MARIA DE LOURDES RESENDE por João Carlos Callixto

7 Março 1963 - 6º Aniversário da RTP, “Comboio do Douro”

Maria de Lourdes Resende é, sem dúvida, um dos nomes mais populares da canção ligeira em Portugal. A sua carreira começou em 1945, com 18 anos, e pouco depois encontramo-la como uma das metades do Conjunto Lourdes e Lina, ao lado da também cançonetista Lina Maria.

Alcançando desde logo sucesso na rádio, Maria de Lourdes Resende grava os primeiros discos no início da nova década. Pelo selo Melodia, da Rádio Triunfo, são então publicados em 78 rpm canções como “Mulher Pequenina”, “Feia”, “Moleirinha” ou “Alcobaça”. Com letra de Silva Tavares e música do maestro Belo Marques, esta última tornou-se num verdadeiro ex-libris da cantora, recordado até aos dias de hoje.

Curiosamente, nestes primeiros discos a cantora assinava apenas como Maria de Lourdes, e só a partir de meados da década de 50 passa a usar também o seu apelido como parte do nome artístico.



Com um novo contrato, desta vez com a editora Estoril, do empresário Manuel Simões, Maria de Lourdes Resende é das primeiras artistas portuguesas a ver publicado um álbum de originais. “8 Canções por Maria de Lourdes Resende” é o título desse disco, que junta novos temas a regravações de alguns dos sucessos da cantora.

No mesmo ano, sagra-se Rainha da Rádio Portuguesa, porventura o concurso mais popular promovido pela imprensa nas décadas de 50 e 60, e que distinguira na sua primeira edição a voz de Júlia Barroso, uma cantora que cedo disse adeus às lides musicais.

Quando em 1958 Maria de Lourdes Resende assina contrato com o selo Alvorada, da Rádio Triunfo, a canção ligeira portuguesa vê nascer uma nova geração de talentos, onde se destacaram nomes como Maria de Fátima Bravo, Simone de Oliveira ou Madalena Iglésias, e todas elas reconheciam em Maria de Lourdes Resende uma influência modelar.

Ao longo da sua carreira, a cantora soube sempre aliar reportório de inspiração tradicional a originais saídos da pena de Arlindo de Carvalho (autor de “Chapéu Preto” ou deste “Comboio do Douro” de hoje), de Joaquim Luiz Gomes ou de Nóbrega e Sousa, mas também de nomes menos conhecidos, como o então estudante universitário Denis Manuel.



Maria de Lourdes Resende participou em diversos festivais dentro e fora do país, incluindo o Festival RTP da Canção, onde se classifica em 3º lugar na edição de 1967, com “Não Quero o Mundo”. Três anos depois, encontramo-la como actriz na peça de teatro “Um Chapéu de Palha de Itália”, onde canta canções originais de António Victorino d’Almeida com textos de Natália Correia.

Nas imagens de hoje, Maria de Lourdes Resende surge numa gala realizada no Casino Estoril a propósito da comemoração do 6º aniversário da RTP, estação a que a cantora está ligada desde a primeira hora. Neste programa, participaram também Simone, Madalena Iglésias, a espanhola Gelu ou o brasileiro Ivon Curi.