Como as milícias da direita se distribuem no mapa dos EUA

por RTP
Membros da milícia Three Percenters (III%ers) do Kentucky num comício armado em Louisville, Kentucky. Bryan Woolston/Reuters

A plataforma digital ACLED (Armed Conflict Location & Event Data Project) tem ultimamente dedicado uma especial atenção à proliferação, nos Estados Unidos, de milícias favoráveis a uma segunda presidência de Donald Trump e dispostas a uma intervenção armada a nível estadual para garantir que essa segunda presidência se concretize, independentemente do resultado eleitoral. Além dessas milícias, a ACLED tem igualmente estudado as de tipo neo-nazi, que podem efetuar uma colagem táctica à campanha de Trump, mas que pretendem ir muito além da prática de um presidente considerado frouxo.

No âmbito desta monitorização, a ACLED debruçou-se sobre as características de 80 grupos armados, que o próprio FBI considera neste momento uma ameaça interna à segurança do país muito mais grave do que qualquer terrorismo fundamentalista islâmico.

As maiores milícias direitistas e transestaduais

Nome Tipo de grupo Dimensão Locais de atuação Historial violência Potencial violência
Three Percenters Milícia pró-Trump Grande A nível nacional, organizada em diferentes situações (dependendo do grupo) Alto Alto
Oath Keepers Milícia pró-Trump Moderado A nível nacional, na sua maioria reunida com base em eventos Moderado Moderado
Light Foot Militia Milícia pró-Trump Grande A nível nacional, dividida por região ou Estado Baixo Moderado
Civilian Defense Force Milícia pró-Trump Pequeno A nível nacional, principalmente online Baixo Baixo
American Contingency Milícia pró-Trump Pequeno A nível nacional, principalmente online Baixo Baixo
Proud Boys Extrema-direita Grande A nível nacional, especialmente próximo das cidades Muito alto Muito alto
Patriot Prayer Extrema-direita Moderado Noroeste Pacífico e Costa Oeste Alto Alto
Boogaloo Bois Direita libertária anti-centralista Moderado A nível nacional, fortemente descentralizada Muito alto Muito alto
People’s Rights Direita libertária anti-centralista Grande Disperso a nível nacional, repartida por regiões sub-estatais Baixo Moderado

Como factores de risco foram consideradas por exemplo a ocorrência recente de manifestações anticonfinamento, a existência de campos de treino paramilitar ou de relações de promiscuidade entre estes grupos armados e as autoridades policiais. Daí resultam mapas que ajudam a entender o risco mais ou menos elevado para a eclosão de confrontos nos diversos Estados da União.

Atividade de milícias e grupos armados nos Estados Unidos: (24 maio a 17 outubro)
 
Nos quadros aqui apresentados, incluem-se os territórios em que cada milícia considera "jogar em casa", devido à existência de apoio político mais difuso entre a população, ou de facilidades logísticas mais palpáveis entre as autoridades policiais, ou ainda de um historial de antecedentes que permitam encarar uma determinada demarcação estadual como seu "berço" histórico ou como seu baluarte actual.

Territórios das milícias pró-Trump
Segundo a ACLED, trata-se de milícias que não proclamam da forma mais assertiva uma certa orientação ideológica, e que muitas vezes têm como objectivo declarado o de proteger actividades económicas, empresas e negócios. Ainda assim, considera-se que nelas predomina o culto de uma certa supremacia branca e masculina. São também estas as milícias que têm o discurso mais legalista e mantêm uma proximidade amistosa com as forças de segurança.

Territórios dos grupos de extrema-direita
São as milícias que têm uma composição mais jovem e têm mostrado um notório apetite por confrontos de rua, em boa parte com os grupos que designam como "Antifa". Desenvolveram sofisticados serviços de relações públicas, entre outros com o objectivo de ocultarem o seu ideário de extrema-direita definindo-se como cristãos e conservadores.

Territórios dos grupos de direita libertária anti-centralista

Também segundo a ACLED, esta direita peculiar caracteriza-se pela convicção da elevada probabilidade de uma guerra civil, para a qual se prepara intensivamente. São milícias fortemente descentralizadas e com uma margem considerável de iniciativa local e um elevado grau de compartimentação entre as suas células.

Estados em risco de atividade da milícia

Tendo em conta estes condutores e barreiras, as capitais e cidades periféricas, bem como as cidades de média população e as áreas suburbanas com zonas centralizadas, na Geórgia, Michigan, Pensilvânia, Wisconsin e Oregon são consideradas como as que correm maior risco de aumentar a actividade das milícias no período eleitoral e pós-eleitoral. Entretanto, a Carolina do Norte, Texas, Virgínia, Califórnia e Novo México encontram-se em risco moderado.
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