Hospital de Santa Maria sem explicação para cegueira
Os seis doentes, que contraíram uma grave infecção nos olhos após a aplicação de um fármaco no Hospital de Santa Maria, estão a ser medicados para evitar a cegueira irreversível. Quatro estão estáveis, enquanto dois apresentam melhorias ligeiras. A administração do hospital referiu que "saberá assumir as consequências do resultado dos inquéritos".
A administração do hospital abriu um inquérito interno e o Infarmed está a fazer análises ao medicamento administrado. A Inspecção-Geral de Saúde, que esteve esta manhã no Santa Maria, também vai proceder a uma investigação "externa e independente".
A unidade hospitalar irá divulgar diariamente novas informações, quando estas existirem, referiu o administrador durante uma conferência de imprensa. No encontro com os jornalistas participaram o director-clínico, o director de Farmácia Hospitalar e o director do serviço de Oftalmologia do Santa Maria, assim como a administração do Centro Hospitalar Lisboa Norte, a que pertence o hospital.
Dois doentes apresentam melhorias ligeiras
Seis pessoas num grupo de 12 perderam a visão após lhes ter sido injectado no olho o bevacizumab, um fármaco indicado para o tratamento da degeneração macular do idoso. Os restantes doentes não foram tratados com este fármaco. As intervenções foram realizadas pela mesma equipa, mas diferiu o lote de medicamento.
Dois dos seis doentes "já melhoraram, apesar de não muito", disse o director do serviço de Oftalmologia. "Estamos esperançados que, com os exames que fazemos e com a terapêutica que está instituída, haja uma recuperação desta situação", acrescentou Manuel Monteiro-Grillo.
Os restantes quatro doentes operados no bloco de oftalmologia estão estáveis. Dois doentes foram operados aos dois olhos. No grupo das pessoas que registaram diminuição da capacidade visual, cinco são diabéticas. O responsável de Oftalmologia desconhece casos de complicações por causa do uso do fármaco.
O director da Farmácia Hospitalar aponta que "a probabilidade é muito baixa de o caso ser imputado a 100 por cento à molécula em si". Foram registados efeitos adversos em 0,06 por cento de situações de aplicação do bevacizumab, aponta João Paulo Cruz.
Este tipo de tratamento apresenta um risco que é comunicado aos doentes antes do tratamento. A aplicação do medicamento está suspensa.
Ordem dos Médicos lembra riscos do medicamento
O Bastonário da Ordem dos Médicos não defende a suspensão do medicamento que foi administrado a estes doentes. Pedro Nunes justifica que ainda não é certo que o problema tenha sido causado pela aplicação do fármaco.
Pedro Nunes lembra são conhecidos os riscos que o medicamento comporta, sobretudo para doentes diabéticos em risco eminente de cegueira.