CONJUNTO DE SHEGUNDO GALARZA por João Carlos Callixto

1963 - "Fado Rossio"

Nascido no País Basco, em Espanha, Shegundo Galarza é um dos mais conhecidos casos de músicos estrangeiros que acabaram por adoptar Portugal como sua pátria. Hoje aqui no “Gramofone” prestamos-lhe homenagem através de um dos muitos momentos que gravou para a RTP, neste caso com o Conjunto com o seu nome.



Depois de ter chegado a Portugal em 1948, contratado pelo Casino Estoril, Shegundo Galarza grava os seus primeiros discos no início da nova década, para o selo Melodia. Com temas de Frederico Valério e seus, mostravam desde logo os vários mundos do músico, que sempre acompanhou as tendências internacionais do seu tempo. Durante uma permanência na África do Sul, Shegundo Galarza grava nova série de discos, para a etiqueta Gallo.

Ao voltar para Portugal, forma o Conjunto a que dá o seu nome e onde se destacam Fernando Mamede, na bateria, Amândio Amaral, no contrabaixo, ou Carlos Menezes. Este último, nascido na Madeira, foi um dos pioneiros da guitarra eléctrica no nosso país. Distinguiu-se inicialmente como membro do Conjunto de Tony Amaral, que acompanhava o comum conterrâneo Max, e veio a integrar depois as mais prestigiadas orquestras ligeiras portuguesas.

“Fado Rossio”, da autoria de Shegundo Galarza, foi originalmente gravado em 1959 para uma editora de Lisboa, a Fonomat. Em formato EP, foi um dos muitos discos do conjunto, que deixou uma obra extensa e que tanto interpretava canção latina, fado, standards americanos, canção ligeira nacional, folclore como os ritmos juvenis que invadem o mundo a partir de meados dos anos 50.



“Rock’n’Roll (Ritmo sobre Teclas)”, gravada por volta de 1956, e da autoria de Shegundo Galarza, é uma das primeiras composições nacionais com referências ao novo género que chega dos EUA. Já na década de 60, cantoras como a pouco lembrada Guida Fernandes ou ainda Susy Paula, que alcançaria o sucesso junto do público infantil nos anos 80, gravam ao lado do Conjunto de Shegundo Galarza canções em ritmo de twist e daquilo a que então se chamou também de yé-yé.

Agora, estamos em 1963. A RTP, num dos seus muitos momentos musicais, apresenta Artur Garcia, que por seu lado é simultaneamente cantor e apresentador do programa em que é estrela. Mas, para uma música, convida o Conjunto do seu maestro a brilhar. Fiquem com “Fado Rossio”, pelo Conjunto de Shegundo Galarza!