Seguro culpa Passos por mais de 200 mil empregos destruídos

É a Pedro Passos Coelho, segundo o secretário-geral do PS, que o país deve imputar a pulverização de mais de 200 mil postos de trabalho, o resultado de um “caminho de empobrecimento”. António José Seguro escolheu na última noite estas palavras para preencher mais um evento partidário de apresentação da moção que levará ao próximo congresso dos socialistas. Em Famalicão, Seguro repartiu críticas pela “Europa” e pelo “primeiro-ministro português”, por encararem “o desemprego e a pobreza” como “inevitáveis”, ou meros “danos colaterais”.

RTP /
“O primeiro-ministro seguiu o caminho do empobrecimento, mas um país que empobrece soma mais problemas aos problemas que já existem”, criticou o líder do PS em Famalicão Estela Silva, Lusa

Uma vez mais, Seguro carrega na ideia de que é ao Governo de Passos Coelho que os portugueses devem pedir a fatura da escalada do desemprego no país. Já o fizera há uma semana, durante o último debate quinzenal na Assembleia da República. Em 2012, acusou ontem à noite o líder socialista, “o primeiro-ministro destruiu mais de 200 mil postos de trabalho”.
“O que é inteligente? É prosseguir o mesmo caminho ou mudar de caminho? Sem qualquer clubismo partidário: tem algum sentido continuar no mesmo caminho? Não tem. Toda a gente já percebeu, menos o primeiro-ministro, que só a mudança resolve os nossos problemas”, afirmou António José Seguro.


“Estamos a caminho de um milhão de desempregados, coisa nunca vista em Portugal”, insistiu o secretário-geral do PS, num discurso recolhido pela agência Lusa em Famalicão. Ao retrato do que considera ser a folha de serviço do Executivo de coligação, António José Seguro adicionaria os números do desemprego jovem: “Mais de 40 por cento dos jovens portugueses que não estudam estão desempregados”.

“O primeiro-ministro seguiu o caminho do empobrecimento, mas um país que empobrece soma mais problemas aos problemas que já existem”, acentuou o líder socialista, retomando o diagnóstico que inscreveu na moção que vai submeter ao XIX Congresso do partido. Neste documento, intitulado Portugal tem futuro, Seguro procura demarcar-se de uma “política ultraliberal que aponta o empobrecimento como solução para a crise”.

Perante o quadro atual, o secretário-geral do Partido Socialista propõe-se promover a instituição de um programa europeu para combater a espiral de destruição de postos de trabalho, um mecanismo, calcula Seguro, que poderia ser dotado de 100 mil milhões de euros. Ao mesmo tempo, quer ver estabelecido um “limite admissível” para a taxa de desemprego. Na sua perspetiva, uma vez ultrapassado esse teto, os subsídios de desemprego poderiam ser custeados pela União Europeia.
“Gente egoísta”

Com a sétima avaliação da troika a arrastar-se, o líder do PS reiterou que não quer ser “cúmplice” num corte de quatro mil milhões de euros em funções sociais do Estado. Porque “é nos momentos de crise que as pessoas que menos têm mais precisam do Estado”.

As críticas de António José Seguro acabaram por visar também as instituições europeias: “A Europa e o primeiro-ministro português consideram que o desemprego e a pobreza são inevitáveis, naturais, danos colaterais, mas nós, no PS, não temos essa visão, considerados que são flagelos que devem ser permanentemente combatidos”.

Horas antes, em Braga, no início de um périplo pelo país sob o mote “As pessoas estão primeiro”, Seguro havia já atacado os líderes europeus “da família do Governo” português.

“O problema que nós temos é que a Europa é hoje liderada por gente egoísta, que olha mais para si numa lógica imediatista, sem perceber que, se não trata dos problemas dos outros, no futuro, os problemas lhe vão chegar à sua porta”, afirmou o secretário-geral socialista, igualmente citado pela Lusa.

“Precisamos de outra Europa, mas de que outra Europa nós precisamos? Precisamos de uma Europa que tenha competências para resolver os problemas, não os nossos, mas os que cada país individualmente não consegue resolver sozinho”, questionou e respondeu o líder do PS.

Foi também em Braga que Seguro acusou Passos de “falta de sensibilidade social”, ao mostrar que “é contra o aumento do salário mínimo nacional”. E que “se pudesse até baixava”.
PUB