JOEL BRANCO por João Carlos Callixto

3 Set 1978 - “Algodão Doce”

Actor conhecido de todo o público, Joel Branco tem também um percurso hoje em dia menos conhecido como cantor. A sua carreira no teatro começou ainda nos anos 60, no Parque Mayer, tendo-se destacado a partir de meados da década seguinte, no elenco do musical “Godspell”. Aqui contracenou com nomes como Carlos Quintas, Rita Ribeiro, Vera Mónica ou Verónica, todos também actores e cantores. Na parte instrumental, a peça tinha como grupo residente o Quarteto 1111, numa formação com Tozé Brito, Mike Sergeant, Rui Reis (no lugar do fundador José Cid) e Vítor Mamede. A banda sonora seria aliás publicada em álbum em 1976, com Joel Branco a cantar a solo duas das canções da mesma.

A editora Movieplay assinaria logo de seguida contrato discográfico com o nosso actor e cantor de hoje, publicando-lhe três singles entre 1977 e 1978. “Algodão Doce”, com letra de César de Oliveira e música de Thilo Krasmann, é o lado A do primeiro desses trabalhos, e contava com a voz de Claudia Krasmann (filha do músico alemão). Do outro lado do disco, estava “Chapa Ganha, Chapa Gasta”, com letra de José Niza e música de Rui Ressurreição. Mas este ano de 1977 veria também Joel Branco participar no Festival RTP da Canção, com “Rita Rita Limão” – cantada ao lado de Mafalda Drummond, com quem fez para o efeito o duo Cara ou Coroa. Nessa edição, o Festival contou com duas interpretações diferentes para cada canção, cabendo a outra neste caso aos Green Windows.

Em 1978, surge uma nova dupla e o sucesso da televisão a chegar mais uma vez a disco. Com Olho Vivo e Zé d'Olhão, em que Herman José é o parceiro, chega também a edição do single com a canção homónima e com “Folcloróptico” no lado B – em ambos os casos, reincidindo César de Oliveira nas letras. Ao terceiro disco, com “Pé Coxinho” e “Balão Azul”, Joel Branco revela-se também como autor das suas canções, contando neste caso com arranjos do multi-instrumentista José Luís Simões (ex-Thilo’s Combo). O teatro de revista marca mais uma vez o disco seguinte, publicado em 1979 pela Rossil e com produção de António Sala. “D. Roberto” e “Cidade, Cidade” (com letras de César de Oliveira e músicas de Nuno Nazareth Fernandes) faziam parte da peça “Soldado, Ladrão!”, apresentada então no Teatro Maria Vitória.

A nova década de 80 trouxe uma nova editora – a Valentim de Carvalho – e um escritor de canções privilegiado – Carlos Paião, então a dar os primeiros passos públicos. Joel Branco foi, aliás, um dos nomes que mais cantou material escrito pelo jovem formado em Medicina mas a quem a canção encantava mais do que tudo. “A Gente Cresce, Cresce...” e “Sete e Meia, Sete e Meia” seriam assim as primeiras de dez canções de Paião a que Joel deu voz, obtendo sempre sucesso. Em 1981, saiu “É Tão Giro” (com “Volta a Volta” no lado B) e no ano seguinte “Ora Toma” (o lado B era “O Homem Que Morreu Por Falta de Assunto”), em ambos os casos com Shegundo Galarza como director musical. O maestro de origem basca continuaria a acompanhar o cantor em “Nós Havemos de Cantar”, de 1983, e no pedagógico “Uma Árvore, um Amigo!”, do ano seguinte, e que teve na altura uma edição em disco pela firma Nestlé.

Na segunda metade dos anos 80, Joel Branco publicaria apenas três discos em nome próprio e todos em editoras diferentes. Em 1985, na Transmédia, sai “Bailarina!”, com supervisão de Ramón Galarza e com o original do cantor “Amigos Até ao Fim” no lado B; no mesmo ano, para o mercado natalício, sai pela Movieplay “A Lareira Acesa”, da autoria de Carlos Alberto Vidal e que contou com arranjos de Carlos Alberto Moniz. Já em 1989, ao lado do cantor Laureano, é publicado o single “O Mundo É Teu”, com duas versões feitas por Edgar Gonsalves Preto de canções alemãs. Nos últimos 30 anos, temos visto Joel Branco mais no teatro e na TV - onde no entanto não deixa de cantar.