FERNANDO CONDE E O SEU CONJUNTO por João Carlos Callixto

8 Abr 1965 - "Bye bye Johnny"

O rock em Portugal na década de 1960 tem ainda muitos “segredos” por revelar. Entre artistas populares que não chegaram a gravar ou que apenas gravaram um disco e outros que, tendo registado mais trabalhos, acabaram por seguir outras carreiras – já para não falar de grupos cujos percursos eram quase sempre interrompidos pela Guerra Colonial – há de tudo para todos os gostos, quer em termos musicais quer em termos de histórias. A de hoje é sobre Fernando Conde, um dos fugazes ídolos rock desse tempo, mas que em disco terá deixado apenas um par de registos.

Com 15 anos, em 1962, estreia-se num espectáculo das PAC (Produções Arlindo Conde, de seu pai), sucedendo-se logo uma temporada no Casino Estoril. Junta-se-lhe um primeiro conjunto, o Las Vegas, e pouco depois são os Electrónicos que surgem a acompanhá-lo. Victor Queiroz, conhecido como Carocha, era o guitarra ritmo, e veio depois a destacar-se também com os Steamers, já na viragem de 60s para 70s, numa altura em que o rock psicadélico imperava.

Em 1965, Fernando Conde regista a sua estreia discográfica, no selo Alvorada, da Rádio Triunfo. Pela mão de Jaime Filipe, delegado artístico da editora em Lisboa e então funcionário da RTP, Conde grava um EP nos estúdios da Emissora Nacional, usados regularmente para este efeito pela Rádio Triunfo. Ao lado do cantor, está um grupo inglês então de passagem por Portugal: os Satins, formados por John, Clive, Benny e Algy, que editam em paralelo um disco próprio também para a Alvorada. Em comum entre ambos os EPs está o nome de Chuck Berry, de quem os Satins gravam “Too Much Monkey Business” e Fernando Conde uma versão em português de “Sweet Little Sixteen”, aqui rebaptizada “Amar, Viver, Sonhar”. Fernando Conde faria ainda mais duas versões para o seu disco, neste caso em parceria com o poeta João Videira Santos: para “Milkman”, dos ingleses Merseybeats, convertida em “Stephanie”, e para uma canção italiana dos anos 30, “Tornerai”, mas que Cliff Richard e os Shadows tinham gravado em 1963 como “J’Attendrai”, com a letra francesa que se tinha popularizado durante a Segunda Guerra Mundial.

Chuck Berry é também o autor da canção deste “Gramofone”, “Bye Bye Johnny”, que gravara em 1960 e que foi uma das várias que o músico fez com a continuação da história iniciada no sucesso "Johnny B. Goode". No entanto, Fernando Conde nunca a regista em disco, apenas surgindo nestas imagens do programa "Ritmo" - apresentado por Henrique Mendes, com grupos como os Sheiks, os Ekos ou Victor Gomes e emitido meses antes da edição do EP da Alvorada do cantor. Pouco depois, Fernando Conde grava um segundo disco em Madrid, onde chega a actuar na televisão, mas a Hispavox não terá eventualmente chegado a comercializar esse registo. A sua carreira termina pouco depois, ficando várias canções inéditas escritas em parceria com João Videira Santos – em português, mas também em francês e em inglês. Yé-Yé!