Programa de Governo PS

por Ana Sofia Rodrigues, Sara Piteira - RTP

O Programa de Governo PS é discutido no Parlamento esta quarta e quinta-feira. Conheça as medidas previstas no documento.

O Programa de Governo do Partido Socialista estabelece quatro objetivos:
  • O virar de página na política da austeridade e na estratégia de empobrecimento, com uma nova estratégia de consolidação das contas públicas assente no crescimento e no emprego, com aumento do rendimento das famílias e criando condições para o investimento das empresas;
  • Defesa do Estado Social e dos serviços públicos;
  • Relançamento do investimento na Ciência, na Inovação, na Educação, na Formação e na Cultura;
  • Respeito pelos compromissos europeus e internacionais, com uma política reforçada de convergência e coesão.

Os socialistas pretendem inscrever políticas para inverter a tendência de perda de rendimento dos portugueses, estimular o emprego, combater a precariedade, melhorar a capacidade de o Estado garantir a provisão dos serviços públicos, modernizar e diversificar a economia e atingir uma trajetória sustentável de redução do défice orçamental e da dívida pública.

Cenário macroeconómico
O Programa do Governo mantém as metas de défice e dívida pública que tinha já assumido no âmbito da negociação à esquerda.

    2014 2015 2016 2017 2018 2019
Saldo orçamental %PIB -7,2 -3,0 -2,8 -2,6 -1,9 -1,5
Dívida Pública %PIB 130,2 128,2 123,9 118,9 115,4 112,0

As principais medidas

A base do Programa de Governo são as propostas que constavam do programa eleitoral do PS. Estas foram sujeitas a algumas alterações decorrentes das negociações com Bloco de Esquerda, PCP e “Os Verdes” e a introdução de outras medidas.

Em cada área, incluímos nos “compromissos à esquerda” as novas medidas acordadas com os partidos de esquerda, bem como as medidas em que houve alguma intervenção decorrente das negociações.
Função Pública
  • Reposição total dos salários em 2016: 25% no primeiro trimestre; 50% no segundo; 75% no terceiro; 100% no quarto;
  • Revisão do regime de “requalificação” de trabalhadores em funções públicas;
  • Desbloquear a negociação coletiva na Administração Pública;
  • Reposição integral dos complementos de reforma dos trabalhadores do setor empresarial do Estado;
  • Política clara de eliminação progressiva do recurso a trabalho temporário pelo Estado;
  • Reforçar a Administração pública com investigadores doutorados.
  • Retomar o regime de trabalho de 35 horas semanais;
  • Iniciar em 2018 o descongelamento das carreiras e limitação das perdas reais de remuneração;
  • Recompensas de boa gestão e reposição de incentivos aos recursos humanos;
  • Simplex para todo o setor público central, regional e local;
  • Eliminação de restrições à contratação dos efetivos necessários, sem implicar aumento de custos globais com pessoal;
  • Injetar sangue novo na administração pública, com o recrutamento de jovens quadros qualificados.
Finanças e Impostos
  • Aumento da progressividade do IRS, com aumento do número de escalões;
  • Alargamento do sistema de estímulos fiscais às PME em sede de IRC;
  • Eliminação do quociente familiar introduzido no OE de 2015 e sua substituição por uma dedução por cada filho;
  • Introdução de uma cláusula de salvaguarda que limite a 75 euros/ano os aumentos de IMI em reavaliação do imóvel que seja habitação própria permanente de baixo valor;
  • Proibição das execuções fiscais sobre a casa de morada de família quando as dívidas são de valor inferior ao valor do bem executado e suspensão da penhora nos restantes casos;
  • Revisão de valores desproporcionados de coimas e juros por incumprimento de obrigações tributárias;
  • Agilizar a negociação de plano de pagamentos por dívidas fiscais e tributárias e à Segurança Social;
  • Redução do IVA da restauração para 13%;
  • Reverter, no que toca à recente reforma do IRC, a "participation exemption" (regressando ao mínimo de 10% de participação social) e o prazo para reporte de prejuízos fiscais (reduzindo dos 12 para 5 anos);
  • Criação de sistema de incentivos à instalação de empresas e ao aumento da produção nos territórios fronteiriços;
  • Reavaliação das reduções e isenções da TSU, em grupo de trabalho;
  • Estabelecimento de Planos plurianuais de combate à evasão e à fraude contributiva;
  • Melhoria das deduções à coleta para os baixos e médios rendimentos.
  • Extinção da sobretaxa de IRS (3,5 por cento) em dois anos, entre 2016 e 2017;
  • Novo imposto sobre as heranças de elevado valor;
  • Garantir a estabilidade e previsibilidade do quadro fiscal, com uma mudança por legislatura em aspetos fundamentais;
  • Alargamento do sistema de estímulos fiscais às PME em sede de IRC;
  • Permitir que quem tenha um crédito perante o Estado possa compensá-lo com créditos devidos pelos impostos e segurança social;
  • Converter benefícios fiscais contratuais em IRC em benefícios fiscais de funcionamento automático.
Economia e Emprego
  • Não inclusão do regime conciliatório, remetendo mecanismos de arbitragem para estudo com parceiros sociais;
  • Não inclusão de qualquer redução da Taxa Social Única das entidades empregadoras;
  • Redução gradual, até ao limite de 4pp, a TSU paga pelos trabalhadores com salário base bruto igual ou inferior a 600€/mensal; Perda de receita será compensada em cada ano com transferência do Estado;
  • Salário Mínimo Nacional atingirá os 600€ durante a presente legislatura;
  • Reposição dos quatro feriados eliminados na anterior legislatura;
  • Criação do complemento salarial anual (crédito fiscal) para melhorar rendimento dos trabalhadores pobres;
  • Reforçar os poderes da Autoridade para as Condições de Trabalho na regularização de falsos recibos e outros vínculos ilegais, com imediata conversão em contratos de trabalho;
  • Combater a precariedade, incluindo falsos recibos verdes, recurso abusivo a estágios e ao uso de contratos emprego/inserção para substituição de trabalhadores;
  • Rever a base de cálculo das contribuições pagas pelos trabalhadores a recibo verde;
  • Renovação das políticas de mínimos sociais, simplificando-as;
  • Revogação da norma do Código de Trabalho que permite contratação a prazo para postos de trabalho permanentes de jovens à procura do primeiro emprego e desempregados de longa duração;
  • Redesenhar a tarifa social na energia elétrica e gás, para ser automática para agregados familiares de baixos recursos e beneficiários de prestações sociais sujeitas a condição de recursos;
  • Limitação do regime de contrato com termo a necessidades comprovadas;
  • Reforçar o programa de emprego científico;
  • Lançar programa calendarizado de contratação pública de bens e serviços públicos com base na identificação de necessidades de inovação;
  • Privilegiar nos apoios públicos as empresas exportadoras ou com atividade fora do país;
  • Desenvolver iniciativas de substituição de importações, nomeadamente setor alimentar.
  • Desbloquear contratação coletiva;
  • Agravar as contribuições para a Segurança Social para empresas que recorram em excesso ao emprego precário/rotatividade dos quadros;
  • Programa de apoio ao emprego jovem e “contrato geração” (reformas a tempo parcial e contratação de jovens desempregados): Programa de incentivo a empresas que contratem jovens desempregados ou desempregados de longa duração;
  • Revogar a possibilidade de existência de um banco de horas individual por mero acordo entre empregador e trabalhador;
  • Acelerar a execução dos fundos comunitários – prioridade máxima;
  • Fundo de capitalização financiado por fundos europeus;
  • Garantir maior articulação dos apoios ao investimento e financiamento de empresas e alterar o tratamento fiscal dos custos de financiamento;
  • Relançar um programa Simplex para as empresas para reduzir o tempo e custo do investimento através de: aprovação do regime “Taxa zero para inovação”, lançamento do programa “Declaração única” e Relançar o programa “Licenciamento zero”;
  • Lançar o “Programa semente” de estímulo ao empreendedorismo e prosseguir políticas de favorecimento de microempresas; - atrair investimento direto estrangeiro;
  • Dotar as entidades reguladoras do mercado de maior capacidade de fiscalização e intervenção;
  • Prevenir promiscuidades e outros abusos no setor financeiro;
  • Definir limites ao valor das comissões cobreadas pelos bancos;
  • Descentralização como base da reforma do Estado, através das autarquias e CCDR;
  • Lançar novos instrumentos de contratualização de apoios públicos financeiros (Contratos para a Inovação Empresarial) e relançar o investimento na inovação, investigação e desenvolvimento empresarial;
  • Duplicar o crédito fiscal ao investimento para investimentos acima de 10 milhões de euros, para 20 por cento;
  • Elaborar um plano de incentivos para os emigrantes que desejem retornar a Portugal;
  • Criar um visto para procura de emprego em Portugal, válido por seis meses;
  • Criação de uma Unidade de Missão para valorização do Interior na dependência direta do Primeiro-Ministro;
  • Investimentos públicos seletivos, complementares e adequar o quadro de apoios públicos à necessidade de retoma rápida do investimento;
  • Prioridade à reabilitação urbana e incentivo a oferta alargada de habitação acessível para arrendamento;
  • Apostar no turismo como setor estratégico para emprego e para crescimento exportações, apostar na economia do Mar e valorizar a atividade agrícola;
  • Estado deve manter a maioria do capital social da TAP;
  • Nenhuma outra concessão ou privatização;
  • Anulação das concessões e privatizações em curso dos transportes coletivos de Lisboa e Porto;
  • Reversão das fusões de empresas de água que tenham sido impostas aos municípios e garantir a não privatização da água;
  • Reversão do processo de privatização da EGF, com fundamento na respetiva ilegalidade e desde que não implique pagamento indemnizações ao concorrente escolhido.
Segurança Social
  • Repor, em 1 de janeiro de 2016, a norma relativa à atualização das pensões, com garantia de não haver corte no valor nominal das pensões;
  • Aumentar montantes de abono de família e abono pré-natal e majoração para famílias monoparentais e reconfiguração do abono de família;
  • Necessidade de diversificação das fontes de financiamento da Segurança Social deve ser objeto de negociação em sede de concertação social;
  • Estabelecimento de Planos plurianuais de combate à evasão e à fraude contributiva;
  • Reavaliar e reforçar a coerência do modelo de aplicação da condição de recursos nas prestações sociais de natureza não contributiva.
  • Garantia de não alteração das regras de cálculo das prestações já atribuída de forma definitiva;
  • Repor, nos valores de 2011, as prestações do Abono de Família, Complemento Solidário para Idosos e Rendimento Social de Inserção;
  • Repor os níveis de proteção às famílias em situação de pobreza extrema existentes até 2010;
  • Reavaliar o factor de sustentabilidade;
  • Repor o valor de referência no complemento solidário para Idosos nos 5.022 euros, valores de 2011;
  • Assegurar homogeneidade do regime da Caixa Geral de Aposentações com regime geral da Segurança Social.
Educação
  • Garantir, até 2019, do acesso ao ensino pré-escolar a todas as crianças a partir dos três anos;
  • Reforçar Ação Social Escolar directa e indirecta;
  • Vincular trabalhadores docentes e não docentes das escolas;
  • Reduzir o número de alunos por turma;
  • Introduzir a progressiva gratuitidade dos manuais escolares do ensino obrigatório;
  • Promoção da integração dos investigadores doutorados em laboratórios e outros organismos públicos e substituição progressiva da atribuição de bolsas pós-doutoramento por contratos de investigador;
  • Avaliar processo de transferência de competências para autarquias ao nível ensino básico e secundário, garantindo que não diminui autonomia pedagógica das escolas.
  • Reavaliar os exames nos primeiros anos de escolaridade;
  • Suspender e reponderar a Prova de avaliação de Capacidades e conhecimentos dos professores e rever o processo de recrutamento de educadores e professores;
  • Dar prioridade ao 1º ciclo do Ensino Básico e reduzir para metade o insucesso escolar no Básico;
  • Aprofundamento do princípio da Escola a Tempo Inteiro, alargando-a ao Ensino básico e até aos 14 anos;
  • Alargar o regime de autonomia na administração e gestão das escolas e descentralização de competências;
  • Redefinição progressiva da estrutura de três ciclos de ensino;
  • Revitalizar a educação e formação de adultos com ativação de uma rede Nacional de centros especializados, reforçando a formação ao longo da vida e criação de um Programa de Educação e Formação de adultos;
  • Alargar e democratizar o acesso ao ensino superior, financiamento plurianual e incentivo ao rejuvenescimento de docentes.
Saúde
  • Reforço da capacidade do SNS pela dotação dos recursos humanos, técnicos e financeiros adequados;
  • Concretizar o objectivo de assegurar a todos os utentes médicos e enfermeiros de família;
  • Revogação da recente alteração à Lei de Interrupção Voluntária da Gravidez;
  • Eliminação das taxas moderadoras de urgência sempre que o utente esteja referenciado e reposição do direito ao transporte de doentes não urgentes;
  • Redução global do valor das taxas moderadoras;
  • Promover avaliação externa independente dos hospitais em PPP, Parceria Público-Privada.
  • Criação do “Simplex da Saúde” – simplificação de procedimentos no acesso ao SNS;
  • Criação de 100 novas unidades de saúde familiar até ao final da legislatura, assegurando médico de família a mais de 500 mil habitantes;
  • Aumento progressivo da liberdade de escolha dos cidadãos sobre unidades onde desejem ser assistidos e criação de Sistema Integrado de Gestão de Acesso (SIGA) que facilite acesso e livre escolha dos utentes do SNS;
  • Criação de mecanismos de dedicação plena ao exercício das funções públicas do SNS (exclusividade);
  • Mutualização progressiva da ADSE;
  • Reformar a organização interna dos hospitais e modelo de gestão;
  • Programa nacional para a Saúde, Literacia e Autocuidados;
  • Incentivos legais e fiscais para comportamentos de saúde e de doença;
  • Ampliação e melhoria da cobertura do SNS nas áreas de Saúde Oral e da Saúde Visual;
  • Expansão da rede de cuidados continuados;
  • Política de rigor orçamental na área do medicamento com introdução de inovação terapêutica, reforçando uso de genéricos para os 30 por cento da quota de mercado e revisão da comparticipação de medicamentos aos doentes crónicos em ambulatório;
Política Externa
  • Europa e mercado europeu são o espaço de referência para Portugal;
  • Consolidação da visão do BCE como garante da Estabilidade Monetária;
  • Construção de capacidade Orçamental para União Económica e Monetária, consolidar a moeda única, reformar a governança da Zona Euro e implementação da União Bancária;
  • Leitura mais flexível do Pacto de Estabilidade e Crescimento;
  • Criação de Eurogrupo da Coesão Social e do Emprego;
  • Defesa de uma mudança substancial da política de coesão, reequilíbrio da governação Económica da União Europeia, e novo impulso para a convergência com a Europa;
  • Fundo Europeu de Investimento com mais recurso para relançar investimento;
  • Lutar por mais democracia na União Europeia, fortalecendo o quadro institucional europeu e valorizando o papel da Comissão Europeia;
  • Negociação do TTIP – Tratado do Comércio e Investimento EU/EUA;
  • Aprovação de uma “Estratégia Europeia contra Radicalização e Terrorismo”;
  • Revisão da Estratégia de Segurança Europeia;
  • Forças Armadas como instrumento essencial de política externa, nomeadamente no contexto da OTAN, EU, ONU e CPLP;
  • Elaborar um plano de incentivos para os emigrantes que desejem retornar a Portugal, com gabinetes de apoio ao retorno nos consulados e embaixadas;
  • Facilitar o reconhecimento de documentos, como cartas de condução, tanto nos países de destino, como em Portugal;
  • Promover o reconhecimento de qualificações académicas e profissionais.
Contribuições do PAN
  • Revisão do estatuto jurídico dos animais, adequando-o à evolução do Direito Civil de forma a diferenciá-lo do regime jurídico das coisas e a assegurar maior consciencialização em matéria de bem-estar animal;
  • Completar o quadro jurídico do crime de maus-tratos a animais de companhia, melhorando o quadro de sanções acessórias, clarificando os tipos penais existentes;
  • Rever o regime de abate de animais de companhia nos canis e gatis municipais, no sentido da sua gradual erradicação, introduzindo medidas de controlo de população e de prevenção do abandono;
  • Valorizar, no quadro da educação para a cidadania, as componentes relativas à consciência social, ambiental e de promoção do bem-estar animal;
  • Rever o regime jurídico da venda e detenção de animais selvagens, com vista à sua restrição e adequação às melhores práticas.
Documentos na íntegra

Programa do XXI Governo
Acordo entre PS e Bloco de Esquerda
Acordo entre PS e PCP
Acordo entre PS e PEV
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