Pedro Duarte propõe "Estados Gerais" para preparar proposta de futuro

por Lusa

Lisboa, 31 mar (Lusa) - O antigo líder da JSD Pedro Duarte defende que o PSD não pode estar à espera de eleições, deve ser proativo, e propõe a realização de uns "Estados Gerais" para preparar uma proposta política de futuro.

Em entrevista à agência Lusa, o social-democrata que há cinco anos exerce funções de direção na Microsoft Portugal declara-se indisponível "para voltar à vida política ativa nesta fase", mas confirma que vai falar ao Congresso do PSD no próximo fim de semana, para defender que o partido deve "abrir um tempo novo, projetando o país a dez, quinze anos".

Apesar das críticas que tem feito ao posicionamento ideológico do PSD, que já qualificou de "acantonado à direita", Pedro Duarte considera que o balanço da governação dos últimos anos "é muito positivo" e diz esperar que a liderança de Pedro Passos Coelho dure "muitos, muitos anos".

Questionado se teria sido bom para o PSD haver outro candidato nas últimas diretas, o antigo deputado responde: "Sinceramente, não. Acho que é uma excelente oportunidade nós termos a questão da liderança resolvida, porque assim podemos concentrar-nos, de facto, no debate de ideias, sem sermos contaminados por alguns jogos de influência e lutas de poder".

Pedro Duarte subscreve as advertências à política financeira do atual Governo do PS. "Vejo com muita preocupação o que se tem passado com esta governação socialista, também ao nível financeiro. Aliás, as semelhanças com os momentos finais da governação de José Sócrates são imensas", afirma.

E manifesta compreensão, "à luz do atual contexto", pela opção do PSD de votar contra o Orçamento do Estado para 2016 sem apresentar propostas de alteração.

Contudo, defende que "o PSD não pode estar à espera que haja eleições no próximo mês, no próximo semestre, no próximo ano", e deseja que "depois deste Congresso, quando o PSD arrumar a casa e se preparar para este novo ciclo, o PSD seja proativo e consiga colocar em cima da mesa as suas ideias".

"Eu gostava de ver deste Congresso sair a ideia de que o PSD irá lançar os seus `Estados Gerais`, trazendo para o seu seio pessoas novas, com novas ideias, para discutir os temas da sociedade portuguesa relevantes. Os temas de futuro, todos eles, que vão desde a cultura à economia, com certeza, desde as matérias sociais às matérias da educação", acrescenta.

"Estados gerais" foi o nome dado a um conjunto de conferências de preparação do programa eleitoral do PS para as legislativas de 1995, quando António Guterres era secretário-geral deste partido.

Segundo Pedro Duarte, com uma iniciativa semelhante, o PSD deve tentar "trazer o que há de melhor na sociedade portuguesa, no mundo académico, no mundo científico, no mundo empresarial, no mundo sindical" e procurar "ter mais mulheres a participar politicamente, mais jovens a participar politicamente".

"Portanto, que traga todo esse manancial de quadros e de recursos para o seu seio, e daí possa sair, de facto, uma proposta política que seja galvanizadora para os portugueses e seja mobilizadora de vontades na sociedade portuguesa", reforça.

No seu entender, o PSD pode, dessa forma, mobilizar "muitas pessoas na sociedade portuguesa moderadas, que se calhar até votaram no PS, mas que não se reveem neste dobrar de espinha do PS face a partidos extremistas".

Nas autárquicas de 2013, Pedro Duarte foi diretor da campanha da candidatura de Luís Filipe Menezes à Câmara do Porto e recentemente esteve com funções semelhantes na equipa da campanha presidencial de Marcelo Rebelo de Sousa.

Interrogado sobre a sua disponibilidade para assumir, agora, mais responsabilidades políticas, declara: "Eu estou inteiramente disponível para contribuir com ideias, do ponto de vista cívico, como tenciono fazer no Congresso, mas não tenho qualquer disponibilidade para voltar à vida política ativa nesta fase da minha vida".

Neste momento, Pedro Duarte afasta totalmente a hipótese de aceitar um convite para um cargo partidário: "Não estou disponível".

Interrogado sobre a hipótese de vir a candidatar-se à liderança do PSD, responde: "Nesta fase, não é algo sequer que eu perca um minuto a pensar, não está minimamente no meu horizonte equacionar isso".

Porém, não exclui, mais a prazo, essa possibilidade: "Para ser honesto, e acho que tenho de ser honesto, eu não posso garantir que não vá mudar a minha posição".

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