necessidades acrescidas de capital tenha a ver com o que se passou nos anos subsequentes", escreve.
Sócrates afirma ainda "perentoriamente" que nunca interveio junto da administração da CGD "para que fosse concedido qualquer crédito" e nunca ninguém lhe pediu que o fizesse.
Para o ex-primeiro-ministro, "no centro deste ataque político" está "a imputação feita pelo Ministério Público relativa a Vale do Lobo", no âmbito da Operação Marquês, em que o ex-primeiro-ministro é arguido.
"Nunca tive conhecimento - nem tinha de ter - de nenhuma decisão da Caixa relativa a esse empreendimento turístico (...), até 2015, altura em que o assunto passou a ser noticiado, não conhecia nem os acionistas nem os gestores nem ninguém ligado a tal empreendimento", garante.