Presidenciais. Entrevista à candidata Ana Gomes

por RTP

À pergunta sobre os motivos que tem para defender Rui Pinto, apesar de ilegalidades cometidas por este, Ana Gomes sublinhou que essas não foram ainda julgadas e que Rui Pinto é inocente até haver uma sentença judicial.

A candidata realçou, por outro lado, a contribuição que o pirata informático trouxe à denúncia de fraudes milionárias.

Referindo-se ao caso dos submarinos, Ana Gomes lembrou que houve condenados na Alemanha, mas não em Portugal, e que o procurador-geral à altura dera instruções para arquivar a investigação. E prometeu que, como presidente da República, com respeito pela separação de poderes, trataria de impedir que houvesse obstruções ao curso normal da justiça.

A candidata socialista considerou o caso de José Sócrates como um exemplo de uma justiça demasiado morosa e que, desse modo, não funciona. Os megaprocessos, disse, são muitas vezes uma forma de tornar interminável a administração da justiça e lembrou que justiça demorada é justiça negada.

Ana Gomes escusou-se a indicar os nomes dos notáveis socialistas a quem agradece que não a apoiem e afirmou que se sente muito apoiada por numerosos socialistas. Lembrou que foi pública a sua crítica a António Costa por lançar a candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa e admitiu que, apesar de contar com a amizade de Ferro Rodrigues, não conta com o seu apoio eleitoral.

Apontou também a contradição entre o programa do PS e o ideário do candidato de direita Marcelo Rebelo de Sousa. Ao actual presidente e recandidato, criticou a atitude de normalizar uma força anticonstitucional como o Chega, que não devia ter sido legalizado devido às suas posições de tipo racista e fascista.
O presidente da República, acrescentou, deveria ter pedido aos órgãos próprios, como o Ministério Público e o Tribunal Constitucional, que se pronunciassem sobre a legitimidade desse partido.

Sobre a crise aberta com o homicídio de um cidadão ucraniano pelo SEF, Ana Gomes admitiu que a posição de Eduardo Cabrita se tornou dificilmente sustentável, em parte devido à desautorização pelo presidente da República - mais um caso, disse, que deveria dar que pensar aos socialistas. 

Ana Gomes defendeu também que se preserve a existência da TAP, como transportadora aérea de importância estratégica para o país. Admitiu a necessidade de um "emagrecimento" da TAP, mas colocando a condição de que esta se faça de forma transparente. 
pub