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Lei da nacionalidade. "Portugal fica mais Portugal como defende o Governo? Que raio de Portugal é esse?"
"Portugal fica mais Portugal quando as grávidas não tiverem que parir na rua ou nas ambulâncias" - Gouveia e Melo responde assim ao Governo, que após a aprovação da lei da nacionalidade defendeu que "Portugal fica mais Portugal".
Imagem e edição vídeo de Pedro Chitas
“O que é isso de Portugal mais Portugal? É eu andar enrolado a uma bandeira”, questiona, para logo a seguir dizer que “não aceito lições de patriotismo”.
“Que raio de Portugal é esse?”, pergunta o candidato
“Devemos escolher a imigração que queremos, claro que sim!”
Regulação e medidas de integração é o que Gouveia e Melo reclama para as políticas de imigração.
“O que é que faltou na política de imigração anterior? Uma política de integração" para saber o que fazer aos imigrantes que vêm para Portugal. “Nós basicamente abrimos as portas”, atira ao Governo anterior, e acrescenta que "devemos escolher a imigração que queremos, claro que sim”.
“Desejamos uma imigração de elevado valor acrescentado, em termos de conhecimento, tecnológico, etc., só que a nossa economia ainda não paga suficiente”, lamenta. Não era o momento para discutir a proibição do uso da burca, defende Gouveia e Melo para quem existem outros assuntos mais importantes.
Não dá para já a sua opinião sobre a lei, porque “não quero estar a contribuir para um distrator que serve à política da extrema-direita para fazer uma bandeira, mas também serve a outras áreas políticas para se distraírem dos assuntos que os estão a queimar neste momento”.
O candidato a Belém diz mesmo que o Governo está a ir atrás do Chega para desviar atenções.
“Se a ministra da Saúde está a falhar, o primeiro-ministro também está a falhar”
Na opinião de Gouveia e Melo, não é apenas a ministra da Saúde que está a falhar na organização e capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde.
“Se há uma determinada área que tem uma falha persistente e contínua no tempo, não dando resposta aos portugueses, a culpa não é do responsável dessa área, a culpa é do senhor primeiro-ministro", defende.
Diz Gouveia e Melo que é o primeiro-ministro quem tem o poder de mudar o que está errado, “se não muda é porque acha que aquilo está a correr bem”.
E acrescenta: “Na Saúde, parece que andamos a demitir porque é mais fácil o fusível de baixo partir do que o fusível de cima”.
Saúde: Marcelo “vem falar agora, de forma cândida, sobre um problema que se arrasta há anos”
Gouveia e Melo diz que o problema na saúde não é recente, “claro que falta estratégia, mas não é de agora”. Critica os anteriores Governos socialistas e o atual porque considera que está há tempo suficiente para ter feito alguma coisa.
E acusa ainda Marcelo Rebelo de Sousa de vir a terreiro alertar para a necessidade de estabilidade no SNS através de um pacto de regime, quando já é tarde. “O que eu critico na atual Presidência é que vem falar agora, de forma cândida, sobre um problema que se arrasta há anos”, remata.
Não faltam os meios, falta o comando. Governo está a legislar para as televisões
No SNS, Gouveia e Melo garante que não faltam os meios: “haver meios há, o que há é desorganização, há falta de objetivos, há falta de comando e controlo para ver se esses objetivos foram cumpridos”. E resume: “mas isso não é só na saúde, repare que o Estado está a falhar em muitas áreas”.
“Não basta fazer leis bonitas”, defende. “Os portugueses têm que sentir que o Governo não está só a legislar para as televisões”. E à pergunta: “acha que este Governo está tentado a fazer isso?”, responde: “acho que os portugueses já perceberam isso”.
Direção Executiva do SNS sem poderes e sem meios? “Isso é verdadeiramente perverso”
Assegura que é favorável à existência de um diretor executivo para o SNS, “mas de um modelo bem feito”, no qual essa figura tenha poderes e responsabilidades. “A mim parece-me que não foram atribuídos os poderes essenciais”, afirma.
“Quando um ministro retira poderes executivos ao individuo que tem que organizar um sistema, está-lhe a tirar a capacidade de agir. Isso é que é verdadeiramente iníquo”, e diz ainda que “este modelo não funciona porque o poder político tornou-se cínico”.
“Imagine que este modelo é: vamos pôr aqui um senhor ou uma senhora para, se isto correr mal, o/a podermos queimar em praça pública e salvar a face dos políticos. Não, não é isso”, assegura. Entrevista conduzida pela editora de política da Antena 1, Natália Carvalho.