GINA MARIA por João Carlos Callixto

31 Dez 1964 - "Ri Que Faz Bem"

O nome de Gina Maria pode dizer pouco ao público de hoje em dia, mas quem estava atento à canção ligeira nas décadas de 60 e 70 recorda-a como uma das vozes que mais popularizou o reportório de matriz folclórica, especialmente da autoria de Arlindo de Carvalho – de quem cantou canções como “Hortelã Mourisca” ou “Chapéu Preto”. No entanto, neste momento de hoje no “Gramofone” a cantora surge em 1964 com “Ri Que Faz Bem”, dentro da estética da canção romântica em voga na viragem dos anos 50 para 60. Foi nesta altura também que gravou os seus primeiros discos, para a editora portuense Rapsódia, acompanhada ora pelo Conjunto de Sousa Galvão ora pela orquestra de Fernando de Carvalho.

Em 1961, Gina Maria participa no 3.º Festival da Canção Portuguesa, com a canção “Mais Tarde”, e no ano seguinte canta “Quero Ir ao Douro” no Festival Luso-Espanhol de Aranda do Douro. Durante um período de pausa nas gravações em nome próprio, encontramo-la no 1.º Festival RTP da Canção, em 1964, com as composições “Tirano Gentil” e “Minha Luz Brilhou”, que ficaram inéditas em disco.

O momento de hoje é do último dia desse mesmo ano e faz parte de um programa que celebrava a passagem de ano. Nele participam também músicos como o cubano Armando Oréfiche e o basco Shegundo Galarza, este último já há muito estabelecido entre nós. “Ri Que Faz Bem”, com letra de Frederico de Brito e música de Ferrer Trindade, foi uma das duas músicas que Gina Maria aí cantou e fica também inédita na sua discografia.

No meio de um período mais intenso de gravações para as editoras Rádio Triunfo (onde regista as duas canções que em 1969 a levam ao 1.º Festival da Canção Latina, no México) e Valentim de Carvalho, a nossa cantora de hoje funda, com Arlindo de Carvalho, o selo Osiris, onde grava alguns discos depois de 1974. Infelizmente, na última década e meia de vida, Gina Maria não mais voltaria a gravar, deixando-nos com apenas 64 anos, em 1997.