Seguro promete que o PS “honrará as dívidas”

por RTP com Lusa
Estela Silva, Lusa

Na sequência do discurso de Pedro Nuno Santos, em que este reclamara “uma profunda reestruturação da dívida”, António José Seguro fez questão de reafirmar que “comigo, o PS honrará as dívidas do nosso país e respeitará as obrigações decorrentes de sermos membros da zona euro”. Este terá sido até agora, para a troika, o momento mais reconfortante de um Congresso em que se sucedem palavras de demarcação face ao Governo e às medidas de austeridade que este vem acordando com o cartel de credores.

No Congresso de Santa Maria da Feira, o líder do PS/Aveiro, Pedro Nuno Santos, defendeu uma "profunda reestruturação" da dívida portuguesa e deu azo a que António José Seguro, em jeito de demarcação, renovasse o seu compromisso, “com total clareza e sem lugar a equívocos: comigo, o PS honrará as dívidas do nosso país e respeitará as obrigações decorrentes de sermos membros da zona euro”. E reforçou ainda a afirmação: “Os nossos parceiros europeus e os nossos credores sabem bem que, quando o PS liderar o novo governo de Portugal, os compromissos são para cumprir".

O secretário-geral do PS deixou no entanto vários avisos à navegação de sentido diverso. Por um lado, temperou a promessa de pagamento da dívida com uma reivindicação de soberania nos seguintes termos: "Não seremos súbditos de ninguém; não nos ajoelharemos diante de quem quer que seja; continuaremos a erguer a nossa voz na defesa dos interesses dos portugueses".

Por outro lado, às exortações do presidente da República e da própria troika no sentido de um consenso do PS com o Governo, respondeu: "Não nos peçam para fazermos consensos com um Governo que defende e aplica uma política de austeridade, à qual nos opomos. Não nos peçam para fazer consensos com um Governo que aplica uma política de empobrecimento contra a qual estamos em absoluto desacordo. Não nos peçam para fazer consensos com um Governo que está esgotado, que já não tem a energia, nem a credibilidade indispensáveis para mobilizar o nosso país".

Sem surpresas, especialmente depois do discurso de Cavaco no 25 de Abril, Seguro pôs de lado uma hipótese de governo de iniciativa presidencial que o próprio presidente também visivelmente descarta: “Mais do que um governo de salvação nacional, Portugal precisa de um projeto de mobilização nacional, de um novo impulso cívico, em torno de uma nova visão, em torno de um novo rumo para Portugal"

Para o PS, na explicação do seu secretário-geral, o caminho para o poder passa por uma nova maioria obtida em eleições: o PS, disse, “só voltará ao governo por vontade dos portugueses". Mas o papel central que o PS ambiciona nessa maioria não o faz esquecer a importância de formular uma política de alianças – à sua direita, em todo o caso: "uma alternativa política responsável, aberta à participação de todos os progressistas, humanistas, sociais-democratas, democratas cristãos, que não se conformam, nem se resignam com a situação a que o nosso país chegou”.
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