Política
Presidenciais 2026
Lei da nacionalidade. Ventura não cede e Cotrim de Figueiredo critica "braço de ferro"
André Ventura e João Cotrim Figueiredo estiveram esta noite frente a frente em mais um debate presidencial transmitido na SIC.
O debate arrancou com a mais recente divulgação dos clientes de Marques Mendes. Apesar dessa iniciativa, ambos os candidatos mantêm a pressão sobre o antigo líder do PSD.
André Ventura diz que Marques Mendes “é o candidato menos transparente de todos” e o “mais condicionado”.
O candidato apoiado pelo Chega diz que “esta transparência é bem-vinda e deve ser reforçada”, afirmando não ter nada a declarar.
“Sou deputado e conselheiro de todos e tenho de entregar sempre declarações de transparência”, explica, reiterando que no seu caso “tudo é público”. “Tudo é conhecido”.
João Cotrim de Figueiredo mantém pressão sobre Marques Mendes e diz que era bom que revelasse lista de clientes como advogado. “Era bom que o fizesse, mas é com ele”, disse, afirmando também não ter nada a esconder.
Ventura afirmou que já pediu a suspensão do mandato de deputado e critica Cotrim de Figueiredo por não o fazer. “Já pedi a suspensão do mandato e logo que chegue o momento e sobretudo na campanha eleitoral não estarei como deputado”, garantiu o líder do Chega.
Lei da Nacionalidade
Questionados sobre a lei da nacionalidade, Cotrim de Figueiredo insiste naquilo que o separa do seu adversário. “Eu não insistiria na alteração do código penal. Nesta altura, um braço de ferro com o Tribunal Constitucional é adiar a entrada em funcionamento desta lei”, disse.
Ventura, por sua vez, recusa ceder. “Não, não vou abdicar que quem cometa crimes em Portugal seja expulso”, disse. Voltando-se para Cotrim, Ventura diz não perceber a sua posição sobre a lei da nacionalidade.
“Cotrim votou favoravelmente os pactos migratórios da UE que querem distribuir migrantes pelos Estados-membros da UE e sancionar Portugal quando não quer receber mais e acho que estamos um bocadinho cheios de migrantes”, disse.
“Não faço taticismo político com convicções”, sublinhou Ventura, com Cotrim a reiterar que “vamos ter os princípios respeitados e não vamos ter lei da nacionalidade”. “É para isto que serve o Chega”, atirou.
“Se queremos mesmo mudar, vamos bater com a cabeça na parede durante quanto tempo?”, questionou.
"Ingerência" de Trump?
O documento estratégico da Administração Trump com menções à Europa, recentemente divulgado, foi outro dos assuntos a dominar o debate.
Questionado sobre o apoio declarado por parte do presidente dos Estados Unidos aos "partidos patrióticos", André Ventura vincou que discorda de Trump "em muita coisa". No entanto, a nível da imigração, trata-se de "ver o óbvio".
"A Europa não aguenta mais imigração", argumentou, frisando ainda o seu apoio "ao projeto europeu".
Em resposta, Cotrim de Figueiredo atirou que "é muito fácil criticar o que se passa na UE e não discutir qual seria a alternativa" e que Ventura "só sabe falar de migrações e corrupção".
Quanto a Trump, o ex-líder da Iniciativa Liberal afirma que se "nota" a sua defesa da "desintegração europeia".
Como patriotas (...) temos toda a obrigação a ajudar a Europa. A União Europeia é o nosso primeiro parceiro comercial, parceiro político e cultural".
"A Europa dá opiniões sobre os EUA, os EUA dão opiniões sobre a Europa", desvalorizou Ventura ainda neste tema. João Cotrim de Figueiredo afirmou que a ingerência de Trump surge "por medo daquilo que a União Europeia possa fazer se um dia estiver organizada".
Acordo UE - Mercosul
Os dois candidatos estão em desacordo quanto a um entendimento entre a União Europeia e a Mercosul. "Os nossos agricultores não aguentam mais", vincou André Ventura, considerando que esse é um acordo desejado pelas "elites europeias" e que vai "destruir a nossa agricultura".
O líder do Chega afirmou ainda que a decisão de deixar a liderança da Iniciativa Liberal foi "o maior erro da vida" de Cotrim de Figueiredo, optando por uma "reforma dourada" em Bruxelas. "Mas em Bruxelas não tem defendido Portugal", vincou.
O eurodeputado da Iniciativa Liberal rejeitou a acusação, lembrando a candidatura a Belém: "Tenho uma reforma dourada tão boa que resolvi candidatar-me a Presidente da República, vim mesmo para a política para ganhar dinheiro", afirmou.
Sobre o acordo com a Mercosul, Cotrim de Figueiredo afirmou que há em Portugal "40 mil postos de trabalho que dependem da exportação para os mercados da Mercosul".
"Portugal tem muito mais a ganhar do que a perder, como aliás boa parte dos países europeus", acrescentou.
Discórdia nas pensões
Questionado sobre a quebra do Chega entre os eleitores mais jovens, Cotrim de Figueiredo afirmou que a "indignação no TikTok pode entreter mas nada resolve".
"Tenho soluções para os problemas que levanto, não faço só alarido", disse ainda.
André Ventura criticou a questão, assinalando o seu posicionamento nas sondagens para a Presidência da República. Garantiu que não planeia a sua campanha a pensar em determinados segmentos.
"Eu quero ganhar todos porque a minha transformação é para todos", apontando críticas a Cotrim de Figueiredo pelo voto contra da IL ao aumento de pensões em Portugal.
Ventura afirmou ter "uma visão social do país" e que a IL quer uma "pobreza selvática" um mercado "absolutamente selvagem".
Sobre as pensões, Cotrim de Figueiredo explicou que um presidente, mesmo sem poder executivo, poderá sensibilizar para uma reforma célere da Segurança Social. "Estou preocupado com as pensões atuais e as pensões daqui a 20 e 30 anos".
Acusações sobre Sócrates e a TVI
O debate ficou ainda marcado pela acusação de Cotrim de Figueiredo sobre o trabalho desempenhado por André Ventura na função pública.
"Sou tanto das elites que não fui eu que passei de ser inspetor tributário para dar conselhos aos milionários de como fugir aos impostos", rematou. André Ventua afirma ter "orgulho" em ter sido funcionário público.
O anitgo líder da IL afirmou ainda que Ventura "votou" em José Sócrates no passado, algo que o candidato apoiado pelo Chega negou em vários momentos do debate.
Ventura respondeu que "não fez um percurso de amigalhaços" e que foi inspetor tributário após ter terminado um estágio. "Não estava na TVI a despedir a Manuela Moura Guedes a pedido do Sócrates".
Cotrim de Figueiredo negou a acusação, afirmando que se "incompatibilizou" com "os acionistas da TVI, esses sim, amigos de Sócrates".
O candidato apoiado pela Iniciativa Liberal acusou ainda Ventura de “hipocrisia”, afirmando que no Chega, “os casos de pedofilia sucedem-se”.
“Quem bate no peito contra a pedofilia, não pode ter esta sucessão de casos”, criticou o antigo líder da IL, lembrando também a proximidade de Ventura a pessoas como o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, também ligado a escândalos de pedofilia.
André Ventura questiona “se na IL não há problemas de crimes” e atesta: “A diferença é que não recebo chantagem de financiadores para afastar candidatos. Eu quero castrar os pedófilos, o João quer protegê-los”.
“Quem bate no peito contra a pedofilia, não pode ter esta sucessão de casos”, criticou o antigo líder da IL, lembrando também a proximidade de Ventura a pessoas como o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, também ligado a escândalos de pedofilia.
André Ventura questiona “se na IL não há problemas de crimes” e atesta: “A diferença é que não recebo chantagem de financiadores para afastar candidatos. Eu quero castrar os pedófilos, o João quer protegê-los”.
Cotrim de Figueiredo tem a última palavra neste debate e afirma: “Estive a debater com alguém que não tem perfil para ser presidente da República”.
Dirigindo-se diretamente aos eleitores do Chega, o candidato apoiado pela IL diz: “Se votarem em André Ventura, estão a fazer com que alguém, provavelmente do pior que o sistema já produziu, ganhe uma segunda volta. Se quiserem que as coisas mudem, têm uma boa alternativa, mas não é votar em André Ventura”.
Dirigindo-se diretamente aos eleitores do Chega, o candidato apoiado pela IL diz: “Se votarem em André Ventura, estão a fazer com que alguém, provavelmente do pior que o sistema já produziu, ganhe uma segunda volta. Se quiserem que as coisas mudem, têm uma boa alternativa, mas não é votar em André Ventura”.