"Nova estratégia dos EUA quer usar extrema-direita para dividir a Europa", diz Rui Tavares

Numa reação ao texto da nova Estratégia de Segurança Nacional dos Estados Unidos, que aponta um continente europeu em "declínio económico" e num processo de "apagamento civilizacional", Rui Tavares considera que, mais do que preocupada com os anúncios de Washington, a Europa deve agir para construir uma Comunidade Europeia de Defesa e tentar afirmar "independência" face a Donald Trump.

João Alexandre - Antena 1 /
Pedro A. Pina - RTP

Em declarações à Antena 1, à margem dos trabalhos do Congresso dos Verdes Europeus, que se realiza em Lisboa, o co-porta-voz do Livre - um dos membros do Partido Verde Europeu - avisou ainda que não deve haver dúvidas sobre o que significa a ameaça anunciada com o novo documento.

"O que a Casa Branca nos diz, preto no branco, é que quer utilizar a extrema-direita para dividir a Europa. Ninguém vá ao engano, isto está aqui para toda a gente ver. A extrema-direita, na Europa, serve de testa-de-ferro dos autocratas, dos Putins e dos Trumps desta vida, para enfraquecer a Europa", disse.

Para o ex-eurodeputado, após confrontada com a nova estratégia americana para o setor da segurança, a Europa deve "tomar nota" e "agir".
"A Europa é uma grande economia no seu conjunto. Em termos de população, é mais forte do que a Rússia e do que os Estados Unidos. Nós somos 800 milhões neste continente que ainda é muito rico e que pode fazer as suas escolhas, que pode constituir-se numa comunidade política democrática e que, no fundo, declara a sua independência", insistiu Rui Tavares.

O co-porta-voz do Livre lamenta ainda a forma como o presidente da Federação Russa, Vladimir Putin, "provocou" a Europa ao dizer-se "preparado" para uma guerra mais alargada no continente europeu: "Fez uma total provocação, atribuindo a vontade de guerra à Europa, mas dizendo que ele estava pronto. Uma ameaça clara".
O assunto foi, inclusive, levado ao debate preparatório do Conselho Europeu, no parlamento, com o primeiro-ministro, a afirmar tratar-se de uma "provocação" por parte de Vladimir Putin.

"Mais inquietante do que aquilo que Putin disse é aquilo que Trump não disse. Seria impensável na história do pós-guerra que um presidente da Federação Russa dissesse estou pronto para a guerra com a Europa e que não se ouvisse, do outro lado do Atlântico, que isso é impensável", sublinhou, em declarações à Antena 1.
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