Poder Absoluto

Clint Eastwood dirige e interpreta uma fascinante teoria da conspiração, num filme de grande suspense sobre o abuso perverso do poder

Luther Whitney, um ousado e talentoso ladrão profissional, assalta o cofre da casa de um milionário. Para não ser surpreendido, esconde-se numa sala com um espelho duplo e torna-se assim testemunha de uma situação explosiva. A jovem esposa do milionário envolve-se sexualmente com Alain Richmond, o Presidente dos Estados Unidos, que subitamente se torna violento e sádico. A mulher defende-se e quando se prepara para espetar um corta-papel no presidente, é abatida pelos agentes dos Serviços Secretos. Os homens do presidente, fazem desaparecer todos os indícios comprometedores, menos o corta-papel que vai parar às mãos de Luther. No dia seguinte, a polícia revela que a mulher do milionário foi assassinada por um ladrão, que ela terá surpreendido, e Luther torna-se no principal suspeito do crime. Os Serviços Secretos e o presidente percebem que Luther testemunhou o "incidente" e começa uma implacável e selvagem caça ao homem.

Produzido, realizado e interpretado por Clint Eastwood, "Poder Absoluto" é um excelente thriller policial, construído sobre uma envolvente e emocionante "teoria da conspiração". Um ladrão profissional torna-se testemunha involuntária, não só de uma relação extramatrimonial do Presidente dos Estados Unidos, como de um frio e brutal assassínio cometido pelos seus Serviços Secretos, obrigados a intervir para evitar o pior quando o presidente se tornou perigosamente sádico com a mulher de um milionário. O ladrão torna-se no principal suspeito de um crime que não cometeu e cuja verdade talvez nunca consiga revelar, ou tornar credível, se sobreviver à selvagem perseguição que lhe é movida pelos Serviços Secretos e pela polícia. Eastwood manipula com inteligência e segurança temas caros a Hitchcock, a começar pela situação do falso culpado, num filme policial de envolvente suspense, que reflete ainda sobre a dimensão intocável e impune dos detentores do poder. Uma incómoda e pertinente visão da arrogância, da corrupção e da violência dos bastidores da política num filme dirigido com a mestria de um grande cineasta, que é também um ator fascinante sobretudo no meio de um elenco tão admirável, onde se contam ainda os nomes de Gene Hackman, Ed Harris, Scott Glenn, Judy Davis e E. G. Marshall.