Terceiro dia de campanha marcado pelos 51 anos do PSD com Passos e Cavaco convocados

por Inês Moreira Santos - RTP
Miguel A. Lopes - RTP

A campanha para as eleições legislativas de 18 de maio entra no terceiro dia com a agenda dos principais partidos preenchida por várias ações e pelo debate entre os partidos sem assento parlamentar. A marcar esta terça-feira estão as comemorações dos 51 anos do Partido Social Democrata, nas quais estarão presentes ex-líderes como Cavaco Silva e Pedro Passos Coelho. O que tem gerado críticas por parte dos opositores da Aliança Democrática - coligação PSD/CDS.

No final do comício da AD na segunda-feira, Luís Montenegro afirmou estar em campanha pela positiva e focado nas pessoas e congratulou o Governo que lidera por se ter reconciliado com os pensionistas.

“Estamos nesta campanha como estivemos no Governo, estamos a prestar contas, estamos focados nas pessoas, nos reais desafios do país e a olhar no país. Estamos na campanha a dizer e não para diminuir os outros”
, declarou o presidente do PSD, acrescentando que, ao longo do último ano, as oposições lançaram medos, por exemplo, sobre a redução do IRC em um ponto percentual.

“Prometi que nos íamos reconciliar com os pensionistas e reformados. Estamos não só reconciliados, como estamos num processo de valorização ainda maior daqueles que estão hoje a gozar o seu merecido tempo de reforma”, disse ainda.
Entre as ações de campanha para esta terça-feira, a começar em Sintra, os social-democratas juntam os antigos líderes para celebrar os 51 anos do partido. Cavaco Silva e Pedro Passos Coelho são duas das históricas figuras a entrar na campanha. O PSD vai juntar, num almoço na Sede Nacional, quase todos os ex-líderes do partido, incluindo Marques Mendes e Rui Rio.

É um almoço de aniversário que o PSD não quer que apresentar como evento de campanha, mas acontece a menos de duas semanas das eleições e com figuras de peso do partido a manifestar apoio a Montenegro.
Recorde-se que, nos últimos dias o antigo presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, escreveu um artigo de opinião no Observador no qual apoia a candidatura do primeiro-ministro e até o equiparou a si próprio.

Também o ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho volta a aparecer ao lado de Montenegro depois de, em março, ter estado presente num comício em Faro com o atual líder do PSD.
PS critica “máscara” da AD
Enquanto Montenegro falava em reconciliação, o líder socialista acusava a AD de “pôr uma máscara” para “enganar os pensionistas”, defendendo que os “mais velhos sabem que podem confiar no PS” e apelando ao presidente social-democrata para deixar “o sistema público de pensões em paz”.

Num comício no segundo dia de campanha, em Viseu, Pedro Nuno Santos recordou que o programa socialista tem o objetivo de “dar segurança aos portugueses”.

“O PS não precisa, como a AD, de pôr uma máscara para enganar os pensionistas. Os nossos mais velhos sabem que podem confiar no PS”
, defendeu, acrescentando que é preciso “continuar a valorizar as pensões, sobretudo as mais baixas” e prometendo fazer aquilo que os governos socialistas fizeram nos últimos anos, quer no poder e “mesmo na oposição”, que “é aumentar sempre que possível as pensões acima do que a lei prevê”.
Considerando que "a promiscuidade entre a vida profissional e a carreira política de Luís Montenegro enche o horizonte de nuvens cinzentas que um dia podem bem transformar-se numa tempestade", Pedro Nuno Santos defendeu que o primeiro-ministro tem sido "o maior fator de instabilidade" e "lidera um Governo que vive de truques".

O secretário-geral do PS afirmou mesmo que o horizonte do presidente do PSD é de "nuvens negras" e menorizou ainda o apoio de Cavaco Silva a Montenegro.

O líder do PS terá esta terça-feira um dia preenchido com cinco ações de campanha, começando no mercado municipal de Leiria, seguido de uma visita a uma empresa da indústria de moldes na Marinha Grande. Pedro Nuno Santos vai almoçar com estudantes da Escola Superior de Tecnologia e Gestão, de Leiria, visitando, durante a tarde, as oficinas do Museu Nacional Ferroviário, no Entroncamento, e terminando o dia com um comício em Santarém.
Oposição comenta apoio de Cavaco a Montenegro
Da esquerda à direita, o apoio de antigos líderes do PSD a Luís Montenegro tem sido comentado pelos candidatos à Legislativas.

André Ventura considerou estranho Cavaco Silva estar empenhado nestas eleições.
No final do percurso pelas ruas de Santarém, na segunda-feira, o líder do Chega falou aos presentes, aproveitando um palco instalado com esse fim. No discurso, voltou a considerar que a insegurança não é apenas uma perceção e comprometeu-se a “tornar este país seguro novamente”, modificando o ‘slogan’ de Donald Trump.

“E vou torná-lo um país para os jovens”, acrescentou, dizendo que os mais novos “vão ser a prioridade das prioridades, porque são eles que constroem Portugal”.

O líder do Chega dedica o terceiro dia de campanha ao Porto, visitando, de manhã, o mercado de Matosinhos e, a meio da tarde, o mercado do Bolhão, estando ainda prevista uma arruada na rua de Santa Catarina, na baixa da cidade.

Também Mariana Mortágua classificou como "caricato" que Cavaco Silva tenha defendido a ética do primeiro-ministro e presidente do PSD, Luís Montenegro, e que Passos Coelho surja na campanha para celebrar "reconciliação com os pensionistas".

"Temos dois factos caricatos: o primeiro é que Cavaco Silva surja a atestar a ética de Luís Montenegro e o segundo é Passos Coelho a entrar na campanha para celebrar a reconciliação do PSD com os pensionistas, como se este país não se lembrasse que o PSD cortou pensões", disse Mariana Mortágua, já esta terça-feira de manhã, à margem de uma iniciativa de campanha na qual acompanhou um grupo de trabalhadoras domésticas no percurso para o trabalho.
"Acho estranho que Cavaco Silva ateste a ética de Luís Montenegro. Eu lembro-me do caso BPN, lembro-me do caso BES, e portanto, estas lições de ética e moral por parte da Cavaco Silva parecem-me sempre muito irónicas", considerou a deputada, que em 2014 integrou a comissão de inquérito ao BES e se destacou nesse papel.

A campanha do BE desta terça-feira arrancou às 05h00, com a coordenadora Mariana Mortágua a acompanhar trabalhadoras domésticas nos transportes públicos da Amadora para Lisboa, terminando com uma visita ao Bairro do Zambujal ao fim da tarde.
Ações de campanha pelo país

Na segunda-feira, a Iniciativa Liberal repetiu que quer acabar com o socialismo na Constituição. O líder dos liberais esteve num comício em Lisboa, onde criticou todos os partidos à esquerda, que diz já estar derrotada.

Rui Rocha garantiu, ainda, que a única coligação que quer fazer no dia seguinte às eleições é com os portugueses.
Esta terça-feira, Rui Rocha estará em Viseu, onde visitará a feira semanal durante a manhã, reservando a tarde para se deslocar a uma empresa do setor da confeção têxtil em Mangualde.

Rui Tavares passou a tarde de segunda-feira numa ação de campanha em Lisboa e pediu aos partidos para esclarecerem se estão prontos para uma nova geringonça, perante várias críticas após o debate da manhã.
O porta-voz do Livre estará em Setúbal, esta terça-feira, para visitar o AICEP Global Parks e o Teatro O Bando, uma das mais antigas cooperativas culturais do país.

Também a campanha do PCP começa hoje por Setúbal. Segue depois por Castelo Branco e Viseu, onde o secretário-geral Paulo Raimundo vai visitar a Lagoa de Albufeira, contactar com a população na Covilhã e encerrar o dia com um comício em Lamego.

No segundo dia de campanha, a CDU criticou as opções da política fiscal da direita de diminuição do IRC e do IRS Jovem. Num jantar em Sines, Paulo Raimundo defendeu a descida de impostos em bens essenciais como energia, telecomunicações e gás.
O secretário-geral do PCP tem feito campanha para as legislativas e para as autárquicas.

E a líder do Pessoas-Animais-Natureza, que esteve em entrevista na RTP, acusou os grandes partidos de não estarem à altura dos desafios que o país enfrenta e garante que o seu partido tem sido "a força política que mais tem trabalhado" na Assembleia da República.

Inês Sousa Real disse que a sobrevivência política não está em jogo nas eleições de 18 de maio e considerou que "são difíceis convergências com o Governo de Luís Montenegro".

A porta-voz do PAN abriu a agenda desta terça-feira no Porto, com a visita a duas associações de proteção animal, seguindo depois para Lisboa, onde participa numa conferência sobre alimentação vegetal e sustentabilidade e reúne com a Associação Académica da Universidade de Lisboa.

Os líderes dos partidos sem representação parlamentar terão oportunidade de apresentar os projetos para o país no único debate televisivo com essas forças políticas e que será transmitido pela RTP, às 21h00, a partir da Nova SBE, em Carcavelos.
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