"Shutdown" da Administração Trump obriga ao fecho da NASA

por Nuno Patrício - RTP
Foto: Nasa.gov/DR

“A NASA está atualmente fechada devido a um lapso no financiamento do Governo”. Esta é literalmente a informação dada através de um link oficial da agência espacial norte-americana, que também inclui uma mensagem de Bob Gibbs, administrador dos recursos humanos, aos profissionais da estrutura.

É em nome da liderança da NASA que Bob Gibbs dá conta do encerramento dos serviços, além de “informações e recursos durante este período difícil”. O responsável diz mesmo entender que “este é um momento difícil para todos” e agradece o compromisso e paciência à medida que o corte no financiamento continua.


Nesta mensagem, o administrador dos Recursos Humanos informa os trabalhadores das regras e pede que consultem orientações federais emitidas pelo Gabinete de Gestão de Pessoal (OPM) norte-americano.
Ainda esta semana a NASA revelou problemas no sistema de hardware do Telescópio Espacial Hubble. A falta de pessoal especializado impede este aparelho científico, em órbita da Terra, de utilizar a câmara principal.
Na mensagem de Gibbs, pode também ler-se que os funcionários da NASA não poderão receber pelo período de trabalho já realizado entre 23 de dezembro e 11 de janeiro. Mas ressalva que, logo que o constrangimento financeiro seja ultrapassado, "trabalharemos rapidamente para pagar retroativamente os funcionários”.

Por outro lado, enfatiza que, “se o pagamento atrasado não for autorizado, também será tido em atenção esse pagamento retroativamente, exceto para os funcionários cujo trabalho seja realizado durante a paralisação e após a assinatura das dotações".

Gibbs também lembra que os empregados podem candidatar-se a uma espécie de fundo/seguro de desemprego, mas avisa: "Por favor, se o financiamento for retomado no futuro próximo, ou se o Congresso autorizar back-pay (o que historicamente tem feito), serão obrigados a pagar o beneficio e a verba recebida".

São 13 os pontos que visam explicar e minimizar o impacto financeiro de várias centenas de funcionários federais que trabalham nesta agência espacial e que mantêm a funcionar milhares de instrumentos científicos preciosos para o mundo. E cruciais para o conhecimento humano.

O diretor dos recursos Humanos da NASA termina afirmando reconhecer as dificuldades que esta paralisação coloca aos funcionários. "Continuaremos a fazer o que pudermos para mitigar o impacto. E vamos continuar a esperar por uma resolução rápida", remata.
Programas da NASA em risco
Com este encerramento forçado, largas centenas de projetos e missões científicas a cargo da NASA podem ter os calendários adiados ou até mesmo inutilizados. Entre estes estão contratos estabelecidos com várias empresas privadas como a Boeing ou a SpaceX, que assegura atualmente a manutenção científica a bordo da Estação Espacial Internacional. Mas não só.

Esta paralisação, com tantos funcionários em casa, dita que testes como os da cápsula Orion (que levará humanos de volta à Lua), o desenvolvimento do lançador SLS (que visa futuras missões a Marte) ou o início do programa comercial partilhado entre a agência e a SpaceX, com a Crew Dragon para levar astronautas até à Estação Espacial Internacional, fiquem para já adiados e até comprometidos.

Ainda esta semana a NASA deu conta de problemas no sistema de hardware do Telescópio Espacial Hubble. A falta de pessoal especializado impede este aparelho científico, em órbita da Terra, de utilizar a câmara principal.

O constrangimento financeiro - causado pela impossibilidade de acordo entre o Presidente dos Estados Unidos, que exige financiamento do Congresso para a construção do muro na fronteira com o México, e os democratas na Câmara dos Representantes, que rejeitam o desígnio de Donald Trump - fechou agora a NASA. E vai aos poucos fazendo shutdown a uma vasta herança científica que pretende ser “um salto gigante para a humanidade”, nas palavras proferidas em 1969, no solo lunar, pelo astronauta Neil Armstrong.
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