Numa nota divulgada esta quarta-feira na página da Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa manifesta "profundo pesar" pela morte de João Cravinho. Lembra o "político multifacetado" que "exerceu os mais diversos e exigentes cargos públicos", tendo sido ministro em vários Governos, bem como deputado na Assembleia da República e deputado ao Parlamento Europeu, "onde aliás foi vice-presidente".

O presidente da República lembra ainda o destaque que João Cravinho obteve como presidente da Comissão Independente para a Descentralização. "Pautou a sua vida por uma defesa incansável da ética na política e na vida pública, lutando sempre contra a corrupção e desempenhando os mais diversos cargos com desassombro e coragem".

"O presidente da República apresenta as suas sentidas condolências à família e amigos, bem como ao Partido Socialista, ao qual pertenceu", conclui a nota no site da presdiência.

No Parlamento, os deputados assinalaram a morte do antigo ministro com um minuto de silêncio, num momento em que eram proferidas declarações políticas no âmbito da Comissão Peramente da Assembleia da República.

O presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, destacou os "inúmeros cargos de relevo" desempenhados pelo ex-ministro. Considerou ainda que João Cravinho "prestou serviços relevantes ao país". 

Foi "membro de vários Governos e nosso colega aqui na Assembleia da República", palavras que antecederam um minuto de homenagem por parte dos deputados presentes.

Também o atual secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, expressou através de uma publicação nas redes sociais "o mais profundo pesar" pela morte de João Cravinho.

Em meu nome e em nome do Partido Socialista, expresso o mais profundo pesar pelo falecimento de João Cravinho. Já transmiti à sua esposa e ao seu filho, em nome de todos os socialistas, a nossa solidariedade e os nossos sentidos pêsames neste momento de luto.

Figura histórica do…

— Pedro Nuno Santos (@PNSpedronuno) April 16, 2025

Figura histórica do PS, João Cravinho foi uma referência ética e política para várias gerações. Homem de convicções firmes, com um percurso notável ao serviço da democracia, destacou-se pela sua visão exigente da política como espaço de serviço público e por um olhar visionário sobre a transformação da indústria portuguesa e sobre a mobilidade no território", assinala o líder socialista.

Pedro Nuno Santos assinala ainda que a memória de João Cravinho "perdurará como exemplo de integridade e compromisso com o bem comum".

Foram várias as personalidades e protagonistas da política que reagiram na RTP3 com pesar e lamentaram a perda do antigo governante.

A antiga ministra Maria de Belém lamentou esta quarta-feira a morte de João Cravinho. Salientou o "percurso extraordinário" do ex-ministro, elogiando "uma personalidade muito especial pela sua inteligência e pensamento estratégico".

A ex-ministra afirmou mesmo que João Cravinho foi "uma pessoa à frente do seu tempo" e "vanguardista". "Deixa um grande vazio", tendo sido "uma referência" para a política portuguesa, considera Maria de Belém.

Também em entrevista à RTP, o antigo secretário de Estado Vitalino Canas lembrou um "homem excecional" com "visão estratégica para o país". Vitalino Canas considerou, no entanto, que o ex-ministro "era um estratega, mas também um fazedor".

Destacou a preparação exaustiva de Cravinho para o debate de vários temas e como o ex-ministro "deu muita coisa ao país".

Vitalino Canas destacou o homem "convicto e frontal" que ficou associado ao início e avanço de várias obras no país, sobretudo em finais dos anos 90 e início dos anos 2000.

Por sua vez, o ex-ministro da Educação Marçal Grilo lembrou o antigo colega "com saudade" e considerou que o ex-ministro esteve "solitário e mal acolhido" no combate à corrupção. "A classe política não estava muito interessada naquele combate", afirmou em entrevista à RTP.

Marçal Grilo lembrou ainda um "excelente companheiro de trabalho", competente no estudo e apresentação de dossiers complexos como o do novo aeroporto de Lisboa. Considerou ainda que este "é um dia triste" e que João Cravinho é alguém a quem "o país deve muito".

O embaixador Francisco Seixas da Costa lembrou esta quarta-feira aquele que considera "uma das figuras morais mais marcantes" da sua geração. Em entrevista à RTP3, considerou que João Cravinho "juntava o rigor do engenheiro à capacidade do economista" e que se destacava pela sua inteligência.

João Cravinho tinha "uma juventude eterna" e "um imenso entusiasmo com tudo. (...) Era sempre da nossa idade embora fossemos mais novos", acrescenta Seixas da Costa. Considera ainda que João Cravinho foi "um homem saudavelmente teimoso" e com "convicções profundas". A sua "capacidade negocial" e "interlocução extraordinária" valeram-lhe prestígio a nível nacional e internacional, considerou ainda o embaixador.