Lei da nacionalidade. "Portugal fica mais Portugal como defende o Governo? Que raio de Portugal é esse?"

"Portugal fica mais Portugal quando as grávidas não tiverem que parir na rua ou nas ambulâncias" - Gouveia e Melo responde assim ao Governo, que após a aprovação da lei da nacionalidade defendeu que "Portugal fica mais Portugal".

Andreia Brito, Natália Carvalho - Antena 1 /

Imagem e edição vídeo de Pedro Chitas

Em entrevista ao podcast da Antena 1 Política com Assinatura, o candidato à Presidência da República defende que Portugal mais Portugal será quando "os serviços públicos não falharem, quando houver confiança nos tribunais, quando as grávidas não tiverem que parir na rua ou nas ambulâncias, esse é que é Portugal mais Portugal”.

O que é isso de Portugal mais Portugal? É eu andar enrolado a uma bandeira”, questiona, para logo a seguir dizer que “não aceito lições de patriotismo”.

Que raio de Portugal é esse?”, pergunta o candidato
“Devemos escolher a imigração que queremos, claro que sim!”

Regulação e medidas de integração
é o que Gouveia e Melo reclama para as políticas de imigração.

O que é que faltou na política de imigração anterior? Uma política de integração" para saber o que fazer aos imigrantes que vêm para Portugal. “Nós basicamente abrimos as portas”, atira ao Governo anterior, e acrescenta que "devemos escolher a imigração que queremos, claro que sim”.

Desejamos uma imigração de elevado valor acrescentado, em termos de conhecimento, tecnológico, etc., só que a nossa economia ainda não paga suficiente”, lamenta.
Não era o momento para discutir a proibição do uso da burca, defende Gouveia e Melo para quem existem outros assuntos mais importantes.

Não dá para já a sua opinião sobre a lei, porque “não quero estar a contribuir para um distrator que serve à política da extrema-direita para fazer uma bandeira, mas também serve a outras áreas políticas para se distraírem dos assuntos que os estão a queimar neste momento”.

O candidato a Belém diz mesmo que o Governo está a ir atrás do Chega para desviar atenções.
“Se a ministra da Saúde está a falhar, o primeiro-ministro também está a falhar”

Na opinião de Gouveia e Melo, não é apenas a ministra da Saúde que está a falhar na organização e capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde.

Se há uma determinada área que tem uma falha persistente e contínua no tempo, não dando resposta aos portugueses, a culpa não é do responsável dessa área, a culpa é do senhor primeiro-ministro", defende.

Diz Gouveia e Melo que é o primeiro-ministro quem tem o poder de mudar o que está errado, “se não muda é porque acha que aquilo está a correr bem”.

E acrescenta: “Na Saúde, parece que andamos a demitir porque é mais fácil o fusível de baixo partir do que o fusível de cima”.
Saúde: Marcelo “vem falar agora, de forma cândida, sobre um problema que se arrasta há anos”

Gouveia e Melo diz que o problema na saúde não é recente, “claro que falta estratégia, mas não é de agora”. Critica os anteriores Governos socialistas e o atual porque considera que está há tempo suficiente para ter feito alguma coisa.

E acusa ainda Marcelo Rebelo de Sousa de vir a terreiro alertar para a necessidade de estabilidade no SNS através de um pacto de regime, quando já é tarde. “O que eu critico na atual Presidência é que vem falar agora, de forma cândida, sobre um problema que se arrasta há anos”, remata.
Não faltam os meios, falta o comando. Governo está a legislar para as televisões

No SNS, Gouveia e Melo garante que não faltam os meios: “haver meios há, o que há é desorganização, há falta de objetivos, há falta de comando e controlo para ver se esses objetivos foram cumpridos”. E resume: “mas isso não é só na saúde, repare que o Estado está a falhar em muitas áreas”.

Não basta fazer leis bonitas”, defende. “Os portugueses têm que sentir que o Governo não está só a legislar para as televisões”. E à pergunta: “acha que este Governo está tentado a fazer isso?”, responde: “acho que os portugueses já perceberam isso”.
Direção Executiva do SNS sem poderes e sem meios? “Isso é verdadeiramente perverso”

Assegura que é favorável à existência de um diretor executivo para o SNS, “mas de um modelo bem feito”, no qual essa figura tenha poderes e responsabilidades. “A mim parece-me que não foram atribuídos os poderes essenciais”, afirma.

Quando um ministro retira poderes executivos ao individuo que tem que organizar um sistema, está-lhe a tirar a capacidade de agir. Isso é que é verdadeiramente iníquo”, e diz ainda que “este modelo não funciona porque o poder político tornou-se cínico”.

Imagine que este modelo é: vamos pôr aqui um senhor ou uma senhora para, se isto correr mal, o/a podermos queimar em praça pública e salvar a face dos políticos. Não, não é isso”, assegura.
Entrevista conduzida pela editora de política da Antena 1, Natália Carvalho.
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