Ministra da Saúde garante não haver casos em Portugal
A ministra da Saúde, Ana Jorge, garantiu esta quarta-feira em conferência de imprensa terem sido despistados todos os casos suspeitos de gripe suína em Portugal e que, em resultado dessas análises, não há situações a registar em Portugal.
Hoje foi conhecido o caso de uma criança internada no Hospital de S. João, no Porto, com suspeitas de infecção com o vírus H1N1, o que não se verificou. A ministra da Saúde garantiu que todos os casos suspeitos em Portugal foram despistados, não existindo nenhuma situação de gripe suína no país.
"Neste momento todos os casos referenciados estão nos chamados hospitais de referência, Hospital Curry Cabral, Hospital de S. João, Hospital D. Estefânea, Hospitais da Universidade de Coimbra. Foi num destes hospitais que foi referenciado o segundo caso noticiado mas não se confirmou a doença", garantiu Ana Jorge.
A ministra explicou que uma vez referenciado o estado gripal só faz sentido proceder a análises clínicas quando o indivíduo em questão esteve numa zona afectada ou tenha tido contacto com alguém afectado ou que tenha estado numa zona onde o vírus se tenha verificado.
"Só nestes dois casos, numa situação que tem a ver com a epidemiologia, portanto com o terem estado em zonas atingidas, nomeadamente o México e apresentem quadro clínico compatível é que são submetidas a análises", explicou a governante.
Apenas nestas circunstâncias e em casos sintomáticos da doença é que os cidadãos devem entrar em contacto com o Serviço Nacional de Saúde, preferencialmente a Linha de Saúde 24 - 808 24 24 24 - devendo posteriormente seguir as indicações dadas pelos profissionais de saúde que prestam serviço.
Reserva estratégica de medicamentos garante respostaPortugal dispõe em reserva estratégica de um conjunto de medicamentos preparados e em stock e Ana Jorge garantiu aos portugueses que estão em perfeito estado de conservação e que - em quantidade suficiente para fazer face em caso de uma pandemia - serão fornecidos gratuitamente aos cidadãos de acordo com critérios previamente estabelecidos. Estão também disponíveis nas farmácias mediante apresentação de receita médica.
"Face às notícias de hoje que dão conta de uma maior corrida dos cidadãos às farmácias e de uma crescente procura de medicamentos para a gripe, não há qualquer evidência desta situação", garantiu Ana Jorge.
Em circunstância alguma recorrer à auto-medicaçãoDesaconselhada foi a auto-medicação. Os medicamentos só deverão ser tomados se a situação clínica o justificar e quando receitados por um médico.
"É fundamental para a segurança de todos que não haja auto-medicação. Sabemos que as medicações em qualquer situação e nomeadamente nestas, sem critério clínico, aumentam o risco de criar maiores resistências, portanto, apelamos para não haver auto-medicação", foi a mensagem deixada pela governante.
A ministra garantiu que Portugal activou todos os mecanismos necessários para responder a situações deste tipo. O Governo português mantém-se em contacto permanente com as autoridades internacionais numa conjugação de esforços no sentido de precaver e debelar eventuais casos de gripe suína.
Suspender ou não os voos para o México
A ministra francesa da Saúde tomou a decisão de suspender os voos provenientes do México e em direcção ao México. O Governo francês pensa que é uma forma eficiente de combater o alastramento da gripe suína, que teve início no México.
O Governo português ainda não tem uma posição em relação a esta matéria, mas a ministra da Saúde adiantou que "não nos parece que haja indicações para o fazer".
A governante adia a decisão para um momento posterior à reunião dos ministros da Saúde da Comunidade Europeia em que Portugal estará representado e de onde, a sair alguma decisão conjunta, Portugal verá a resposta a dar.
Máscaras desnecessárias neste momento
Outra medida que a ministra da Saúde não considera ser ainda necessário implementar é a do uso de máscaras pela população.
"Obviamente que em fase de pandemia e quando for dada essa indicação será também dada a informação de quando é que a população se deve proteger", disse.
O Governo garante no entanto que todas as medidas necessárias já foram implementadas o "que quer dizer que o Estado português vai ter de possuir máscaras em número suficiente para ocorrer a qualquer situação que se perfile no horizonte".
Portugal está preparado para elevação do nível de Alerta pela OMS
"Todas as medidas a ser tomadas estão previstas e serão tomadas quando forem dadas as indicações para o fazer", esclareceu a ministra da Saúde, que explicou que "numa situação como esta não devemos nunca ultrapassar as fases". "É fundamental para o controlo de situações desta gravidade que todas as fases sejam cumpridas, por isso é que há planos de contingência", explicou.
As medidas a tomar em cada uma das fases são conhecidas de todo o sistema de saúde que intervém nestes casos e uma vez elevado o nível de alerta pela OMS todos saberão o que fazer, porque faz parte do plano de orientação e do plano de contingência.
Controlo das fronteiras é despropositado
A ministra da Saúde diz não existir qualquer tipo de necessidade, neste momento, de se proceder à implementação de qualquer medida adicional às existentes habitualmente para o controlo das fronteiras.
Pandemia não quer dizer gravidade, diz Francisco George
O director-Geral da Saúde, Francisco George, explicou que uma pandemia não pode ser sinónimo de gravidade. É uma situação que está apenas relacionada com a propagação da infecção simultaneamente a vários continentes.
"Nós temos pandemias na nossa história muito recente que não tiveram gravidade mas que atingiram todos os continentes", esclareceu o responsável pela DGS. "Podemos ter situações de pandemia sem utilizar nenhum medicamento que se tenha em reserva, como aconteceu em 1968".
Francisco George afirmou que as autoridades portuguesas estão em contacto permanente com as autoridades da União Europeia e com especialistas da Organização Mundial de Saúde para perceber o grau de virulência do próprio vírus e as características da doença.
Critérios de implementação das medidas do Plano de Contingência
Os dispositivos previstos no plano de contingência em Portugal serão aplicados de acordo com dois princípios. O primeiro é a propagação da infecção, ou seja, o itinerário que a infecção vai tendo, e, segundo, a intensidade da infecção.
As autoridades portuguesas classificam a elevação do estado de alerta de 3 para 4 e depois para o nível 5 de "ignição da pandemia" que poderá acabar na última fase, a sexta, que se qualifica como de "propagação difusa".
As medidas a aplicar em cada uma destas fases são decididas em cada país pelas autoridades nacionais.
"Estamos atentos, estamos preocupados, mas a situação resolver-se-á com o apoio dos cidadãos e das famílias, tranquilamente e que têm confiança nos seus serviços"