A CONQUISTA DA GLÓRIA por Rui Alves

O Benfica é no início da década de 60 do século passado, uma equipa 100% portuguesa e afortunada. Os deuses nesta final conspiraram contra os catalães, primeiro iludiram os catalães com um golo do húngaro Kocisis para em dois minutos permitirem aos encarnados o regresso aos balneários com vantagem no resultado, um golo do melhor marcador da prova, José Águas e um autogolo do infortunado guarda-redes Ramallets.

Coluna aumenta a vantagem na 2ª parte e a partir deste terceiro golo, a equipa da Luz deixou de ver a baliza do Barcelona, tal era a pressão e que passou a massacre após o golo do outro húngaro Czibor quando ainda faltavam 15 minutos para o fim do jogo. Foi a hora do santo poste quando na mesma jogada a bola encontra-se com os dois postes da baliza de Costa Pereira, o guarda-redes benfiquista faz o jogo de toda a sua vida evitando assim mais mudanças no resultado.

Finalmente, depois de cinco anos de domínio absoluto do Real Madrid, o Benfica conquista o título de campeão europeu de clubes, a taça que não é nenhuma obra de arte, mas que todos no futebol desejam ter, muda-se de uma capital ibérica para outra.

Por breves momentos, o Benfica foi mais falado no estrangeiro do que o encontro entre os presidentes dos Estados Unidos John Kennedy e o General De Gaulle. A importância desta conquista internacional é tal que a imprensa espanhola chega mesmo a escrever:


"Não ficou em Espanha, mas ficou em Portugal. É a mesma coisa" escreve Campman no «Arriba».

No dia seguinte à brilhante conquista, a equipa encarnada tem uma recepção apoteótica dos adeptos portugueses logo à saída do avião no Aeroporto de Lisboa, o orgulho do capitão e treinador com a exibição do troféu perante milhares de pessoas contrasta com o que está a acontecer à mesma hora no Estádio dos Arcos em Setúbal. Eusébio mesmo marcando o seu primeiro golo na Taça de Portugal, não consegue evitar a goleada do Vitória por 4 a 1 e a consequente eliminação da equipa da Luz.