Líder histórico do PCP Álvaro Cunhal foi operado, em Moscovo, em 1989

por Lusa
Reuters

Jerónimo de Sousa é o segundo secretário-geral do PCP a fazer uma operação cirúrgica, depois de Álvaro Cunhal ter sido operado a um aneurisma, ainda na antiga União Soviética, em 1989.

O PCP anunciou hoje que o secretário-geral comunista, Jerónimo de Sousa, 74 anos, vai ser submetido a uma operação urgente "da estenose carotídea (à carótida interna esquerda)" na quarta-feira e vai falhar a primeira parte da campanha das legislativas enquanto estiver a recuperar.

Até lá, será substituído por João Ferreira, ex-candidato presidencial e vereador da CDU na câmara de Lisboa, e pelo líder parlamentar do PCP, João Oliveira, ambos com menos de 45 anos.

Em 1989, Álvaro Cunhal vai à União Soviética, então sob a liderança de Mikhail Gorbatchov, para ser operado a um aneurisma da aorta. Dois anos depois, começa a sucessão, com a escolha de Carlos Carvalhas, primeiro como secretário-geral adjunto e depois como líder.

A razão da sua ida à URSS não foi revelada antecipadamente nem mesmo ao Comité Central e, na altura, o partido desmente que o secretário-geral esteja doente.

Em Moscovo, o líder histórico dos comunistas portugueses é recebido por Gorbatchov e condecorado com a ordem Lenine, uma das mais altas distinções do regime soviético.

Na capital da URSS, conta José Milhazes no livro "Cunhal, Brejnev e o 25 de Abril", os médicos optam por operar o dirigente comunista português e este informa, então, o Comité Central, em Lisboa, segundo descreve Anatoli Tchernaiev, conselheiro de Gorbachov.

Ao terceiro dia, Cunhal já conseguiu sentar-se numa mesa no hospital e o assistente que ajudou na operação, Rinat Aktchurin, recorda-o como "um homem forte, simpático e contactável".

Regressa a Lisboa em 16 de março de 1989. Aos jornalistas, afirmou que se sentia "muito bem, com vontade de trabalhar e com condições para trabalhar", tendo discursado num comício dias depois.

Aos 70 anos, Cunhal já preparava a sua saída da liderança. E que aconteceu em dois momentos. Primeiro, com a escolha de um secretário-geral adjunto, Carlos Carvalhas, em 1990. Deixou a liderança dois anos depois, em 1992, apesar de continuar à frente do conselho nacional, um órgão consultivo extinto poucos anos depois.

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