CELESTE RODRIGUES por João Carlos Callixto

20 Nov 1965 - "O Meu Xaile"

Por terrenos do fado, hoje o “Gramofone” homenageia Celeste Rodrigues, que nos deixou neste ano de 2018, depois de celebrar 95 anos de vida e 73 de carreira. “O Meu Xaile”, com letra do actor Varela Silva, surge aqui com imagens de uma curta-metragem apresentada na RTP em 1965, e mostra-nos a fadista numa das décadas mais fervilhantes da sua carreira, em que grava para várias das editoras discográficas de então.

Mas os sucessos vêm logo do início da década anterior, a de 50: “Olha a Mala”, “Lenda das Algas” ou "Pode Ser Mentira" foram gravados ainda em discos de 78 rotações, numa altura em que a indústria discográfica portuguesa passava lentamente para o vinil como formato de eleição. Celeste teve logo alguns LPs em tamanho 10 polegadas editados pela Valentim de Carvalho, sozinha ou com outros artistas da época, mudando depois de editora para a Rádio Triunfo, do Porto.

Este tema foi gravado em disco precisamente para a Rádio Triunfo, em 1962, num EP em que encontramos também a interpretação de Celeste para o poema medieval “Cantiga Sua Partindo-se”, de João Roiz de Castelo Branco - que a sua irmã Amália também viria a gravar, uns anos mais tarde. “O Meu Xaile” tem letra do actor Varela Silva, então marido de Celeste, e a música é do guitarrista Adelino dos Santos, que é também quem acompanha a cantora neste momento, ao lado de Júlio Gomes. “Histórias Simples da Gente Cá do Meu Bairro” foi o nome do programa então emitido pela RTP – na prática, uma curta-metragem apresentada e escrita por Varela Silva.