“DEU-ME UMA FOME TREMENDA” , por Rui Alves

A Volta a Portugal em Bicicleta é provavelmente uma das primeiras provas do ciclismo mundial e o único acontecimento desportivo nacional que passa à porta das pessoas, que assim conseguem ver, mesmo por poucos segundos, os “forçados da estrada” como alguém os chamou.

São tempos em que as condições da Volta em nada se comparam como a prova se apresenta agora, seja em matéria de bicicletas, do treino, de apoios, da própria organização ou de qualidade dos traçados.

A multidão de adeptos do ciclismo no Norte do país sempre teve ídolos, mas Azevedo Maia não será um deles, no entanto, o ciclista foi contemporâneo e colega de equipa de nomes consagrados, com os quais percorreu as estradas.

Tendo tido por companheiros, entre outros, Sousa Cardoso, Sousa Santos, Alberto Moreira, Emídio Pinto, Joaquim Leão, Carlos Carvalho...

Ao correr a Volta de 1959, Azevedo Maia sairia do anonimato, quando no percurso de 113 quilómetros que fazia parte da 5ª etapa (Portimão/Tavira), escapa à vigilância dos seus adversários, simplesmente porque estava com fome!

À partida para a 22ª edição da maior prova velocipédica de Portugal, o pelotão conta com 91 ciclistas de 11 equipas, mas apenas 36 resistiram aos 2.643 Km.

O entusiasmo popular era enorme nesta altura e marca presença na berma da estrada para ver a forte equipa do FC Porto vencer a corrida tanto individual como coletivamente, sempre com a preciosa ajuda do corajoso Azevedo Maia que terminaria no 28º lugar.

O ciclista portista que seria campeão nacional de Ciclocross em 1960, para no ano seguinte ser o primeiro a cortar a meta na clássica Porto-Lisboa de maior distância e duração de sempre.

No entanto, o melhor registo na Volta a Portugal é o 4º lugar na edição de 1962, classificação que repetiria em 1963, ano em que venceria a Volta ao Algarve.