PCP diz que Relvas não tem condições para continuar no Governo caso se confirmem "alegadas pressões"

por Lusa

Lisboa, 19 mai (Lusa) - O PCP considerou hoje que caso se confirmem as "alegadas pressões" do ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares a uma jornalista do Público, Miguel Relvas "não tem condições para continuar a ser membro do Governo".

"A confirmarem-se estas alegadas pressões e perante uma ação deste tipo, um ministro não tem condições para continuar a ser membro de um Governo", afirmou o deputado do PCP Miguel Tiago, em declarações à Lusa.

Sublinhando que antes de mais importa "clarificar o mais possível" o que aconteceu e confirmar as versões do Conselho de Redação e da direção do jornal Público, Miguel Tiago defendeu que "a confirmarem pressões com as caraterísticas descritas alguma consequência terá que haver".

"O primeiro patamar deverá ser clarificar, esclarecer, para apurar os contornos em que as pressões ocorreram, porque, quer o comunicado do Conselho de Redação do Público, quer o comunicado evidenciam pressões, embora com versões diferentes", referiu.

Depois, continuou o deputado comunista, e caso se confirmem as pressões, terão que se retirar consequências, pois "uma pessoa que recorre a este tipo de expedientes não tem condições para continuar no Governo".

Questionado sobre se o PCP está disponível para apoiar o pedido do PS para que o ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares vá ao Parlamento esclarecer o caso, Miguel Tiago notou que o seu partido "não tem por hábito opor-se à ida de membros do Governo à Assembleia da República".

"Tudo o que seja caminho para a clarificação é válido", disse, reiterando que caso as pressões se confirmem são "inaceitáveis".

O Conselho de Redação do Público denunciou na sexta-feira, em comunicado, que Miguel Relvas ameaçou queixar-se ao regulador do setor, promover um "blackout" de todos os ministros ao jornal e divulgar, na Internet, dados da vida privada de uma jornalista, se fosse publicada uma determinada notícia.

A notícia, da autoria de Maria José Oliveira e que acabou por não ser publicada, pretendia evidenciar "as incongruências" das declarações do ministro, na terça-feira, no Parlamento, sobre o caso das secretas.

Numa nota posterior, a direção do jornal justificou-se alegando que "não havia matéria publicável", tendo a decisão sido tomada antes de conhecer as ameaças.

Mais tarde, o Público noticiou que o ministro Miguel Relvas pediu, nesse dia, desculpa ao jornal, depois de a direção ter protestado contra "uma pressão" do governante sobre uma jornalista que acompanha o caso das secretas.

O pedido de desculpas, noticiado pelo jornal, ocorreu no mesmo dia em que o gabinete de Miguel Relvas refutou a denúncia do Conselho de Redação do Público sobre ameaças do titular da pasta da comunicação social ao jornal e a uma jornalista, por causa de uma notícia relacionada com o caso das secretas, e que acabou por não ser publicada.

O PS já anunciou que vai pedir a presença do ministro no Parlamento para esclarecer o caso e o Sindicato dos Jornalistas (SJ) vai solicitar a intervenção da Entidade Reguladora para a Comunicação Social e da Comissão Parlamentar de Direitos, Liberdades e Garantias.

O SJ defende que, a confirmarem-se as ameaças e pressões imputadas ao ministro, este "deixaria de ter condições para se manter no Governo".

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