PCP quer ouvir Rangel e Nuno Melo no parlamento sobre aviões nas Lajes
O PCP pediu hoje a audição parlamentar dos ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa Nacional sobre os aviões norte-americanos que aterraram na Base das Lajes destinados a Israel, anunciou o secretário-geral do partido, que recusou pedir já demissões.
Em declarações aos jornalistas durante uma arruada em Faro, Paulo Raimundo defendeu que Portugal "é um país soberano" e "não se pode dar ao luxo" de deixar que aviões, em particular dos Estados Unidos, aterrem em solo nacional "sem autorização".
"Alguém vai ter de explicar isso e é exatamente porque alguém vai ter de explicar isso que nós chamámos à Assembleia da República quer o ministro dos Negócios Estrangeiros, quer o ministro da Defesa", anunciou Paulo Raimundo.
O secretário-geral do PCP defendeu que "não vale a pena eles estarem a sacudir as responsabilidades um para o outro", porque a "responsabilidade é do Governo" e, portanto, "o Governo vai ter de explicar".
Questionado se lhe parece que o ministro da Defesa Nacional se deveria demitir, como sugeriu o porta-voz do Livre, Rui Tavares, Paulo Raimundo considerou que estar agora a "precipitar a consequência da demissão" de Nuno Melo só teria "uma consequência".
"Deixava de ter explicar aquilo que aconteceu e nós não queremos que ele deixe de explicar. Vai ter de explicar o ministro da Defesa e vai ter de explicar o ministro dos Negócios Estrangeiros", afirmou.
De acordo com um comunicado divulgado esta quinta-feira pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE), tutelado por Paulo Rangel, três aeronaves norte-americanas fizeram uma escala na base açoriana das Lajes com destino a Israel, sem comunicação prévia ao Governo português, uma "falha de procedimento" sobre a qual o chefe da diplomacia portuguesa quer apurar responsabilidades.
A nota refere que esta operação teve "comunicação e autorização tácita (isto é, por decurso do prazo respetivo)" e a comunicação tinha já parecer favorável da AAN (Autoridade Aeronáutica Nacional), que depende do Ministério da Defesa Nacional, tutelado por Nuno Melo.
O MNE realça que "a escala e sobrevoo de três aeronaves americanas para entrega a Israel", ocorrida em 22 de abril, não significa que "tenha sido estritamente violado o compromisso assumido pelo Ministério ou pelo Governo nesta matéria", referindo-se ao embargo à venda de armas e passagem pelo território nacional de material militar para Israel, determinado pelo executivo de Luís Montenegro.