CARLOS RAMOS por João Carlos Callixto

1962 - "O Fado de Ser Fadista"

“O Fado de Ser Fadista” é a canção em destaque neste “Gramofone”. Recuamos ao ano de 1962 e à voz e talento de Carlos Ramos, que ficou também conhecido por muitas vezes se acompanhar a si próprio à guitarra portuguesa e também por ser autor de algumas das canções do seu reportório. “Canto o Fado”, "Mas Sou Fadista", "Não Venhas Tarde" ou "Senhora do Monte" são alguns dos seus sucessos e contribuíram para o tornar numa das vozes mais populares dos anos 50 e 60. No entanto, a sua carreira tinha começado na viragem dos anos 20 para 30, cantando e acompanhando outros fadistas.

Na era dos discos de 78 rotações, Carlos Ramos publica vários registos, sendo acompanhado por guitarristas como Carvalhinho, Raul Nery, Martinho d’Assunção ou Santos Moreira. A sua editora ao longo de toda a carreira foi a Valentim de Carvalho, que no início da era do vinil faz com sucesso a transição de suporte e publica os primeiros LPs do músico. Esta canção de hoje faz assim parte do álbum "Evening in Lisbon", de 1959, e foi escrita por Artur Ribeiro. Também intérprete, este tinha gravado na mesma altura o tema num EP publicado igualmente pela Valentim de Carvalho.

O momento aqui em destaque é oriundo de um programa musical emitido pela RTP em 1962, mas do qual se desconhece a data exacta. Entre outros, contou também com a brasileira Maysa Matarazzo (que se chegou a apresentar em Portugal, acompanhada pelo Thilo’s Combo), com Paula Ribas (uma das introdutoras dos ritmos pop rock na canção ligeira em Portugal) ou com o fadista Vicente da Câmara, para além do grupo do italiano Ray Martino (que se chegou a apresentar com Jorge Costa Pinto na bateria).

Depois de em 1959 abrir a casa de fados "A Toca", onde se passa a apresentar, a década de 60 veria ainda uma aclamada incursão no cinema por parte de Carlos Ramos, com o filme “Fado Corrido”, de Jorge Brum do Canto. Para trás, tinham ficado outras participações no celuloide, hoje menos recordadas. Com apenas 62 anos e gravando praticamente até ao último momento, o ano de 1969 assiste à morte de Carlos Ramos.